Governo Juscelino Kubitschek

Juscelino promoveu o crescimento do país com a abertura da economia para o capital estrangeiro.

O ano de 1954 foi visivelmente marcado por turbulências políticas geradas, principalmente, pela inesperada saída de Getúlio Vargas do cenário político brasileiro. O suicídio do “pai dos pobres”, justificado pela ameaça de seus oponentes, acabou se refletindo nas urnas quando a UDN assistiu a expansão dos partidos getulistas (PTB e PSD) e a sua conseqüente derrocada nas eleições legislativas de 1954. No ano seguinte, as disputas pelo poder foram mais tensas com a marcação da eleição para presidente.

O PTB e o PSD se uniram a favor da candidatura de Juscelino Kubitschek para presidente e João Goulart como vice. No outro lado, mesmo com seu visível enfraquecimento político, os udenistas participaram da eleição com a indicação do ex-tenentista Juarez Távora e de seu vice, Milton Campos. Refletindo a herança política deixada por Getúlio, a maioria da população acabou escolhendo JK como novo presidente no Brasil.


Inconformados com a derrota, alguns membros da UDN tentaram fortalecer a tentativa de um golpe militar depois que o então presidente Café Filho afastou-se do cargo por motivo de saúde. Para justificar a ação golpista, muitos udenistas argumentavam que a eleição de JK não era legítima porque a chapa não foi eleita com a maioria absoluta dos votos. Quando o presidente da Câmara, Carlos Luz, assumiu a presidência, militares de vertente liberal realizaram um golpe para garantir a posse de Juscelino e João Goulart.

Mesmo com sua chegada ao poder, JK ainda teve que enfrentar outros levantes (1956 e 1959) de pouca expressão que demonstravam o interesse dos militares em reassumir o governo. Em meio a essas ameaças militares, Juscelino Kubitschek lançou um ousado plano desenvolvimentista que, segundo ele mesmo, iria fazer o Brasil crescer “50 anos em 5”. O chamado Plano de Metas privilegiava pesados investimentos nas áreas de alimentação, indústria de base, educação, energia e transporte.

De forma geral, o grande objetivo era modernizar a indústria nacional por meio de diferentes ações políticas. Ao fim de seu mandato, JK conseguiu que nosso parque industrial crescesse cerca de oitenta por cento, com o aumento das usinas hidrelétricas (Furnas), da indústria de aço, a instalação da indústria de automóveis, criação de novas rodovias (Belém-Brasília) e a construção de Brasília – nova capital que simbolizaria a irreversível modernização do país.

Entretanto, o alcance de tantas benesses econômicas em um prazo tão curto de tempo teve graves conseqüências. Para realizar tantos investimentos, o governo de JK realizou pesadas emissões de papel moeda e abriu nossa economia para o capital estrangeiro. Com essas duas medidas, as divisas geradas pelas multinacionais instaladas no Brasil eram desviadas para seu país de origem e a emissão de moeda iniciou uma grade desvalorização monetária e a conseqüente inflação.

Os problemas econômicos causados pelas medidas de JK logo serviriam para que a UDN atacassem seu governo. Em diversos momentos, os udenistas iam a público para denunciar escândalos de corrupção e o mau uso dos recursos públicos. A construção de Brasília era uma das principais obras atacadas em face dos valores vultosos empregados para que a capital fosse transferida. Entretanto, a veiculação dos grandes feitos do presidente conseguiu abafar os brados oposicionistas.

Além disso, é importante lembrar que nessa época o desenvolvimentismo não foi homogêneo em todas as regiões do país. A miséria e o atraso econômico de diversas regiões impulsionaram grandes fluxos migratórios de pessoas que buscavam melhores oportunidades na região Sudeste do Brasil. Foi por isso que, em 1959, JK criou a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), órgão que deveria promover a industrialização e a agricultura nessa pobre região.

De maneira geral, a aliança entre PSD e PTB garantiu que Juscelino Kubitschek não tivesse maiores problemas para governar o país. O acordo entre esses dois partidos permitiu que trabalhistas e figuras ligadas aos latifúndios e à industrialização abandonassem posturas políticas mais radicais. Dessa maneira, em 1960, os dois partidos se uniriam para lançar o marechal Lott para presidente.

No entanto, a UDN lançou a bem sucedida candidatura do populista Jânio Quadros. Buscando sempre posar ao lado dos populares e tendo como principal símbolo a “vassoura” que daria fim à corrupção que marcou o governo anterior, o candidato conservador ganhou as eleições com históricos seis milhões de votos. No entanto, seu vice perdeu a disputa colocando o trabalhista João Goulart nesse novo mandato.

Por Rainer Sousa
Mestre em História

Publicado por Rainer Gonçalves Sousa
Português
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