Francisco Franco

O general Francisco Franco foi um dos ditadores que governaram por mais tempo no século XX. Esteve à frente de seu país, Espanha, de 1936 a 1973.
Francisco Franco governou a Espanha por trinta e nove anos *

Francisco Franco Bahamonde (1892-1975), mais conhecido como “generalíssimo” Franco, foi um militar de carreira e ditador da Espanha de 1936 a 1973. Franco tornou-se conhecido mundialmente a partir de 1936, quando estourou a revolta militar contra a República da Espanha, que tinha tendência socialista. Essa revolta evoluiu para guerra civil e só terminou em 1939, às vésperas da Segunda Guerra Mundial. Franco, aos poucos, tornou-se o líder incontestável do bloco de la derecha (a direita) espanhola durante e após a guerra civil.

  • Formação militar

Franco nasceu na cidade de El Ferrol, no ano de 1892. Sendo filho de militar, um oficial da Marinha, logo cedo, aos 14 anos de idade, ingressou também na Academia Militar da Espanha, onde fez carreira, galgando rapidamente os postos hierárquicos. Em meados da década de 1920, Franco, que já era um dos altos oficiais do então reino da Espanha, combateu os rebeldes do Protetorado do Marrocos, que estava sob o jugo espanhol.

  • Inserção no terreno político

A inserção de Franco no terreno propriamente político ocorreu quando a monarquia espanhola teve fim com a renúncia voluntária do ditador geral Miguel Primo Rivera. O rei Afonso XIII tentou reverter a crise que sobreveio oferecendo a proposta de um governo constitucional parlamentar, com novas eleições. Entretanto, a vitória crescente de candidatos republicanos nas urnas acabou dando fôlego às forças políticas de esquerda, que terminaram fundando a chamada Segunda República.

Em 1933, o filho do ex-ditador Miguel Primo de Rivera, José Antonio, fundou a Falange Espanhola, um partido político de cunho fascista que viria a se juntar à outra organização semelhante, a Las Juntas de Ofensiva Nacional Sindicalista. Essas organizações deram sustentação política para Franco nos anos seguintes e serviram de carro-chefe para o confronto contra os partidos de esquerda, desde os socialistas moderados até os comunistas e os anarquistas.

  • Rebelião no Marrocos e início da Guerra Civil

Em 17 de junho de 1936, as tropas do exército espanhol que estavam no Marrocos rebelaram-se contra a Segunda República, procurando pôr fim no regime. Além de Francisco Franco, outros dois generais participaram da rebelião: General Sanjurjo e General Emilio Mola. Esse levante dos generais deu início à guerra civil, mas não havia, até então, unanimidade em torno da figura de Franco. Franco só se tornou a principal figura do setor conservador nacionalista espanhol após a morte de Sanjurjo, em 20 de julho de 1936, e de Mola, em 3 de junho de 1937, ambos em circunstâncias semelhantes: acidente aéreo. Ao mesmo tempo, crescia o chamado “exército popular” da esquerda. Os conflitos tornaram-se intensos de 1937 a 1939.

  • Aproximação com o fascismo e o nazismo

A Espanha, entre 1936 e 1939, tornou-se uma espécie de laboratório para a Segunda Guerra Mundial. Isso porque do mesmo modo que a esquerda espanhola recebeu apoio militar da União Soviética e de comunistas de todas as partes do mundo, os militares e nacionalistas receberam apoio do fascismo italiano e do nazismo alemão durante a guerra civil. A aproximação de Franco com os regimes totalitários nacionalistas durante esse período configurou uma escolha perigosa, tal como a de Getúlio Vargas no início do Estado Novo (1937-1945), no contexto brasileiro.

Com a vitória de Franco sobre a esquerda e o fim da guerra civil, em 1º de abril de 1939, Franco permaneceu na condição de chefe de Estado e de Governo da Espanha e simpático aos fascismos europeus. Isso só começou a ser transformado ao fim da Segunda Guerra Mundial.

  • Mudança no pós-Guerra: o “franquismo”

Após 1945, o regime de Franco permaneceu à frente da Espanha e durou até 1973. Mas isso só foi possível por causa das manobras políticas muito particulares desenvolvidas pelo próprio Franco. A estratégia do general Franco para permanecer no poder ficou conhecida pela alcunha de “franquismo”.

O franquismo consistiu na condução de um processo de transição democrática da Espanha, controlada pela própria cúpula que ascendeu ao poder com Franco. Essa transição pautou-se em algumas escolhas decisivas, como a restauração do regime monárquico, com Juan Carlos, neto de Afonso XIII, como rei; modernização econômica e social; expansão de um regime educacional flexível e com certa abertura cultural, até então freada na Espanha, entre outras medidas.

Essas características, somadas à personalidade cultuada de Franco, tornaram o franquismo longevo. Em 1973, já idoso, Franco passou o poder ao político Luis Carrero Blanco, que foi assassinado no mesmo ano por membros do grupo terrorista ETA (Pátria Basca e Liberdade). Esse fato desencadeou o início da desintegração do franquismo. Franco faleceu dois anos mais tarde, em 20 de novembro de 1975.

*Créditos da imagem: Shutterstock e KarSol

Publicado por Cláudio Fernandes
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