Aliteração
É entendida como aliteração a repetição de fonemas consonantais no texto para estabelecer efeitos sonoros. A aliteração é uma figura de linguagem muito utilizada em textos versificados, mas também em textos em prosa. Diferente da aliteração, a assonância é a figura de linguagem que estabelece efeitos sonoros por meio da repetição de sons vocálicos.
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O que é aliteração?
A aliteração é uma figura de linguagem que consiste na repetição de fonemas consonantais ou sílabas, para remeter a um som e estabelecer efeitos sonoros específicos no texto. Trata-se de um recurso linguístico muito utilizado em poemas ou letras de música, mas também pode ocorrer em textos em prosa.
Observe os exemplos abaixo:
“A brisa do Brasil beija a balança.”
(Castro Alves, em Navio Negreiro)
Note a repetição do fonema /b/. Trata-se de um efeito sonoro, marca do escritor Castro Alves, que traz plasticidade ao texto, ou seja, a repetição do fonema compõe o efeito de sentido da obra.
Veja outro exemplo de aliteração:
“Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
que já vem, que já vem, que já vem…”
(Chico Buarque, em Pedro Penseiro)
Note que a repetição dos fonemas no primeiro verso reafirma o fato de que Pedro é um trabalhador que está pensando na vida enquanto aguarda o trem. Assim, fica evidente o efeito de sentido que a aliteração quer estabelecer nesse trecho da música de Chico Buarque.
A aliteração também ocorre em textos em prosa. Veja o exemplo abaixo, extraído do texto “Mundo Moderno”, escrito por Chico Anysio:
“Meu monólogo mostra mentiras, mazelas, misérias, massacres, miscigenação, morticínio – maior maldade mundial. Ela ocorre logo após a abertura: Mundo moderno, marco malévolo, mesclando mentiras […]. E tem esta conclusão: Merecemos. Maldito mundo moderno, mundinho.”
Aliteração e assonância
Enquanto a aliteração é a repetição de sons consonantais, a assonância promove repetições de sons vocálicos, especialmente as sílabas tônicas.
Veja o exemplo:
Sugar Cane Fields Forever
[…] Sou um mulato nato
No sentido lato
Mulato democrático do litoral […]
VELOSO, Caetano. Sugar Cane Fields Forever
No trecho da música de Caetano Veloso, temos a repetição do fonema / a /, configurando, assim, a assonância. No mesmo texto, temos a repetição do fonema / t /, o que configura aliteração.
Veja também: Pleonasmo – recurso linguístico que traz uma repetição de ideias ou de palavras
Exercícios resolvidos
Questão 1 – (UFPA)
Tecendo a manhã
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
(MELO, João Cabral de. In: Poesias Completas. Rio de Janeiro, José Olympio, 1979)
Nos versos
“E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo…”
tem-se exemplo de:
A) eufemismo.
B) antítese.
C) aliteração.
D) silepse.
D) sinestesia.
Resolução
Alternativa C. Aliteração — observe a repetição do fonema /t/.
Questão 2 – (FAU-Santos) Nos versos:
“Bomba atômica que aterra
Pomba atônita da paz
Pomba tonta, bomba atômica…”
A repetição de determinados elementos fônicos é um recurso estilístico denominado:
A) hiperbibasmo.
B) sinédoque.
C) metonímia.
D) aliteração.
E) metáfora.
Resolução
Alternativa D. Aliteração é a figura de som que estabelece repetição de fonemas consonantais.