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Tríplice Aliança

A Tríplice Aliança foi um pacto que reuniu Alemanha, Áustria-Hungria e Itália em um acordo militar que foi assinado em 20 de maio de 1882.
Cartão postal da Primeira Guerra Mundial com americanos com máscaras de gás em uma trincheira de linha de frente na França.
A Tríplice Aliança foi parte das tensões que levaram ao início da Primeira Guerra Mundial, em 1914.

A Tríplice Aliança foi um acordo militar que reuniu Alemanha, Áustria-Hungria e Itália entre 1882 e 1915. Por meio dessa aliança, os três países asseguravam oferecer cooperação mútua caso qualquer um deles fosse atacado por outro país europeu. Esse acordo foi parte da política de alianças militares estabelecida por Otto von Bismarck, chanceler alemão.

formação motivou a aproximação de França, Grã-Bretanha e Rússia, resultando no surgimento da Tríplice Entente.Sua A aliança reforçou o desejo dos alemães e austríacos de isolar a França e a Rússia diplomaticamente e de evitar que esses países lançassem guerra contra os membros desse pacto.

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O que foi a Tríplice Aliança?

A Tríplice Aliança foi um tratado assinado por Alemanha, Áustria-Hungria e Itália em 20 de maio de 1882. O tratado que criou essa aliança é uma evolução da Aliança Dual, que aliou alemães e austríacos em 1879. A Tríplice Aliança estabelecia um acordo militar defensivo entre as nações e foi renovado até o ano de 1915, quando expirou e não foi retomado porque o cenário das alianças se modificou.

A formação da Tríplice Aliança foi pensada, principalmente, como caminho para prevenção contra um possível conflito com franceses e russos. Em outras palavras, o governo alemão procurou essa formação como forma de evitar que uma nova guerra tivesse início no continente e que envolvesse, principalmente, o seu país contra franceses e russos. Era, portanto, uma tentativa de isolar a França e Rússia.

A estratégia alemã incluía a ideia de que a formação de alianças militares com outros países desencorajaria russos e franceses a estabelecer rivalidade com a Alemanha e as suas nações aliadas. Como já sabemos, essa estratégia fracassou, porque a guerra passou a ser vista como uma possibilidade de resolução de conflitos, e a Primeira Guerra Mundial teve início em 1914.

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Os países que faziam parte dessa aliança se comprometeram a cooperar mutuamente caso qualquer um deles fosse atacado por alguma outra grande potência europeia. Além disso, havia cláusulas específicas que giravam em torno da Itália e atendiam aos interesses de cada um dos três países:

  • A Itália recebeu a garantia de que seria militarmente auxiliada por Alemanha e Áustria-Hungria caso fosse atacada pela França sem nenhum tipo de provocação.

  • A Itália teria suas ambições imperialistas na África defendidas por alemães e austríacos.

  • A Itália ficaria neutra caso a Áustria-Hungria entrasse em guerra contra os russos.

  • A Itália manteria relação amigável com o governo alemão.

  • A Áustria-Hungria aceitou colocar fim à rivalidade com o governo italiano. Essa rivalidade envolvia disputas de fronteiras entre as duas nações.

Europa no começo do século XX

A formação da Tríplice Aliança foi resultado de uma estratégia adotada pelo chanceler alemão Otto von Bismarck, que atuou até o ano de 1890. Ele procurou estabelecer uma série de alianças entre Alemanha e outras nações europeias, uma vez que tinha o objetivo de impedir que uma guerra começasse e que a Alemanha fizesse parte do conflito.

No entanto, a tensão na Europa era evidente, e a rivalidade entre as nações europeias aumentou depois que o chanceler alemão foi demitido pelo imperador alemão Guilherme II. No começo do século XX, as nações mais poderosas da Europa e as que poderiam assumir o papel de protagonismo em um novo conflito eram Alemanha, França, Grã-Bretanha, Rússia, Áustria-Hungria e Itália.

Interesses da Alemanha com a participação na Tríplice Aliança

No final do século XIX, a grande preocupação da Alemanha era definitivamente a França. Isso porque o processo de unificação da Alemanha foi concluído com a Guerra Franco-Prussiana, conflito vencido pela Prússia (que se tornou Império Alemão com a vitória) e que ficou marcado pela tomada da Alsácia-Lorena e sua anexação ao território alemão.

O governo alemão temia que uma guerra entre França e Alemanha acontecesse novamente em um momento futuro. Por isso, era necessário isolar os franceses diplomaticamente e estabelecer alianças que os desmotivassem a lançar guerra contra a Alemanha.

Além disso, havia rivalidade entre Alemanha e Rússia por questões étnicas. Alemães e russos entendiam que suas nações eram historicamente inimigas, o que estabeleceu certa desconfiança entre ambas. Isso fez com que os alemães se aproximassem dos austríacos, germânicos e também inimigos dos russos. A inimizade entre austríacos e russos passava pelo controle dos Bálcãs.

O enfraquecimento do Império Otomano no final do século XIX motivou a expansão russa sobre os Bálcãs, o que preocupava austríacos e alemães. Assim, o governo alemão procurou impedir o fortalecimento russo nos Bálcãs, atuou para garantir a independência de muitos países da região e buscou limitar a influência russa na Bulgária.

No entanto, a política de alianças alemã era complexa. Mesmo com essa rivalidade com a Rússia, o governo de Otto von Bismarck tentou garantir uma aliança com a Rússia e chegou a obtê-la, mas por um curto período. Essa era a Liga dos Três Imperadores, que reunia Alemanha, Áustria-Hungria e Rússia.

Essa aliança existiu nos períodos de 1873-1878 e 1884-1887 e foi encerrada por conta da grande rivalidade de Rússia e Áustria-Hungria e do choque de interesses dessas duas nações nos Bálcãs. Os alemães tentaram manter acordo com os russos para mantê-los afastados dos franceses e depois assinaram o Tratado de Resseguro, aliando Alemanha e Rússia entre 1887 e 1890.

Entretanto, quando os dois acordos ruíram, o governo russo se aproximou do governo francês, e uma aliança surgiu entre essas duas nações em 1894, conhecida como Aliança Franco-Russa.

Interesses da Áustria-Hungria com a participação na Tríplice Aliança

O enfraquecimento do Império Otomano, como vimos, fez com que os russos avançassem com seus interesses sobre os Bálcãs. Eles não foram os únicos a fazê-lo, pois a Áustria-Hungria também avançou sobre a área, dando início à anexação da Bósnia a seu território. A disputa pelos Bálcãs implodiu as relações diplomáticas entre Rússia e Áustria-Hungria.

Os austríacos temiam a fragmentação do seu território em razão do avanço russo nos Balcãs. Foi esse temor junto do receio dos alemães que fez as duas nações se aliarem em 1879, por meio da Aliança Dual.

Ambas se tornaram aliadas militares. Nesse acordo, elas se comprometiam a cooperar uma com a outra caso fossem atacadas pela Rússia. Além disso, estabeleciam que permaneceriam neutras se uma terceira potência atacasse Alemanha ou Áustria (essa terceira potência, geralmente, é entendida como a França).

Veja também: Questão balcânica — situações relacionadas a um dos problemas que levaram à Primeira Guerra Mundial

Interesses da Itália com a participação na Tríplice Aliança

Os italianos, por sua vez, viram sua adesão na Tríplice Aliança como uma forma de se resguardar de sua rivalidade com o governo francês. Essa rivalidade entre França e Itália era consequência das disputas imperialistas, especialmente porque a França havia prejudicado os interesses expansionistas dos italianos no norte da África.

Assim, a participação nessa aliança com alemães e austríacos resguardava a Itália de um possível ataque francês. No entanto, caso ocorresse um ataque francês de fato, os italianos teriam o apoio de austríacos e alemães. Além disso, suas ambições imperialistas foram estimuladas pelos seus novos aliados, mas a adesão da Itália nunca foi vista como algo significativo por Alemanha e Áustria-Hungria.

Formação da Tríplice Entente

Vimos que a política de alianças da Alemanha era complexa, já que a nação procurava se aliar mesmo com países que eram vistos como rivais, como a Rússia. O fim da aliança entre alemães e russos foi resultado da demissão de Otto von Bismarck, chanceler alemão, em 1890. A demissão foi realizada pelo imperador alemão Guilherme II.

Essa situação gerou uma política externa alemã mais agressiva, o que acabou contribuindo para o fato de que um grupo se consolidou em oposição aos alemães. Primeiramente, os russos uniram-se aos franceses, e os ingleses se aproximaram dessas duas nações. Esses foram os dois grandes lados que lutaram nesse conflito.

Alemães e ingleses até mantinham boas relações, mas o enriquecimento germânico, o fortalecimento da frota marítima alemã e o crescimento das ambições imperialistas da Alemanha contribuíram para gerar a segregação da Grã-Bretanha. Esta se aproximou dos russos e franceses, de modo que as três nações formaram a Tríplice Entente.

A Tríplice Aliança deixou de existir em 3 de maio de 1915, quando os italianos abandonaram essa aliança para se juntar à Tríplice Entente.

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Publicado por Daniel Neves Silva

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