Mil ou Um mil?
Estamos diante de um questionamento relevante, em se tratando das interações cotidianas, sobretudo na linguagem escrita.
O preenchimento de cheques é uma das situações em que mais notamos o uso de tal ocorrência linguística. Assim, vejamos:
Pago por este cheque a quantia de um mil oitocentos e quarenta reais.
Que existe inadequação não há dúvida. Mas onde estaria ela presente?
Levando em conta os postulados gramaticais, tal colocação é considerada inadequada uma vez que somente a partir de dois mil, e assim sucessivamente, é que se faz necessário o emprego do referido cardinal. Assim, temos “dois mil, três mil, quatro mil”, e assim por diante.
Contudo, caso fôssemos realizar uma pesquisa acerca do que pensam os gerentes bancários, eles possivelmente diriam que essa é uma situação recorrente e normal, visto que o numeral cardinal “um”, uma vez expresso junto à unidade de milhar, é usado no sentido de evitar que fraudes ocorram.
Mas acredite: a situação ainda se mostra mais complexa, visto que, em determinadas situações, ainda há o emprego do “h” para expressar a quantia mencionada (“hum”). Fato condenável, haja vista que se assim fosse estaríamos diante de uma interjeição (“Hum!”) – recurso que não caberia a tal finalidade comunicativa, concorda? Nesse caso (preenchimento de cheques), o recomendável é usar o sinal (=) antes de começar a preencher a quantia por extenso.
Portanto, antes da unidade de milhar, a não ser a partir de dois mil, não se recomenda o uso do numeral “um”. O mesmo prevalece para as datas, como ocorre nos exemplos que seguem:
1997 – Mil novecentos e noventa e sete.
1840 – Mil oitocentos e quarenta.
1773 – Mil setecentos e setenta e três.