Guerra russo-japonesa

A Guerra russo-japonesa foi motivada pelo controle da Manchúria, na China, e retratou a decadência do czarismo na Rússia e o fortalecimento do Japão internacionalmente.
Imagem do cerco japonês a Port Arthur na fase final da guerra *

A Guerra russo-japonesa evidenciou o projeto imperialista do Japão no começo do século XX, bem como a modernização que estava em vigor nesse país e a fragilidade do exército russo. A causa do conflito foi a disputa territorial entre as duas nações por territórios pertencentes à China.

Modernização japonesa e disputas na China

Até meados do século XIX, o Japão era uma nação isolada e com características feudais. Esse quadro foi alterado após a Restauração Meiji, que resultou em uma grande modernização da economia japonesa e desenvolvimento industrial. Além disso, nesse período, uma forte modernização também foi realizada no exército japonês, com o emprego de modelos estrangeiros e a compra de armamentos modernos.

Um dos desdobramentos da Restauração Meiji foi o crescimento do nacionalismo no Japão, que desembocou em ambições imperialistas. O Japão não via com bons olhos o crescimento da influência estrangeira na China e passou a defender a sua expansão territorial sobre o território chinês como forma de se defender das potências ocidentais.

Os interesses japoneses estavam sobre a Península da Coreia e a Manchúria e levaram o Japão a lutar contra a China na Primeira Guerra Sino-japonesa, quando obteve para si o controle de Taiwan, parte da Manchúria e da Península da Coreia.

A presença japonesa na China fez com que a Rússia, juntamente à França e Alemanha, pressionasse o Japão a recuar em suas ambições sobre o território chinês, pois os russos também possuíam interesses nas mesmas regiões ocupadas pelos japoneses. Em contrapartida, a Grã-Bretanha não via com bons olhos a presença russa na China e aliou-se ao Japão em 1902.

Início da Guerra russo-japonesa


Canhão russo utilizado durante a Guerra russo-japonesa. Está localizado na cidade de São Petersburgo **

A crescente tensão entre Rússia e Japão resultou no ataque japonês contra a Rússia em 8 de fevereiro de 1904, conforme o relato de Edward Behr: “No dia 8, a Marinha Imperial japonesa desfechou um ataque-surpresa contra a frota russa do Extremo Oriente, próxima a Port Arthur (depois rebatizada Lushun), com resultados devastadores.”|1|

A declaração de guerra do Japão à Rússia somente aconteceu no dia 10 de fevereiro de 1945. Com o início do conflito, as potências ocidentais esperavam uma vitória russa. Entretanto, o modernizado exército japonês surpreendeu o mundo com importantes vitórias por terra e mar contra o mal preparado e obsoleto exército russo.

A vitória japonesa concretizou-se após a batalha de Tsushima, na qual a Marinha japonesa conseguiu destruir a frota russa. Esse fato e as grandes dificuldades financeiras enfrentadas pela Rússia forçaram o Czar (imperador) Nicolau II a aceitar a rendição a partir do Tratado de Portsmouth.

Nesse contexto, o Japão garantiu “direitos incontáveis sobre a Coreia e direitos territoriais sobre a Manchúria”|2|. A Rússia concordou em retirar definitivamente suas tropas das regiões disputadas e, como consequência do conflito, teve que lidar com revoltas internas em 1905, as quais evidenciaram a decadência do czarismo (monarquia russa). As rebeliões de 1905 foram consideradas um prelúdio (introdução) para o movimento bolchevique de 1917 na Rússia.

O Japão, vitorioso, afirmou-se internacionalmente como potência militar. A vitória resultou em uma onda de entusiasmo nacionalista em que muitos políticos japoneses passaram a defender novas expansões territoriais japonesas sobre a China. O crescimento do nacionalismo no Japão resultou em novas invasões na China e no crescimento da rivalidade com os Estados Unidos, o que causou a Guerra do Pacífico (1941-1945) durante a Segunda Guerra Mundial.

|1| BEHR, Edward. Hiroíto – por trás da lenda. São Paulo: Globo, 1991, p.36.
|2| Idem, p.37.

* Créditos da imagem: Commons
**Créditos da imagem: Joymsk140 e Shutterstock

Publicado por Daniel Neves Silva
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