Transportes na era da Globalização
Considerando a evolução do sistema capitalista ao longo dos séculos e as transformações que permitiram a integração mundial, podemos dizer que, sob muitos aspectos, a evolução da Globalização é, pois, uma série contínua de evolução nos meios de transporte. Portanto, a questão dos transportes na era da Globalização envolve uma dinâmica de transformações cada vez mais aceleradas e produtoras de uma interdependência.
Aliados à evolução nos sistemas de comunicação, os meios de transporte permitiram a ocorrência daquilo que se assinalou como a compressão do tempo e do espaço, em que as distâncias do mundo “encurtaram”, ou seja, podem ser mais facilmente percorridas, reduzindo gastos e também tempo em deslocamentos e emissão de mensagens. Com isso, a globalização gerou o desencadeamento de uma rede de fluxos de informações e serviços que interliga vários pontos do globo entre si.
Essa questão da interdependência entre os sistemas de transporte e a globalização explica-se pelo fato de as práticas humanas modificarem-se a partir da transformação das técnicas. São as técnicas e os objetos técnicos que atuam no processo de constituição das práticas sociais e na transformação do espaço geográfico. Com a evolução do capitalismo, as técnicas reproduzidas nos meios de transporte foram ganhando novas formas, funções e tecnologias mais avançadas.
Inicialmente, nas últimas décadas do século XV até o início do século XVI, os meios de transporte eram limitadores do alcance das práticas comerciais até mesmo na comercialização de produtos perecíveis. O desenvolvimento da navegação marítima permitiu, além da expansão colonial europeia, uma maior amplitude em termos comerciais, passando a integrar diferentes regiões do planeta por diferentes rotas. A produção de matérias-primas e de produtos manufaturados e o consequente desenvolvimento das sociedades puderam, então, consolidar-se no período chamado de Capitalismo Comercial.
Posteriormente, com os avanços promovidos pela Primeira e Segunda Revoluções Industriais até o final do século XIX, os meios de transporte conheceram um novo salto com a invenção da máquina a vapor e o meio ferroviário, bem como o maior desenvolvimento da navegação. Esses instrumentos permitiram, então, a integração intraterritorial em vários países e continentes, além de intensificar as trocas comerciais internacionais.
O século XX, por sua vez, foi o século do desenvolvimento rodoviário e também do transporte aéreo, sobretudo com a III Revolução Industrial, também conhecida como Revolução Técnico-Científica Informacional. Com isso, cargas, produtos e pessoas puderam ser mais facilmente deslocados, permitindo a integração com os pontos mais remotos, fator necessário e vital para a atual complexidade da globalização. Se antes uma mercadoria ou mensagem levava dias ou, a depender da distância, até meses para chegar, hoje em dia é possível comunicar-se ou se deslocar rapidamente mesmo entre os locais de distância mais extrema.
Portanto, podemos perceber que os transportes são de fundamental importância para o fluxo de informações da economia moderna, que se estende em uma lógica macroespacial. Se hoje temos os acordos internacionais, os blocos econômicos e o deslocamento de produtos e matérias-primas na Divisão Internacional do Trabalho, é porque foi possível conceber uma rede de transportes que se torna, a cada dia, mais dinâmica e mais vital para o funcionamento da economia.