Simbolismo

O Simbolismo foi um importante movimento literário do final do século XIX, marcado pelo pessimismo e pela visão subjetiva da realidade.
Ilustração de Charles Baudelaire, poeta francês do século XIX que esteve dentro da estética simbolista.

O Simbolismo foi um importante movimento literário do final do século XIX. Autores como Baudelaire, Rimbaud, Camilo Pessanha e Cruz e Souza são alguns dos escritores que produziram tal estética, com visões de mundo bastante pessimistas e uma linguagem marcada pela imprecisão e sugestão. A leitura de poemas e prosas simbolistas permite-nos conhecer quais eram os sentimentos e perspectivas de mundo de algumas sociedades alguns anos antes da Primeira Guerra Mundial.

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Origem do Simbolismo

Em 25 de junho de 1857, Charles Baudelaire publicou o livro de poemas "As flores do mal". Nessa obra, boa parte das tendências que viriam, posteriormente, a ser consideradas simbolistas estão presentes e foram profundamente revolucionárias na literatura europeia de então.

Diversos outros escritores começaram a se filiar ao estilo baudelaireano, intitulando-se decadentistas. Posteriormente, tais decadentistas passaram a ser considerados os primeiros simbolistas da Europa. No Brasil, o movimento chegou após seu irromper no velho continente e manteve boa parte das características europeias.

Contexto histórico

Nas últimas três décadas do século XIX, uma profunda crise econômica assolou a Europa, e o capitalismo liberal provou constituir-se em cartéis e monopólios, produzindo pobreza e desigualdade social. O ideal positivista e os progressos científicos alcançados durante todo o século não construíram nações soberanas e dignas, mas sim acabaram por culminar, no século seguinte, na Primeira Guerra Mundial.

Nesse ambiente de desilusão com a realidade e, em alguma medida, com a própria racionalidade, floresceram as flores do mal de Baudelaire e o movimento simbolista. Leia, a seguir, um trecho do poema em prosa de Baudelaire que representa bem a perspectiva dos simbolistas sobre a realidade:

A PERDA DA AURÉOLA

“Olá! O senhor por aqui, meu caro? O senhor nestes maus lugares! O senhor bebedor de quintessências e comedor de ambrosia! Na verdade, tenho razão para me surpreender!”

‘Meu caro, você conhece meu terror de cavalos e viaturas. Agora mesmo, quando atravessava a avenida, muito apressado, saltando pelas poças de lama, no meio desse caos móvel, onde a morte chega a galope de todos os lados ao mesmo tempo, minha auréola, em um brusco movimento, escorregou de minha cabeça e caiu na lama do macadame. Não tive coragem de apanhá-la. Julguei menos desagradável perder minhas insígnias do que me arriscar a quebrar uns ossos. E depois, disse para mim mesmo, há males que vêm para o bem. Posso, agora, passear incógnito, cometer ações reprováveis e abandonar-me à crapulagem como um simples mortal. E eis-me aqui, igual a você, como você vê.”

“O senhor deveria, ao menos, colocar um anúncio dessa auréola ou reclamá-la na delegacia caso alguém a achasse.”

“Não! Não quero! Sinto-me bem assim. Você, só você me reconheceu. Além disso a dignidade me entedia. E penso com alegria que algum mau poeta a apanhara e a meterá na cabeça descaradamente. Fazer alguém feliz, que alegria! e sobretudo uma pessoa feliz que me fará rir. Pense em X ou em Z. Hein? Como será engraçado.”

Charles Baudelaire,

em Pequenos poemas em prosa

Características do simbolismo

A literatura simbolista pode ser caracterizada como uma arte profundamente marcada pelo pessimismo em relação à existência, espaço marcado, agora, pela desilusão. Utilizando uma linguagem fluida, imprecisa, os autores desse movimento não buscavam retratar o mundo, mas apenas sugeri-lo a partir de suas visões subjetivas.

Nesse sentido, o uso de figuras de linguagem, como a sinestesia – mistura de sensações –, aliterações e assonâncias – repetições de sons consonantais e vocálicos, respectivamente – é muito comum no Simbolismo. Metáforas e comparações também costumam aparecer. Em alguns casos; por fim, o misticismo mostra-se presente em obras com certo teor religioso transcendental.

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Simbolismo em Portugal

Os principais autores do Simbolismo em Portugal e suas respectivas obras foram:

  • Eugênio de Castro

- Cristalizações da morte

- Horas tristes

  • Camilo Pessanha

- Clepsidra

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Simbolismo no Brasil

No Brasil, são notáveis os seguintes autores e obras:

  • Cruz e Souza

- Broquéis

- Faróis

- Últimos sonetos

  • Alphonsus de Guimaraens

- Câmara ardente

- Dona Mística

- Mendigos    

Publicado por Fernando Marinho
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