Geopolítica do Petróleo

A geopolítica do petróleo atual decorre da grande importância desse recurso natural, muito cobiçado por diversas nações do mundo.
A exploração do Petróleo é um dos principais componentes da Geopolítica atual

Falar de Geopolítica do Petróleo é falar dos cenários e dinâmicas políticas globais referentes ao principal recurso natural da atualidade, que esteve em boa parte dos últimos tempos em disputa pelas grandes potências econômicas internacionais.

Mas por que o petróleo é tão importante?

A importância do petróleo reside no fato de a humanidade ser, em sua maior parte, dependente do uso de seus derivados, principalmente como fonte de energia. A Agência Internacional de Energia estima que cerca de 60% da produção energética mundial advenha desse recurso. Assim, considerando que o nível de consumo de um país está diretamente relacionado ao seu poderio econômico, podemos dizer que quanto mais desenvolvido for um Estado, mais dependente do petróleo ele tornar-se-á.

Engana-se quem acha que o petróleo seja somente utilizado como combustível. Na verdade, ele possui outros usos, como a produção de plástico, colchões, solventes, tintas e lubrificantes. Por esse motivo, esse recurso possui um peso de ouro na economia internacional, que é bastante vulnerável às oscilações do seu preço, a exemplo do que aconteceu na década de 1970, na chamada Crise do Petróleo.

Assim, aquela nação que possuir um maior controle sobre a produção e exportação de petróleo fatalmente ficará em uma posição confortável nos cenários político e econômico globais, o que revela a importância da compreensão dessa questão na atualidade.

Como se forma o petróleo?

O petróleo surge durante o processo de formação de bacias sedimentares, quando a deposição de camadas de sedimentos (partículas de rochas) sobre o fundo dos oceanos vai se sucedendo e soterrando restos orgânicos de plantas e animais. À medida que essas sobreposições de camadas de sedimentos vão acontecendo, ao longo dos séculos, a pressão sobre esse material orgânico vai gradativamente aumentando, o que contribui para a sua total decomposição e a consequente transformação em petróleo. Também atuam nesse processo algumas bactérias anaeróbicas, cuja função é catalisar (acelerar) as reações químicas concernentes a esse fenômeno.

Quem são os países envolvidos na Geopolítica do Petróleo?

Podemos dizer que, de modo geral, os principais atores na Geopolítica do Petróleo são aqueles países que possuem amplas reservas desse recurso e também aqueles que o consomem em grande quantidade. Assim, os membros da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) fazem parte dessa dinâmica, além de outras nações como os Estados Unidos e China, que estão entre os maiores consumidores da atualidade. Observe o quadro abaixo:


Quadro com os 10 maiores produtores, consumidores e reservas petrolíferas do mundo*

Conforme podemos notar, a Arábia Saudita é líder mundial na produção de petróleo no mundo, o que influencia bastante em sua postura geopolítica. Os Estados Unidos, por sua vez, mesmo estando em terceiro lugar em produção, não são autossuficientes, pois é o maior consumidor. Isso explica as diversas ações que esse país realizou a fim de ampliar o seu mercado e baratear os custos de importação do petróleo. Para se ter uma ideia, os norte-americanos consomem cerca de 18 milhões de barris por dia, quase cinco vezes mais do que o Japão, terceiro colocado em consumo do produto.

Outra análise interessante nesse contexto é o papel crescente que os BRICS (grupo de economias emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) estão desempenhando, visto que quatro países desse grupo estão entre os 10 maiores consumidores de petróleo do mundo, sendo que a Rússia e a China também fazem parte do grupo de maiores produtores.

Além disso, é interessante notar que os países que mais produzem e também que possuem maiores reservas estiveram recentemente envolvidos, de uma forma ou de outra, em questões diplomáticas ou militares. Citam-se os casos da Venezuela, que segue uma postura de questionamentos e tensões com os EUA, assim como a Líbia, recentemente invadida pela OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) no contexto da Primavera Árabe. Isso explica também, ao menos em partes, o porquê de o Oriente Médio ser tão instável politicamente, afinal, essa região é responsável por 60% da produção mundial de petróleo.

Qual é o papel do Brasil na Geopolítica do Petróleo?

O Brasil também está entre os grandes produtores de petróleo no mundo. As descobertas das reservas na região do pré-sal, bem como os recentes processos que envolveram o leilão das concessões de exploração no campo de Libra, intensificaram a presença brasileira no contexto dessa questão. Inclusive, descobriu-se em 2013 que a Petrobras chegou a ser espionada pela Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos, que estava à procura de informações detalhadas sobre o petróleo brasileiro.

Atualmente, o Brasil é o décimo terceiro maior produtor de petróleo, mas a previsão é de que o país esteja, em 2020, entre os sete maiores, uma vez que as explorações na região do Pré-Sal ainda não ocorreram de forma mais intensa. Isso deve fazer com que o país também figure entre os grandes exportadores, não sendo descartada a sua entrada na OPEP.

Por esse motivo, será necessário que, nos próximos anos, o Brasil intensifique sua política externa de fazer frente às grandes potências mundiais no plano político, algo que já vem realizando em conjunto aos demais membros do BRICS. A atuação ideal, na opinião da maioria dos cientistas políticos, é a de que o país não busque por soluções como a que foi tomada pelo México, que privatizou seus campos petrolíferos a preços baixos em razão da pressão internacional que lhe era exercida, especialmente por parte dos EUA.

O Petróleo, dessa forma, continua sendo um dos protagonistas nas disputas geopolíticas internacionais, mesmo com as recentes adoções de fontes de energias alternativas, outro campo que o Brasil também vem ganhando cada vez maior importância.

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* Fonte dos dados: Revista Exame (junho de 2013) e Geofísica Brasil.

Publicado por Rodolfo F. Alves Pena
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