Literatura inglesa

A Inglaterra é um dos principais centros mundiais de produção de literatura desde a Idade Média, com incontáveis autores e obras conhecidos e estudados até a atualidade.
Jane Austen foi uma das mais famosas escritoras em língua inglesa.[1]

A literatura inglesa teve um início com temas religiosos e acompanhou as mudanças sociais e históricas, passando ao antropocentrismo. Sua história foi marcada por escritores conhecidos e estudados até hoje, como John Milton, Jane Austen, Lord Byron, Walter Scott, Charles Dickens, Virginia Woolf, James Joyce, T. S. Eliot e George Orwell, além do grande mestre William Shakespeare. Ela foi central para o desenvolvimento do romance, o gênero dominante desde o século XIX.

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Resumo sobre literatura inglesa

  • A literatura inglesa começou na Idade Média.
  • Um dos primeiros manuscritos conhecidos é o épico Beowulf (origem anônima e próxima do ano 700).
  • Geoffrey Chaucer (estima-se que nasceu em 1343 e morreu em 1400) foi o primeiro grande poeta e é considerado o pai da literatura inglesa.
  • A Inglaterra é conhecida pela produção de poesias, peças e romance.
  • Seu principal escritor foi William Shakespeare (1564-1616).
  • A literatura inglesa passou por períodos de maior “comedimento” e maior sentimentalismo.
  • Ela foi central para o desenvolvimento do romance.

Principais características da literatura inglesa

  • Idade Média:
    • leituras públicas;
    • temática religiosa;
    • objetivo de instrução sobre o catolicismo;
    • produção de “baladas” (poemas curtos) para as classes populares.
  • Renascimento:
    • antropocentrismo;
    • individualismo;
    • influência dos clássicos gregos e romanos;
    • foco no soneto;
    • desenvolvimento do teatro.

  • Século XVIII:
    • objetividade;
    • comedimento;
    • nacionalismo;
    • valorização da linguagem culta.
  • Romantismo:
    • críticas sociais (principalmente à Revolução Industrial);
    • temática do “mal do século” (uma expressão da crise de valores que ocorria no mundo);
    • sentimentalismo.
  • Era vitoriana:
    • comedimento;
    • domínio do romance burguês;
    • temática cotidiana;
    • desenvolvimento de personagens mais complexos.
  • Século XX:
    • público leitor variado;
    • temáticas da incerteza e da crise;
    • narração por meio de mentes de personagens muito individuais;
    • ausência de verdades universais;
    • escrita sobre novas concepções de mundo.
  • Pós-guerra:
    • desvalorização da literatura durante a reconstrução do país;
    • livros se adaptando ao sistema capitalista de produção em massa;
    • domínio do romance;
    • individualismo.

Autores da literatura inglesa

Retrato de William Shakespeare, um dos mais famosos nomes da literatura inglesa.
  • Geoffrey Chaucer (estima-se que nasceu em 1343 e morreu em 1400.)
  • Sir Francis Bacon (1561-1626)
  • William Shakespeare (1564-1616)
  • John Dryden (1631-1700)
  • John Milton (1608-1674)
  • Daniel Defoe (1660-1731)
  • Alexander Pope (1688-1744)
  • Samuel Richardson (1689-1761)
  • William Blake (1757-1827)
  • Jane Austen (1775-1817)
  • Lord Byron (1788-1824)
  • Percy Bysshe Shelley (1792-1822)
  • Walter Scott (1771-1832)
  • Charles Dickens (1812-1870)
  • Mary Ann Evans (“George Eliot”, 1819-1880)
  • Oscar Wilde (1854-1900)
  • William Butler Yeats (1865-1939)
  • Virginia Woolf (1882-1941)
  • James Joyce (1882-1941)
  • T. S. Eliot (1888-1965)
  • Eric Hugh Blair (“George Orwell”, 1903-1950)

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Obras da literatura inglesa

  • Romeu e Julieta (1592), Sonho de uma noite de verão (1594), Hamlet (1599), Otelo (1604), Sonetos (1609), Shakespeare
  • Paraíso perdido (1667), John Milton
  • Robinson Crusoe (1719), Daniel Defoe
  • As viagens de Gulliver (1726), Jonathan Swift
  • Pamela (1740), Samuel Richardson
  • Orgulho e preconceito (1813), Jane Austen
  • Don Juan (1819), Lord Byron
  • Great expectations (1861), Charles Dickens
  • O morro dos ventos uivantes (1847), Emily Bronte
  • O retrato de Dorian Gray (1891), Oscar Wilde
  • O cão dos Baskervilles (1902), Arthur Conan Doyle
  • Ulisses (1920), James Joyce
  • Mrs. Dalloway (1925), Virginia Woolf
  • A revolução dos bichos (1945), George Orwell

História da literatura inglesa

A história da literatura inglesa anda acompanhada da história do país e da língua.

  • Idade Média (476-1453)

Começando na Idade Média, a Inglaterra já se encontrava unida desde 878, quando o rei saxão Alfredo assinou um tratado de paz com os Vikings, que invadiam a região, e o território tornou-se uma só nação, sob o governo de uma casa real. Assim, o “inglês do rei”|1| virou a língua oficial, literária e burocrática, além do latim, falado pelo clero. Em 1066, outra invasão dos normandos (vindos do norte da França) introduziu um dialeto francês como língua da corte.

A leitura costumava ser uma atividade coletiva e pública com o intuito de entreter e foco em representar a nobreza. A produção conhecida consistia em textos dos mosteiros (morada dos monges) e poemas com temática religiosa e intenção de instruir sobre o catolicismo, além de epopeias que valorizavam o povo saxão.

Ademais, havia o épico Beowulf (de origem anônima, próxima do ano 700), um dos primeiros manuscritos ingleses conhecidos. Na época, tudo era manuscrito, já que a impressão ainda não existia. Para as classes populares, havia uma produção específica de baladas, poemas curtos feitos para serem recitados, como Robin Hood. Além disso, havia peças com temática católica.

Com a invasão de 1066, chegou também a influência francesa: um conhecido exemplo é a história do rei Artur e os cavaleiros da Távola Redonda que chegou pela França. Geoffrey Chaucer (estima-se que nasceu em 1343 e morreu em 1400) foi o primeiro grande poeta da literatura inglesa e é considerado o pai dela.

  • Renascimento inglês (aproximadamente, séc. XV-séc. XVII)

Nesse momento, o mundo teocêntrico (com foco na Igreja) deu lugar ao antropocêntrico (com foco na humanidade), uma forte consequência do surgimento da burguesia, que conseguiu sobrepor o valor da individualidade ao do Estado-nação. A Inglaterra encontrava-se na era elisabetana (com o reinado de Elizabeth I, de 1558 a 1603), conhecida como a “época de ouro” nas artes.

A técnica da impressão começou a ser usada no fim do século XV, e o primeiro livro impresso foi Morte d’Arthur, de Sir Thomas Malory (ainda contando as aventuras do rei Artur). O renascimento revalorizou o estudo dos clássicos, ou seja, gregos e romanos, e isso modificou o teor literário. A poesia passou a ser lírica, mais focada nos sentimentos e na individualidade, principalmente por meio do soneto (uma nova forma, com dois quartetos e dois tercetos). Houve, também, a prosa mais romanesca e a prosa mais realista. Ademais, ocorreu o desenvolvimento das áreas de tradução, historiografia literária e ensaística, principalmente por Sir Francis Bacon (1561-1626).

O teatro ganhou força, muito influenciado por comédias e tragédias clássicas, cujo grande expoente foi William Shakespeare (1564-1616), um dos principais autores, poetas e dramaturgos de toda a literatura mundial.

O século XVII trouxe novos ares com o governo republicano, que durou de 1649 a 1660, época marcada por uma poesia que explorou muito as possibilidades de linguagem e era muito racional, com um toque de humor. Um dos expoentes foi John Milton (1608-1674).

  • Século XVIII e a restauração da monarquia

Em 1660, a monarquia foi restaurada. Assim, a nova literatura aspirava à continência e objetividade, enquanto a grande valorização nacional, focada na nobreza, pregava uma língua “pura” e “melhorada”. O poeta mais importante desse período foi John Dryden (1631-1700), acompanhado de Alexander Pope (1688-1744). Surgiram as primeiras comédias de costumes inglesas — peças de teatro que retratam o mundo social de uma época de forma satírica. Apareceu também o primeiro romancista inglês, Daniel Defoe (1660-1731).

  • Romantismo

A Revolução Industrial, que deslocou muitos trabalhadores do campo para as fábricas, estava no cotidiano e nas mentes dos ingleses. Percy Bysshe Shelley (1792-1822) foi um importante poeta desse período por mostrar e criticar a realidade dos trabalhadores. A nova tendência da poesia era ir contra as regras e dogmas formais do neoclassicismo, escola literária anterior. O individualismo era uma tendência forte, mas isso não excluiu a visão do social.

O poeta William Blake (1757-1827) marcou a presença desse movimento. Além dele, George Gordon (1788-1824), conhecido como Lord Byron, trouxe a influência do “mal do século”, uma expressão da crise de valores que ocorria no mundo. Walter Scott (1771-1832) iniciou o romance histórico, e a conhecida Jane Austen (1775-1817) também escreveu nesse período.

  • Era vitoriana

Em comparação com o período anterior, a era vitoriana trouxe mais paz interna e mais comedimento do que o romantismo, além de ser dominada pela burguesia ascendente. Apesar de ser um momento de expansão antes da Segunda Revolução Industrial, as condições trabalhistas continuavam deploráveis.

Na literatura, a época de ouro do romance finalmente chegou (e parece permanecer até hoje). A individualidade reforçada pela burguesia pedia temas cotidianos com personagens mais profundos e desenvolvidos, mas que ainda traziam identificação em seus problemas.

As restrições morais do período pareciam ter achado uma escapatória na arte. O vitoriano mais famoso foi Charles Dickens (1812-1870), lido até hoje. As irmãs Bronte — Anne (1820-1849), Charlotte (1816-1855) e Emily (1818-1848) — deixaram suas marcas em romances e poemas. George Eliot, pseudônimo de Mary Ann Evans (1819-1880), foi um dos primeiros a tratar o romance como arte e não como forma de instrução social.

Na poesia, houve o movimento pré-rafaelista, que ia contra o academicismo reencontrado na era vitoriana e buscava a simplicidade da pintura de Rafael, mestre do renascimento italiano. Houve também o estetismo, movimento que pregava o culto à beleza, mas mantinha a individualidade e liberdade, cujo maior expoente foi Oscar Wilde (1854-1900).

No fim do século XIX, ao lado dos adeptos da estética vitoriana, já havia também a oposição e os que buscavam mudança, como os pré-rafaelistas e seguidores de George Eliot, mais alinhados aos movimentos europeus. George Bernard Shaw (1856-1950) retomava o teatro junto de William Butler Yeats (1865-1939), que, apesar de dramaturgo, é considerado um dos maiores poetas do século XX. Entre os romancistas, estavam Henry James (1843-1916) e Joseph Conrad (1857-1924).

  • Século XX

O público literário, no século XX, expandiu-se muito, já que a escolaridade passou a ser compulsória em 1870. O mundo vivia uma atmosfera de incertezas: além da individualidade ter mudado a relação do povo com o nacional e o grupal, o filósofo Karl Marx (1818-1883) trouxe abalos sociais e econômicos; o naturalista Charles Darwin (1809-1882) questionou a origem das espécies; e o psicanalista Sigmund Freud (1856-1939) afirmou o inconsciente.

Na poesia, a grande nova figura foi T. S. Eliot (1888-1965), e, na prosa, Virginia Woolf (1882-1941), James Joyce (1882-1941) e D. H. Lawrence (1885-1930) foram os grandes representantes. Com uma sociedade diversificada e dividida, o narrador não tinha mais a superioridade de quem é onisciente sobre o mundo e passou a narrar um real complexo por meio das mentes de personagens muito individuais. Isso abriu espaço para novas concepções de mundo, como as de George Orwell, pseudônimo de Eric Hugh Blair (1903-1950).

  • Pós-guerra

Com a economia destruída e o país em reconstrução após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a leitura e a literatura não eram as áreas mais valorizadas. Surgiram os Angry Young Men (“homens irados”, em tradução livre), que criticavam a situação socioeconômica, mas a melhora da sociedade inglesa fez com que o movimento fosse breve. A imprensa e a mídia mudaram totalmente a forma de produção, pois os livros também se adaptaram ao sistema capitalista de mercadorias. Entre os principais romancistas, estavam Evelyn Waugh (1903-1966), Graham Greene (1904-1991) e Doris Lessing (1919-2013). O dramaturgo mais conhecido foi Samuel Beckett (1906-1989).

Nota

|1| MARIA ELISA CEVASCO; VALTER LELLIS SIQUEIRA. Rumos da literatura inglesa. [s.l.] Editora Ática, 1988.

Créditos da imagem

[1] Background Studio / Shutterstock

Publicado por Luiza Pezzotti Pugles
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