Simbolismo no Brasil

O simbolismo foi um estilo de época que teve início no Brasil em 1893. Seus principais representantes foram Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens.
Cruz e Sousa foi o principal representante do simbolismo no Brasil.

Simbolismo no Brasil foi um estilo de época que teve início no país em 1893, quando o poeta Cruz e Sousa publicou suas duas principais obras: Broquéis e Missal. Outro poeta importante da estética simbolista no Brasil foi Alphonsus de Guimaraens, autor de obras como Kyriale. A poesia desses autores apresenta as principais características desse estilo.

O simbolismo foi um estilo de época que valorizava as sensações, a subjetividade e o rigor formal. A sua origem data de 1857, quando o poeta francês Charles Baudelaire publicou seu livro As flores do mal, com poemas marcados pelo pessimismo e pela morbidez. Assim, inicialmente, o estilo foi chamado de decadentismo.

Leia também: Parnasianismo no Brasil o estilo de época que buscava retomar a cultura clássica

Resumo sobre o simbolismo no Brasil

  • O simbolismo no Brasil teve início em 1893, com a publicação de Broquéis e Missal, obras de Cruz e Sousa.

  • Os poemas simbolistas apresentam rigor formal, sinestesia e maiúscula alegorizante.

  • Além de Cruz e Sousa, o simbolismo brasileiro também contou com o poeta Alphonsus de Guimaraens.

  • O simbolismo nasceu na França, com a publicação, em 1857, do livro As flores do mal, de Charles Baudelaire.

Características do simbolismo no Brasil

O simbolismo foi inaugurado no Brasil, em 1893, com a publicação das duas principais obras de Cruz e Sousa: Broquéis e Missal.

A poesia desse autor possui características específicas, como: profundidade filosófica, atmosfera sombria e presença da cor branca. Já a poesia de Alphonsus de Guimaraens é marcada pela melancolia e pela morbidez.

Tanto as obras de Alphonsus de Guimaraens quanto as obras de Cruz e Sousa apresentam também estes elementos típicos do simbolismo europeu:

  • poder de sugestão;

  • subjetividade;

  • caráter metafísico;

  • misticismo;

  • defesa de uma realidade ideal;

  • musicalidade;

  • rigor formal;

  • alienação social;

  • uso de reticências;

  • maiúscula alegorizante;

  • sinestesia.

Contexto histórico do simbolismo no Brasil

O simbolismo no Brasil coincidiu com os anos iniciais da república, proclamada em 15 de novembro de 1889, e com o fato de que não havia mais escravidão no país, abolida em 13 de maio de 1888. Apesar de não haver mais escravidão no país, ainda existiam muitos problemas sociais, como a miséria vivenciada pelos ex-escravizados em todo o país e a pobreza no Nordeste, causada pelas constantes secas.

No campo político, o território brasileiro era governado por Floriano Peixoto (1839-1895). No final de 1894, Prudente de Morais (1841-1902), o primeiro presidente civil de nossa república, ocupou a cadeira da presidência. Nesse contexto, os autores simbolistas buscavam fugir da realidade para se refugiar no plano das essências.

Principais autores do simbolismo no Brasil

Principais obras do simbolismo no Brasil

Capa do livro Broquéis, de Cruz e Sousa, publicado pela editora L&PM. [1]
  • Broquéis (1893), de Cruz e Sousa

  • Missal (1893), de Cruz e Sousa

  • Evocações (1898), de Cruz e Sousa

  • Septenário das dores de Nossa Senhora (1899), de Alphonsus de Guimaraens

  • Câmara ardente (1899), de Alphonsus de Guimaraens

  • Dona Mística (1899), de Alphonsus de Guimaraens

  • Faróis (1900), de Cruz e Sousa

  • Kyriale (1902), de Alphonsus de Guimaraens

  • Últimos sonetos (1905), de Cruz e Sousa

Poesia simbolista

O soneto “Sonho branco”, do livro Broquéis, de Cruz e Sousa, possui versos decassílabos (10 sílabas poéticas), maiúscula alegorizante (“Luar” e “Sonho”) e sinestesia (“brancas”, “cantas”, “aromal”, “radiante”, “esplendor”, “sonorizam”, “frescas” e “nevado”). Além disso, a cor branca está presente em todo o poema.

Quanto ao conteúdo, a voz poética personifica e descreve o sonho branco e virgem. Ele é o eleito do luar e nascido das estrelas. O sonho segue radiante por um caminho “enflorescido”, sob o canto das aves. No entanto, o eu lírico sugere que esse alegre sonho branco está prestes a morrer:

De linho e rosas brancas vais vestido,
Sonho virgem que cantas no meu peito!...
És do Luar o claro deus eleito,
Das estrelas puríssimas nascido.

Por caminho aromal, enflorescido,
Alvo, sereno, límpido, direito,
Segues, radiante, no esplendor perfeito,
No perfeito esplendor indefinido...

As aves sonorizam-te o caminho...
E as vestes frescas, do mais puro linho
E as rosas brancas dão-te um ar nevado...

No entanto, ó Sonho branco de quermesse!
Nessa alegria em que tu vais, parece
Que vais infantilmente amortalhado!

Já o poema “Luar sobre a cruz da tua cova”, do livro Kyriale, de Alphonsus de Guimaraens, apresenta um desvio da convenção simbolista, ao apresentar versos assimétricos. É possível apontar a maiúscula alegorizante (“Desesperança” e “Princesa”), além da sinestesia (“clareasse”, “branca” e “cantar”).

No sonho, o eu lírico reza em um eremitério. Nesse universo onírico, há uma torre onde mora uma princesa; possivelmente, a personificação da desesperança. O eu lírico revela que não pode esquecer a alma para a qual reza. Por fim, o luar clareia a cruz da cova que abriga o corpo que já foi dessa alma, de forma que o sonho se transforma em pó:

Sonhei que estava no eremitério,
Rezando sempre rezas de cor,
E como o luar clareasse o chão do cemitério,
Pensei num mundo que é talvez melhor.

Branca de linho como um fantasma,
A torre grande era só tristeza.
E como envolta em luar, muito magoada e pasma,
Estava ao longe não sei que Princesa.

Era talvez a Desesperança,
Com o seu cortejo de sonhos maus.
(Demônios, dai começo à vossa contradança.
Vinde cantar os lânguidos solaus!)

“Certo o coração de tudo esquece,
Quando muitos anos são passados...”
E eu não te esqueço mais, alma da minha prece,
Que voaste para os mundos encantados!

“Eu sei que o amor sempre se renova,
E que ninguém pode viver só...”
E como o luar clareasse a cruz da tua cova,
Vi o meu sonho transformado em pó.

Veja também: Augusto dos Anjos — o poeta brasileiro que recebeu influência do simbolismo e do parnasianismo

Simbolismo na Europa

Capa do livro As flores do mal, de Charles Baudelaire, publicado pelo Grupo Companhia das Letras. [2]

O simbolismo teve início na França, com a publicação, em 1857, do livro de poesias As flores do mal, do escritor Charles Baudelaire (1821-1867). Em sua obra, marcada pelo pessimismo e pela morbidez, o poeta francês valoriza a musicalidade e a sinestesia. No início, o movimento foi chamado de decadentismo, só recebendo o nome de simbolismo em 1886.

Os principais autores simbolistas na Europa foram:

  • Charles Baudelaire (1821-1867) — francês

  • Paul Verlaine (1844-1896) — francês

  • Arthur Rimbaud (1854-1891) — francês

  • Albert Mockel (1866-1945) — belga

  • António Nobre (1867-1900) — português

  • Camilo Pessanha (1867-1926) — português

  • Stefan Anton George (1868-1933) — alemão

  • Eugénio de Castro (1869-1944) — português

  • Renée Vivien (1877-1909) — inglesa

Exercícios resolvidos sobre simbolismo no Brasil

Questão 1

(Ufam) Leia os versos abaixo, da autoria do poeta simbolista brasileiro Cruz e Sousa (1861-1898):

Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.

Neles, a figura de linguagem predominante é a:

A) assonância

B) paronomásia

C) hipérbole

D) aliteração

E) onomatopeia

Resolução:

Alternativa D

A repetição da consoante “v”, no poema de Cruz e Sousa, caracteriza a figura de linguagem conhecida como aliteração. A repetição dá aos versos um caráter musical e sinestésico, já que ativa o sentido da audição.

Questão 2

Entre brumas, ao longe, surge a aurora.
O hialino orvalho aos poucos se evapora,
Agoniza o arrebol.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece, na paz do céu risonho,
Toda branca de sol.

E o sino canta em lúgubres responsos:
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”

O astro glorioso segue a eterna estrada.
Uma áurea seta lhe cintila em cada
Refulgente raio de luz.
A catedral ebúrnea do meu sonho,
Onde os meus olhos tão cansados ponho,
Recebe a bênção de Jesus.

E o sino clama em lúgubres responsos:
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”

[...]

GUIMARAENS, Alphonsus de. A catedral. In: GUIMARAENS, Alphonsus de. Obra completa. Rio de Janeiro: J. Aguilar, 1960.

Nesse fragmento do poema A catedral, de Alphonsus de Guimaraens, é possível apontar o seguinte par de características simbolistas:

A) sinestesia e musicalidade

B) rigor formal e crítica social

C) nacionalismo e cientificismo

D) determinismo e objetividade

E) otimismo e objetividade

Resolução:

Alternativa A

O poema valoriza as sensações visuais e sonoras, despertadas por meio de palavras como “arrebol”, “branca”, “canta” e “refulgente”. Além disso, a musicalidade é obtida por meio das rimas e do refrão.

Questão 3

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de sua última quimera.
Somente a Ingratidão — esta pantera —
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

ANJOS, Augusto dos. Versos íntimos. In: ANJOS, Augusto dos. Eu e outras poesias. Porto Alegre: L&PM, 2010.

A poesia do poeta pré-modernista Augusto dos Anjos apresenta traços simbolistas. No soneto Versos íntimos, é possível apontar uma maiúscula alegorizante nos versos:

A) 1 e 4

B) 2 e 5

C) 3 e 6

D) 4 e 7

E) 5 e 8

Resolução:

Alternativa C

Há maiúscula alegorizante nos versos 3 (“Ingratidão”) e 6 (“Homem”).

Créditos de imagem

[1] Editora L&PM (reprodução)

[2] Grupo Companhia das Letras (reprodução) 

Publicado por Warley Souza
História
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