Genocídio cambojano

O genocídio cambojano aconteceu entre 1975 e 1979, durante o governo do Khmer Vermelho, Partido Comunista do Camboja sob a liderança de Pol Pot.
Museu em Phnom Penh, capital do Camboja, relembra as vítimas do genocídio cambojano *

O genocídio cambojano aconteceu entre 1975 e 1979, durante o período do governo liderado por Pol Pot, líder do Khmer Vermelho. Pol Pot havia tomado o poder no Camboja após conquistar a capital do país durante a guerra civil. Seu governo impôs uma utopia agrária e promoveu o esvaziamento das cidades cambojanas. Estima-se que 1,5 milhão de pessoas tenham morrido nesse período.

Pol Pot e o Khmer Vermelho

Desde a década de 1950, Pol Pot era membro de grupos comunistas que lutavam pela independência do Camboja e debatiam a respeito da tomada do poder da nação. Após o fracasso durante as eleições fraudadas de 1955, Pol Pot ingressou no Partido Comunista do Kampuchea, ou Khmer Vermelho, e tornou-se seu líder a partir de 1960.

Na década de 1960, Pol Pot organizou uma guerrilha e preparou-se de todas as formas para tomar o poder pela luta armada. Dois eventos acabaram contribuindo para que o Khmer Vermelho conquistasse seu objetivo no país: o golpe militar de 1970 e os bombardeios americanos no Camboja como desdobramento da Guerra do Vietnã.

O Camboja estava em guerra civil desde 1967 contra o governo de Norodum Sihanouk. No entanto, um golpe militar organizado por Lon Nol tomou o poder e levou Sihanouk a apoiar a guerrilha do Khmer Vermelho. Além disso, os bombardeios americanos fortaleceram o discurso desse partido, que passou a contar com grande apoio dos camponeses cambojanos.

Fortalecido, o Khmer Vermelho conseguiu tomar o poder do Camboja quando a capital, Phnom Penh, foi conquistada em 1975. Pol Pot tornou-se chefe de Estado do Camboja e colocou em prática sua utopia agrária que promoveu o esvaziamento das cidades e a migração compulsória da população para fazendas coletivas de trabalho forçado.

O governo de Pol Pot, além do esvaziamento das cidades, promoveu o fechamento de hospitais, monastérios budistas, jornais e rádios, escolas, indústrias e bibliotecas. Iniciou-se um período extremamente repressivo em que pessoas eram indiscriminadamente interrogadas, torturadas e executadas em centros de detenção e minorias étnicas e grupos religiosos foram intensamente perseguidos.

Genocídio cambojano

Com o processo de esvaziamento das cidades cambojanas, a população foi forçada a migrar para fazendas coletivas de trabalho forçado. Nesses locais, a população era sujeita a uma carga de trabalho pesadíssima (poderia chegar a 18 horas de trabalho por dia). Em consequência disso, milhares de pessoas morreram por causa das péssimas condições encontradas nos campos.

Durante os quatro anos de seu governo, Pol Pot promoveu o fechamento das fronteiras do país e de todas as embaixadas existentes. Além disso, qualquer indício de influência ocidental e vietnamita foi intensamente reprimida. Professores e estudantes universitários passaram a ser vistos como inimigos e foram presos e muitos torturados até a morte. O governo também perseguiu aqueles que falavam idiomas estrangeiros ou mesmo quem usasse óculos (os óculos eram vistos pelo governo como sinal de ocidentalização, intelectualidade e elitismo).

Minorias étnicas também sofreram intensa perseguição do governo cambojano. Nessa época, cerca de 15% da população do país era formada por diferentes minorias étnicas, mas sua existência era negada pelo governo, o qual afirmava que esses grupos correspondiam a apenas 1% do total da população cambojana. Os grupos que mais sofreram com a perseguição étnica do governo foram os vietnamitas, os chineses e os cham.

Estima-se que o governo cambojano promoveu a expulsão de mais de 100 mil vietnamitas do país e, entre 10 mil a 20 mil, foram executados por tropas do Khmer Vermelho. Os chineses eram vistos como trabalhadores tipicamente urbanos pela ditadura de Pol Pot e, em cerca de quatro anos, mais de 200 mil chineses foram mortos pelas ações do governo comunista do Camboja. Acredita-se que metade dos chineses mortos tenham morrido de fome ou de complicações de malária por causa das péssimas condições em que viviam.

Os cham, por seu lado, foram proibidos pelo governo de manter sua própria cultura: não podiam usar seus trajes típicos, falar seu dialeto e praticar sua religião, o islamismo. Além disso, o governo promoveu ataques constantes contra aldeias habitadas por eles, esvaziando mais de cem delas no total. Cerca de 100 mil cham morreram.

A tirania imposta pelo Khmer Vermelho teve fim em janeiro de 1979, com a invasão vietnamita que derrubou Pol Pot do poder do Camboja. Ao longo dos quatro anos de domínio do Khmer Vermelho, calcula-se que cerca de 1,5 milhão de pessoas tenham morrido. Outras estimativas apontam que esse número pode ter alcançado 2,5 milhões de pessoas mortas.

*Créditos da imagem: Akturer e Shutterstock

Publicado por Daniel Neves Silva
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