Pan-africanismo

O pan-africanismo foi uma ideologia que defendeu a emancipação da população negra da opressão em que vivia e a união dessa população.
Diversos países africanos utilizam as cores do pan-africanismo: vermelho, amarelo e o verde. O preto também é muitas vezes associado ao movimento.

O pan-africanismo foi um movimento que surgiu durante o período do imperialismo do século XIX e defendia a emancipação da população negra, a luta contra o racismo e por melhores condições de vida. A partir de 1900, diversos congressos pan-africanos foram organizados e participaram deles diversas lideranças da América, Europa e África.

O Quinto Congresso Pan-Africano, ocorrido em Manchester, é considerado um marco do movimento de emancipação dos países africanos. Diversos participantes do evento foram líderes do processo de independência em seus países na África. O pan-africanismo inspirou diversos movimentos no mundo, inclusive o Movimento de Direitos Civis nos Estados Unidos.

Na atualidade existe a União Africana, entidade composta por 55 países do continente que tem por principal objetivo integrar economica, politica e culturalmente todo o continente.

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Resumo sobre o pan-africanismo

  • O pan-africanismo é a ideologia que defende a união dos povos africanos e dos afrodescendentes de todo o mundo na luta contra a opressão.
  • A ideologia ganhou força no século XIX, quando o território africano e sua população eram controlados pelos países europeus.
  • Marcus Garvey e Du Bois são considerados os principais intelectuais do período inicial do pan-africanismo.
  • A ideologia se tornou um movimento político e social por meio da organização de diversos congressos pan-africanos.
  • O Quinto Congresso Pan-Africano ocorreu em Manchester em 1945. É considerado o marco inicial da independência do continente africano.
  • Bob Marley, fortemente influenciado pelas obras de Marcus Garvey, difundia o pan-africanismo pelo mundo por meio de sua música.

O que é o pan-africanismo?

O pan-africanismo é a ideologia que defende a união de todos os africanos e descendentes de africanos do mundo em defesa de direitos e na luta contra o racismo. Com origem no período do neocolonialismo, o objetivo inicial do pan-africanismo era garantir a independência dos países do continente e criar uma unidade entre eles.

Origem do pan-africanismo

No século XIX, o Martin Delany, um abolicionista dos Estados Unidos, acreditava que uma nação formada por afro-americanos deveria ser estabelecida e deveria ser independente dos Estados Unidos. Delany cunhou a frase “África para os africanos”.

Um grupo de intelectuais negros, entre eles o jamaicano Marcus Garvey e o norte-americano William. E. B. Du Bois, criou as bases do pan-africanismo. Garvey defendia a segregação entre afrodescendentes e descendentes de europeus, com esses grupos vivendo separados, pois acreditava que a opressão de um grupo sobre o outro sempre existiria.

Du Bois, o primeiro negro a se tornar doutor em Harvard, defendia a integração entre negros e brancos, convivendo nos mesmos espaços e sem diferenças sociais ou racismo de qualquer espécie.

Alguns dos participantes do Congresso Pan-Africano de Lisboa, 1923.

A realização dos congressos pan-africanos foi importante para a difusão do pan-africanismo, das ideias anticoloniais e antirracistas. Os primeiros congressos ocorreram em território europeu, organizados por intelectuais negros do continente, e contaram com representantes de diversos países africanos.

O Primeiro Congresso Pan-Africano ocorreu em 1919, em Paris. Seguido pelos congressos de 1921 (Bruxelas, Londres e Paris), 1923 (Lisboa), 1927 (Nova Iorque), 1945 (Manchester), 1974 (Tanzânia), 1994 (Uganda) e 2014 (África do Sul).

O congresso realizado em Manchester, em 1945, é considerado um marco na luta dos povos africanos pela autonomia política. Do congresso de Manchester participaram Kwame Nkrumah, líder da independência de Gana; Jomo Kenyatta, líder da independência do Quênia; e Hastings Banda, líder da independência do Malaui.

Veja o início da Declaração do Congresso Pan-Africano de Manchester:

Os delegados do Quinto Congresso Pan-Africano acreditam na paz. Como poderia ser diferente quando, durante séculos, os povos africanos foram vítimas da violência e da escravidão? No entanto, se o mundo ocidental ainda está determinado a governar a humanidade pela força, então os africanos, como último recurso, podem ter que apelar para a força no esforço de alcançar a liberdade, mesmo que a força os destrua e ao mundo. Estamos determinados a ser livres. Queremos Educação, o direito de ganhar uma vida decente, o direito de expressar nossos pensamentos e emoções e adotar e criar formas de beleza. Sem tudo isso, morremos para viver. Exigimos autonomia e independência da África negra, um mundo para grupos e povos governarem a si mesmos sujeitos à inevitável unidade e federação mundial.

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Principais características do pan-africanismo

A principal característica do pan-africanismo é de ser um movimento pan-nacionalista, esse tipo de movimento defende a união em um mesmo território de pessoas que possuem uma história comum e uma identidade cultural. Também reivindicam um território que não corresponde a territórios até então estabelecidos.

A ideologia pan-africana influenciou os movimentos de independência dos países africanos que se fortaleceram após o fim da Segunda Guerra. Também foi uma das referências para o movimento dos direitos civis nos Estados Unidos que culminou na revogação do conjunto de leis segregacionistas nos estados do Sul conhecido como Jim Crown.

Principais idealizadores do pan-africanismo

  • Marcus Mosiah Garvey: ativista político jamaicano, fundou em 1914 a Associação Universal para o Progresso Negro. Defendia que os negros deveriam ter independência econômica dos brancos, para isso, criou diversas empresas que só contratavam pessoas negras. Também defendia o retorno da população afro-americana para a África, chegou a criar uma empresa de transporte marítimo para tal fim, a Black Star Line.
  • William Edward Burghardt du Bois: foi um intelectual norte-americano e considerado um dos principais autores do pan-africanismo. Durante sua vida, publicou mais de 20 publicações acadêmicas. Suas obras criticavam as leis Jim Crown, o racismo, o colonialismo no continente africano, e defendiam o pan-africanismo, a maior representatividade da população negra na política, o maior acesso dessa população à educação e a melhoria da sua condição de vida. Ele ajudou na organização de diversos congressos pan-africanos, nos quais sempre defendeu a independência dos países africanos.
  • Amy Ashwood Garvey: jamaicana casada com Marcus Garvey, foi uma importante militante pan-africanista e feminista. Ela lutou para que as mulheres tivessem mais representatividade nos congressos pan-africanos e para que as pautas das mulheres fossem inseridas em suas discussões. Participou do Congresso de Manchester com Alma la Badie, as únicas duas mulheres participantes.

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Consequências do pan-africanismo

Por meio dos congressos pan-africanos, lideranças africanas iniciaram a organização dos movimentos de independência de diversos países africanos. Como pontuado, diversos líderes emancipacionistas do continente africano participaram do Quinto Congresso Pan-Africano, considerado um marco da luta pela independência da África.

Embora tenha ocorrido em um relativo curto espaço de tempo e dentro de um mesmo contexto histórico, marcado pelo mundo pós-guerra e a Guerra Fria, o processo de independência da África foi fortemente marcado pelo pan-africanismo.

Em 1963, foi criada a Organização da Unidade Africana, com sede na Etiópia e composta por 32 países africanos independentes. O objetivo da instituição era o de proteger os interesses dos países do continente. Essa instituição existiu até 2002, quando foi substituída pela União Africana, associação que atualmente possui 55 países-membros. A União Africana mostra como o pan-africanismo continua influenciando o mundo atual.

O cantor jamaicano Robert Nesta Marley, conhecido como Bob Marley, foi responsável pela difusão do pan-africanismo no mundo por meio de suas canções. Sua música, “Africa Unite” é considerada um hino do pan-africanismo. Durante sua carreira, ele vendeu aproximadamente 100 milhões de discos.

Fontes

ADI, Hakim. NETO, Mario Soares. Pan-africanismo – Uma história. EDUFBA, Salvador, 2022.

CANÊDO, Letícia Bichalho. A Descolonização da África e da Ásia. Editora Contexto.

LINHARES, Maria Yeda. A Luta contra a Metrópole (Ásia e África). Editora Brasiliense.

Publicado por Jair Messias Ferreira Junior
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