Estoicismo

O estoicismo é uma filosofia que busca a paz interior por meio do autodomínio, ensinando que a felicidade não depende das circunstâncias externas, mas das nossas reações a elas.
O estoicismo foi criado no século III a.C., em Atenas.

O estoicismo é uma filosofia que busca a paz interior por meio do autodomínio, ensinando que a felicidade não depende das circunstâncias externas, mas das nossas reações a elas. Com base em características como a racionalidade, aceitação do destino e a indiferença ao que é incontrolável, o estoicismo valoriza a virtude como o bem supremo. Suas ideias centram-se na distinção entre o que podemos ou não controlar, defendendo o desapego e a sabedoria para lidar com as adversidades.

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Resumo sobre o estoicismo

  • O estoicismo é uma filosofia que ensina o controle das emoções e a busca pela paz interior, incentivando o autodomínio e a aceitação do que está fora do controle humano, de modo que a felicidade depende apenas das nossas reações e não das circunstâncias externas.
  • Caracteriza-se pela racionalidade, aceitação do destino, prática da indiferença para com o incontrolável e busca da virtude como o bem supremo, cultivando uma serenidade que leva à paz de espírito.
  • Baseia-se no princípio de que os eventos externos não determinam nossa felicidade, sendo essencial distinguir entre o que podemos controlar e o que é incontrolável, exercitando a sabedoria e o desapego.
  • Teve três fases principais: o estoicismo antigo, o estoicismo médio, e o estoicismo romano.
  • Os principais filósofos estoicos incluem Zenão de Cítio, Crisipo, e os romanos Sêneca, Epicteto e Marco Aurélio.
  • O estoicismo difere do epicurismo ao focar na virtude e na aceitação do destino para alcançar a felicidade, enquanto o epicurismo busca o prazer moderado e a ausência de dor, valorizando a redução de desejos e o gozo dos prazeres simples.
  • O estoicismo vê o amor como uma expressão de virtude e aceitação, sendo mais um compromisso racional e equilibrado com o outro e com o destino.

O que é estoicismo?

Zenão de Cítio, o criador do estoicismo.[1]

O estoicismo é uma escola filosófica fundada por Zenão de Cítio no século III a.C., em Atenas. Originado na Grécia Antiga, o estoicismo defende a ideia de que a virtude e a sabedoria são os caminhos para a verdadeira felicidade. Essa corrente filosófica ensina que os seres humanos devem focar no que podem controlar — suas próprias atitudes e pensamentos — e aceitar com serenidade aquilo que está fora de seu poder.

Os estoicos acreditam que as emoções negativas, como medo, raiva e tristeza, resultam de julgamentos equivocados sobre os eventos externos, e a busca pela paz interior está na compreensão racional e no autodomínio.

Características do estoicismo

Entre as principais características do estoicismo, destaca-se a ideia de racionalidade como base de todas as ações. Os estoicos defendem o exercício da razão, a qual seria um caminho para o entendimento das causas do sofrimento e da superação das emoções perturbadoras.

Outra característica central é o conceito de ataraxia, que se refere a um estado de serenidade e imperturbabilidade diante das adversidades. Os estoicos também enfatizam a aceitação do destino, em que é fundamental reconhecer que muitos acontecimentos estão além do controle humano.

Dessa forma, a prática da indiferença para com aquilo que não depende de nós, conhecida como apatheia, é essencial para a paz de espírito. Além disso, a virtude é considerada o bem supremo e o caminho para a vida virtuosa está em viver de acordo com a natureza, ou seja, em harmonia com o Universo.

Ideias do estoicismo

No centro das ideias estoicas está o princípio de que os eventos externos não têm controle sobre a nossa felicidade; apenas nossas reações a eles podem afetar nosso estado mental. Essa visão leva os estoicos a praticarem o desapego em relação aos bens materiais, ao status e até a própria vida.

Para os estoicos, é fundamental compreender a diferença entre aquilo que se pode controlar e o que é incontrolável. Eles defendem que as emoções negativas surgem quando tentamos controlar o incontrolável ou nos preocupamos excessivamente com o que está fora do nosso alcance. As emoções são vistas como respostas a julgamentos equivocados; por isso, o treinamento estoico envolve desenvolver a sabedoria para evitar esses julgamentos e focar nas virtudes.

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Fases do estoicismo

O estoicismo é tradicionalmente dividido em três fases principais: o estoicismo antigo, o estoicismo médio, e o estoicismo romano ou tardio.

  1. Estoicismo antigo: inclui os primeiros fundadores da escola, como Zenão de Cítio, Cleanto de Assos e Crisipo de Solos. Nesse período, o estoicismo se desenvolveu com uma forte ênfase no estudo lógico, físico e ético, em que se estruturaram os conceitos fundamentais da filosofia estoica.
  2. Estoicismo médio: fase intermediária que ocorreu entre os séculos II e I a.C. Destacaram-se nomes como Panécio de Rodes e Posidônio de Apameia. Nessa época, o estoicismo passou a ser influenciado por outras correntes filosóficas, como o platonismo e o aristotelismo. Panécio, por exemplo, suavizou alguns dos ensinamentos mais rigorosos da filosofia, tornando-a mais acessível e aplicável à vida cotidiana.
  3. Estoicismo romano: estoicismo tardio que alcançou grande popularidade no Império Romano, foi marcado por filósofos como Sêneca, Epicteto e o imperador Marco Aurélio. Durante esse período, o estoicismo tornou-se mais prático e orientado para questões éticas e de autoajuda, enfatizando a sabedoria prática e a ética pessoal como meio de enfrentar os desafios do cotidiano.

Principais filósofos do estoicismo

Entre os filósofos estoicos mais influentes, destacaram-se:

  • Zenão de Cítio: fundador da escola estoica, desenvolveu as ideias iniciais que se tornaram a base da filosofia estoica. Ele enfatizou a importância da lógica e do autodomínio como meio para alcançar a virtude e a felicidade.
  • Crisipo de Solos: considerado o segundo fundador do estoicismo, ampliou as doutrinas de Zenão e estabeleceu muitos dos princípios centrais do estoicismo. Ele é famoso por sua análise rigorosa da lógica e pela ênfase em uma vida guiada pela razão.
  • Sêneca: filósofo e estadista romano, Sêneca aplicou o estoicismo ao contexto político e pessoal. Em suas cartas e tratados, ele promoveu uma vida de moderação, virtude e resiliência, sendo conhecido por sua capacidade de enfrentar adversidades com serenidade.
  • Epicteto: ex-escravizado grego que se tornou filósofo, ensinou que o ser humano é responsável por seu próprio bem-estar e que a liberdade é alcançada por meio da aceitação e compreensão da realidade. Seus ensinamentos foram amplamente disseminados e ainda são influentes na filosofia prática.
  • Marco Aurélio: imperador romano e autor das Meditações, aplicou o estoicismo ao governo e à vida pessoal. Suas reflexões registradas são um guia sobre como viver em paz consigo mesmo e com o mundo, e são vistas como um dos textos mais profundos da filosofia estoica.
Busto de Marco Aurélio, imperador romano que aplicou o estoicismo ao governo e à vida pessoal.[2]

Diferenças entre estoicismo e epicurismo

O estoicismo e o epicurismo, embora contemporâneos, têm diferenças significativas em suas visões sobre a felicidade e o mundo. Enquanto o estoicismo enfatiza o autodomínio e a aceitação do destino, o epicurismo, fundado por Epicuro, defende a busca pela felicidade por meio do prazer e da ausência de dor. Para os epicuristas, o prazer é o bem supremo e a felicidade pode ser alcançada pela redução dos desejos e pela busca de prazeres simples e moderados.

No estoicismo, o foco está na virtude e na conformidade com a natureza. Os estoicos acreditam que a felicidade é alcançada ao viver-se de maneira ética e em harmonia com a razão universal. Em contraste, o epicurismo vê a felicidade como algo que pode ser alcançado evitando a dor e desfrutando dos prazeres da vida com sabedoria. Outra diferença importante é que, enquanto o epicurismo considera a morte como um fim definitivo e sem consequência, o estoicismo encara a morte com indiferença e como um processo natural, que deve ser aceito sem medo ou resistência.

Frases do estoicismo sobre o amor

O estoicismo não trata o amor romântico da mesma forma que o faz a tradição ocidental contemporânea. Para os estoicos, o amor é visto como uma expressão da virtude e da racionalidade, ao invés de uma emoção que toma conta do indivíduo. Algumas frases que exemplificam essa visão incluem:

  • Marco Aurélio: “Aceite as coisas às quais o destino une você, e ame as pessoas com quem o destino o reuniu, mas faça isso de todo o coração.” Essa frase reflete o conceito estoico de aceitar o destino e de encontrar o amor em tudo o que acontece, cultivando uma relação com as pessoas que fazem parte de nosso caminho.
  • Epicteto: “Não busque as coisas acontecerem como você deseja; deseje que aconteçam como elas realmente acontecem, e tudo ficará bem.” Embora não seja uma frase diretamente sobre o amor, essa citação expressa uma atitude estoica de aceitação, que também se aplica aos relacionamentos e aos sentimentos.
  • Sêneca: “Ame a razão, e ela o guiará ao amor por tudo o que é bom.” Sêneca enfatiza que o amor verdadeiro vem do entendimento racional e da valorização do que é ético e virtuoso, evitando o apego excessivo e os sentimentos destrutivos.

Créditos da imagem

[1] Wikimedia Commons (reprodução)

[2] Wikimedia Commons (reprodução)

Fontes

EPICTETO de Hierápolis; SÊNECA, Lúcio Aneu; MARCO AURÉLIO. Box Grandes Mestres do Estoicismo. Edição especial com postais e marcadores. 1. ed. São Paulo: Edipro, 2021.

MARCO AURÉLIO; EPITETO; SÊNECA. Biblioteca Estoica: Grandes Mestres. Volume I - Box com 4 livros. São Paulo: Camelot Editora, 2022. 512 p.

Publicado por Tiago Soares Campos
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