Guerra de Trincheiras

A Guerra de Trincheiras fez parte da segunda fase da Primeira Guerra Mundial. Marcada pela pouca mobilidade, buscava manter a posição conquistada e impedir ofensivas.
Soldados em trincheiras na Frente Ocidental Britânica, França, em janeiro de 1918.

A Guerra de Trincheiras ou Guerra de Posições (1915-1918) foi a segunda fase da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), principalmente na Frente Ocidental, entre Alemanha e França. Teve como principal característica a criação de valas, com a presença de estruturas e estratégias militares, que ficaram conhecidas como trincheiras.

Durante essa fase, não houve muita mobilidade dos exércitos, que muitas vezes tinham que resistir ao cançaço físico, emocional e psiciológico, além das péssimas condições a que estavam submetidos.

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Resumo sobre a Guerra de Trincheiras

  • A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) pode ser dividida em três fases: Guerra de Movimento (1914), Guerra de Trincheiras ou Guerra de Posições (1915-1918) e Guerra de Movimento/Ofensivas de 1918.

  • A Guerra de Trincheiras fez parte da segunda fase da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e recebeu esse nome em função do uso de trincheiras em sua estratégia.

  • Ela foi marcada pela pouca mobilidade dos exércitos, uso de trinhcieras em ziguezague e paralelas, bem como o emprego de armas químicas.

  • Estima-se que os exércitos da Inglaterra, França e Alemanha cavaram aproximadamente 640 km de trincheiras, entre o Canal da Mancha, Bélgica e Suíça.

  • A Guerra de Trincheiras teve como principal consequência o elevado número de mortes, feridos e mutilados.

O que foi a Guerra de Trincheiras?

A Guerra de Trincheiras, ocorrida entre 1915 e 1918, na Frente Ocidental, entre o Canal da Mancha, Bélgica e Suíça, fez parte da segunda fase da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Seu nome deve-se à tática militar utilizada pelos exércitos da Tríplice Aliança e Tríplice Entente de construir trincheiras no front de batalha.

Ela foi marcada pela pouca mobilidade dos exércitos, reduzido avanço das tropas, emprego de armas químicas, metralhadoras e fuzis e, principlamente, pelo uso de trincheiras em ziguezague e paralelas, com funções de combate, apoio e comunicação.

Principais causas da Guerra de Trincheiras

Enquanto na Frente Oriental a Alemanha travava o conflito contra o exército russo, na Frente Ocidental marchava contra a Bélgica, almejando o acesso ao território francês. Entretanto, os franceses, com a ajuda dos ingleses, conseguiram deter o avanço alemão durante a Batalha do Marne, em setembro de 1914.

Os alemães, buscando não retroceder, iniciaram as construções de longas valas na frente de combate. Vendo os inimigos cavarem as trincheiras, os franceses iniciaram o mesmo processo. Com as construções, a guerra na Frente Ocidental ficou paralisada, os exércitos marcaram o seu território e criaram pontos de apoio, dando origem à Guerra de Trincheiras.

Estima-se que os exércitos da Inglaterra, da França e da Alemanha cavaram aproximadamente 640 km de trincheiras, entre o Canal da Mancha, Bélgica e Suíça. Ao longo dos anos, as trincheiras inimigas ficaram separadas por aproximadamente 300 metros de lama, barro, restos mortais e sujeira. Esse espaço ficou conhecido como “terra de ninguém”.

Como era a vida dos soldados nas trincheiras?

Divisão marroquina, na França, puxando arame farpado para a proteção de trincheira durante a Primeira Guerra Mundial.[1]

Durante a Guerra de Trincheiras, os soldados se posicionavam em locais previamente definidos, e o uso de armas químicas e a presença do apoio da artilharia se intensificaram. O desespero e caos eram tamanhos que alguns soldados preferiam ser fuzilados a serem submetidos aos gases lançados dentro das trincheiras.

As trincheiras tinham aproximadamente 1,80 m de largura por 2 m de profundidade e eram cavadas de modo não retilíneo, buscando confundir os inimigos. Além das trincheiras em ziguezague, havia também trincheiras paralelas. Elas podiam servir como ponto de apoio, de combate e de comunicação. Suas estruturas eram revestidas com madeira, buscando evitar deslizes e soterramento. Eram colocados sacos de areia e arames farpados na frente e atrás das trincheiras para ampliar a proteção dos soldados contra tiros e retardar e dificultar o acesso inimigo. 

Muitas trincheiras tinham a artilharia de longo alcance na sua retaguarda com a função de proteger os soldados que avançavam contra a trincheira inimiga. Apesar de toda tentativa de proteção das trincheiras, às vezes as tropas inimigas conseguiam cavar túneis e explodi-las por baixo.

Muitas trincheiras apresentavam linhas que se interligavam por caminhos cavados na terra e que levavam a depósitos e abrigos subterrênos, onde os soldados podiam ser socorridos ou tratados, além de funcionarem como ponto de comunicação.

A comunicação entre os soldados era difícil e o ambiente era extremente estressante. A alimentação era escassa, e a água muitas vezes estava contaminada por corpos de soldados ou animais mortos no decorrer do conflito.

Os soldados faziam suas necessidades dentro da própria trincheira, em buracos cavados no chão, que, após estarem cheios, eram cobertos por terra. Os corpos de pessoas e animais mortos, juntamente com o lixo produzido dentro das trincherias, atraíam ratos e outros animais, intensificando a contaminação e ampliando o número de mortos. Andar dentro das trincheiras nem sempre era fácil. Elas eram sujas, fediam muito e, em períodos de chuva, ficavam cheias de lama, aumentando a umidade do local.

A umidade constante nos pés fazia com que muitos soldados desenvolvessem feridas, que posteriormente evoluíam para infecções graves. Além da insuficiência alimentar, da sujeira, das feridas e das doenças, o fator psicológico afetava constantemente os soldados.

Durante essa fase, não houve muita mobilidade dos exércitos, que muitas vezes tentavam resistir ao cançaço físico, emocional e psiciológico da guerra. Alguns historiadores estimam que a Guerra de Trincheiras possa ter atingido aproximadamente oito milhões de mortes. Entretanto, os números são incertos. Para saber mais sobre a vida nas trincheiras durante a Primeira Guerra Mundial, clique aqui.

Mapa das Trincheiras

  • Mapa com localização das trincheiras durante a Primeira Guerra Mundial

Mapa da Guerra de Trincheiras. (Créditos: Gabriel Franco | Mundo Educação)
  • Mapa da organização das trincheiras durante a Primeira Guerra Mundial

Mapa do sistema de trincheiras. (Créditos: Gabriel Franco | Mundo Educação)

Fim da Guerra de Trincheiras

Em 1918, após a saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial, a Alemanha pôde concentrar o seu exército na Frente Ocidental. Em resposta, a Inglaterra, com o apoio da Tríplice Entente, intensificou as investidas nas áreas ocupadas pela Alemanha, recomeçando a Guerra de Movimento, marcando o fim da Guerra de Trincheiras.

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Quais foram as consequências da Guerra de Trincheiras?

A Guerra de Trincheiras teve como principal consequência o elevado número de mortes, feridos e mutilados, além do enorme contingente de pessoas com traumas psicológicos resultantes do conflito.

A guerra também possibilitou o uso de armas e testes químicos que até então não tinham sido utilizados em campos de batalha. Além disso, a pouca mobilidade dos exércitos em função do uso das trincheiras como tática e estratégia militar não trouxe muitos avanços territoriais para os envolvidos. Na realidade, a dificuldade de ampliação e expansão das conquistas militares possibilitou a manuntençao das fronteiras territoriais e a criação de pontos de apoio. 

Exercícios resolvidos sobre a Guerra de Trincheiras

1. (UFRGS 2015)  Sobre a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), considere as afirmações abaixo.

I. Caracterizou-se pela chamada "guerra de trincheiras", que resultou em um nível de mortandade sem precedentes na história europeia, como demonstrado na Batalha do Somme, ocorrida na França.

II. Valeu-se da chamada "guerra química", com a utilização de substâncias letais como o gás mostarda e o fosgênio, amplamente empregada tanto pela Tríplice Aliança como pela Tríplice Entente.

III. Caracterizou-se como o primeiro conflito em que a aviação militar e a guerra aérea tiveram um papel fundamental.

Quais estão corretas?

a) Apenas I.   

b) Apenas I e II.   

c) Apenas I e III.   

d) Apenas II e III.   

e) I, II e III.  

Resposta: Letra E. As três alternativas estão corretas, pois a “Guerra de Trincheiras” teve um saldo enorme de mortos devido às péssimas condições de vida dos soldados, tais como falta de higiene, alimentação escassa, gases tóxicos e estresse. Além disso, foram utilizados aviões para transporte de armamento e identificação de trincheiras, bem como armas químicas.

2. (ESPM 2018)  À noite, arrastando-se pela cratera de projétil e enchendo-a, a lama observa, como um enorme polvo. Chega à vítima. Deita-lhe a sua baba venenosa, cega-a, aperta o círculo à volta dela, enterra-a. Mais um disparo, mais um que se foi... os homens morrem da lama, como morrem de balas, mas é mais horrível. A lama é onde os homens se afundam e – o que é pior – onde afundam suas almas. A lama esconde os galões das divisas, há apenas pobres bestas que sofrem. Vejam, ali, man­chas vermelhas num mar de lama – san­gue de um homem ferido. O inferno não é o fogo, isso não seria o máximo do sofri­mento. O inferno é a lama!

(Martin Gilbert. A Primeira Guerra Mundial)

O texto, escrito por soldados franceses, tes­temunho do que ocorria em 1917, é uma perfeita descrição da:

a) Guerra de movimento.

b) Blitzkrieg.

c) Guerra de trincheiras.    

d) Guerra de mentira.    

e) Guerra suja. 

Resposta: Letra C.  O texto descreve a situação das trincheiras. As outras alternativas referem-se a momentos diferentes e não respondem ao comando da questão. A Guerra de Movimento é a primeira fase da Primeira Guerra Mundial, e a Blitzkrieg foi uma tática de guerra do exército alemão durante a Segunda Guerra Mundial.

Créditos da imagem

[1] Wikimedia Commons

Fontes

BURIGANA, Ricardo. A Grande Guerra: a Primeira Guerra Mundial (1914-2014), Evento e Memória. História Unicap, v. 1, n. 1, p. 41-55, 2014.

CORREIA, Sílvia Adriana Barbosa. Cem anos de historiografia da Primeira Guerra Mundial: entre história transnacional e política nacional. Topoi (Rio de Janeiro), v. 15, p. 650-673, 2014.

BOULOS JUNIOR, Alfredo. História: sociedade e cidadania , 9° ano. São Paulo: FTD, 2009.

SCHWZER, Ingrid; SILVA, Luiz Cesar Kreps da.  Mundo da História: 9º ano. 1ª Ed. Curitiba: Positivo. 2012.

VICENTINO, Cláudio; VICENTINO, José, DORIGO, Gianpaolo. Projeto Múltiplo. História, volume único, São Paulo: Scipione, 2014.

Publicado por Vanessa Clemente Cardoso
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