Misoginia

A misoginia é definida como o ódio, a rejeição, a aversão ou o desprezo dos homens em relação às mulheres e, de forma mais ampla, a tudo o que é feminino.
A misoginia é uma atitude que prejudica as mulheres e todos que lutam por uma sociedade menos androcêntrica.

A misoginia é definida como o ódio, rejeição ou aversão dos homens em relação às mulheres e ao feminino, sendo um sentimento que se manifesta em opiniões negativas, comportamentos prejudiciais, e pode assumir formas afetivas, como aversão ou desprezo, e cognitivas, baseadas em estereótipos que consideram as mulheres inferiores.

Leia também: Feminicídio — uma das consequências mais graves da misoginia

Resumo sobre misoginia

  • A misoginia é o ódio, rejeição ou desprezo dos homens em relação às mulheres e a tudo o que é feminino, manifestando-se em atitudes e comportamentos prejudiciais.
  • A palavra “misoginia” deriva das palavras gregas "miseo" (odiar) e "gyne" (mulher), e está enraizada na história, com filósofos como Aristóteles considerando as mulheres inferiores.
  • Historicamente, a misoginia se manifestou em várias culturas, relegando mulheres a papéis subalternos e justificando sua subjugação através de textos religiosos e mitológicos.
  • A misoginia manifesta-se em violência de gênero, discriminação salarial, assédio sexual e objetificação na mídia.
  • A misoginia é uma atitude contra mulheres, enquanto machismo é um sistema que perpetua a desigualdade de gênero.
  • A diferença entre misoginia e machismo é que a misoginia é um sentimento direcionado contra as mulheres, enquanto o machismo é um sistema que sustenta a desigualdade de gênero.
  • Misoginia e misandria são conceitos diferentes que se referem às intolerâncias baseadas em gênero. Enquanto a misoginia é o ódio ou aversão às mulheres, a misandria, em oposição, é o ódio ou aversão aos homens.
  • A misoginia na internet inclui discursos de ódio, assédio e violência verbal contra mulheres, especialmente em plataformas digitais.
  • Casos como o da jornalista Patrícia Campos Mello e o episódio do GamerGate destacam a misoginia digital.
  • A misoginia não é crime específico no Brasil, mas atos misóginos podem se enquadrar em crimes como injúria e assédio.
  • Compreender a história e as manifestações contemporâneas da misoginia é crucial para promover uma sociedade menos sexista.

O que é misoginia?

Misoginia é definida como o ódio, rejeição, aversão ou desprezo dos homens em relação às mulheres e, de forma mais ampla, a tudo que é feminino. O termo deriva das palavras gregas "miseo" (odiar) e "gyne" (mulher). Historicamente, esse sentimento se manifestou em opiniões ou crenças negativas sobre as mulheres e em comportamentos prejudiciais contra elas.

A misoginia pode assumir formas afetivas, quando ela envolve sentimentos ou emoções negativas em relação às mulheres. Isso pode incluir aversão, desprezo ou ódio, que se manifestam em atitudes preconceituosas.

Outra forma de manifestação da misoginia refere-se às crenças e ideias sobre as mulheres, frequentemente baseadas em estereótipos que as consideram inferiores ou limitadas a certos papéis sociais.

Além de sentimentos e crenças, a misoginia também se expressa em ações discriminatórias ou violentas contra as mulheres. Isso pode incluir desde discriminação no ambiente de trabalho até violência física ou psicológica.

Origem e história da misoginia

A misoginia tem suas raízes profundamente fixadas na história da humanidade, manifestando-se de diferentes maneiras ao longo dos séculos. O termo "misoginia" deriva das palavras gregas "miseo" (odiar) e "gyne" (mulher), e refere-se ao ódio ou aversão às mulheres.

Historicamente, essa atitude negativa em relação às mulheres pode ser observada em diversas culturas e sociedades, onde as mulheres eram frequentemente relegadas a papéis subalternos e vistas como inferiores aos homens. Na Grécia Antiga, por exemplo, filósofos como Aristóteles consideravam as mulheres naturalmente inferiores aos homens, uma visão que influenciou o pensamento ocidental por muitos séculos. Além disso, textos religiosos e mitológicos frequentemente retratavam as mulheres de maneira negativa, perpetuando estereótipos e justificando sua subjugação.

Ao longo da história, a misoginia também se manifestou em práticas sociais e legais que restringiam os direitos e liberdades das mulheres. Durante a Idade Média, as mulheres eram frequentemente acusadas de bruxaria e perseguidas, um reflexo do medo e desconfiança em relação ao poder feminino.

A inferioridade feminina era justificada por narrativas religiosas, como a história de Eva e o pecado original. Essa narrativa contribuiu para a construção de preconceitos que associavam as mulheres à curiosidade, ao orgulho e à desobediência, perpetuando a ideia de que elas representavam um risco à hierarquia masculina estabelecida.

Nos tempos modernos, apesar dos avanços significativos nos direitos das mulheres, a misoginia ainda persiste em formas mais sutis, como o sexismo e a objetificação das mulheres na mídia, entre tantas outras situações. Essas atitudes continuam a influenciar as estruturas sociais e econômicas, perpetuando desigualdades de gênero e limitando as oportunidades das mulheres em várias esferas da vida. A compreensão da história da misoginia é crucial para abordar suas manifestações contemporâneas e promover uma sociedade menos sexista e machista.

Quais as causas da misoginia?

O sexismo é uma das causas da misoginia, sendo importante diferenciar entre sexismo hostil e o benevolente. O sexismo hostil é uma atitude abertamente negativa em relação às mulheres, baseada na crença de sua inferioridade. Já o sexismo benevolente envolve atitudes aparentemente positivas, mas que reforçam estereótipos limitantes e papéis tradicionais.

O contexto educacional tem desempenhado um papel significativo na perpetuação da misoginia. Em muitos contextos, as mulheres são desvalorizadas em ambientes educacionais, enfrentando preconceitos que minimizam suas contribuições, especialmente em áreas tradicionalmente dominadas por homens, como as ciências exatas. Além disso, a cultura escolar muitas vezes reforça estereótipos de gênero, como observado em escolas que promovem uma ideologia patriarcal.

Psicologicamente, a misoginia pode ser alimentada por estereótipos de gênero profundamente enraizados, que são internalizados desde a infância. Esses estereótipos criam expectativas rígidas sobre o comportamento "adequado" para homens e mulheres, levando a preconceitos inconscientes que favorecem o masculino e depreciam o feminino.

A cultura androcêntrica, que privilegia o masculino como norma, contribui para a perpetuação da misoginia ao marginalizar ou invisibilizar as contribuições femininas em diversas áreas, incluindo a ciência e a arte.

Formas de misoginia

Na sociedade atual, a misoginia pode se manifestar de várias formas, algumas mais sutis e outras bastante explícitas. A violência de gênero é uma das formas de misoginia mais explícitas na sociedade atual. Ela inclui violência doméstica, agressões físicas e sexuais contra mulheres. Esses atos são frequentemente motivados por uma visão de superioridade masculina e controle sobre o corpo e a vida das mulheres.

Uma forma mais sutil de misoginia do que a violência são piadas, “brincadeiras” e o abuso online. Seja nas escolas ou nas redes sociais, mulheres, especialmente aquelas em posições públicas ou que expressam opiniões online, frequentemente enfrentam abuso, ameaças e intimidação nas plataformas digitais.

O assédio sexual pode ocorrer em locais de trabalho, espaços públicos e online. Inclui comentários inapropriados, toques indesejados e outras formas de comportamento que objetificam e desrespeitam as mulheres. Em função da misoginia, as mulheres frequentemente enfrentam discriminação salarial, têm menos oportunidades de promoção e são sub-representadas em cargos de liderança. Além disso, enfrentam barreiras adicionais, como a expectativa de conciliar trabalho e responsabilidades familiares.

O assédio sexual frequentemente ocorre no ambiente de trabalho.

Nos meios de comunicação, as mulheres são frequentemente retratadas de maneira estereotipada, sendo objetificadas ou reduzidas a papéis limitados. Isso reforça percepções negativas e limitantes sobre o que as mulheres podem ou devem ser.

Outra forma de misoginia está associada à cultura do estupro, ou seja, normas e valores sociais que normalizam ou minimizam a violência sexual contra as mulheres. Isso pode incluir culpar a vítima, justificar o comportamento do agressor ou tratar o estupro como uma questão trivial.

Qual a diferença entre misoginia e machismo?

A diferença entre misoginia e machismo é que, enquanto a misoginia é um sentimento ou atitude direcionada contra as mulheres, o machismo é um sistema mais amplo que sustenta e perpetua a desigualdade de gênero. Ambos estão interligados, mas operam em níveis diferentes de expressão e impacto social.

O machismo está presente em estruturas sociais que perpetuam a desigualdade de gênero, normalizando a subordinação feminina e a violência contra as mulheres. O machismo manifesta-se em normas culturais e sociais de desigualdade. A misoginia, por outro lado, manifesta-se em atitudes e comportamentos de desprezo e aversão às mulheres.

Misoginia x misandria

Enquanto a misoginia é o ódio ou aversão às mulheres, a misandria, em oposição, é o ódio ou aversão aos homens. Embora menos discutida e menos prevalente em termos de impacto social e histórico, a misandria também se manifesta em atitudes e comportamentos que desvalorizam ou demonizam os homens. Assim como a misoginia, a misandria pode surgir de experiências pessoais negativas ou de estereótipos que retratam os homens de maneira negativa. Portanto, a misoginia e a misandria são conceitos muito diferentes, mas que se referem às intolerâncias baseadas em gênero, sendo cada uma direcionada a um gênero específico.

Misoginia na internet

Outro contexto no qual a misoginia é comum é a internet.

A misoginia na internet é um fenômeno preocupante que se manifesta através de discursos de ódio, assédio e violência verbal contra mulheres em plataformas digitais. Muitas mulheres, especialmente aquelas em posições públicas como jornalistas, políticas ou ativistas, enfrentam assédio constante nas redes sociais. Comentários ofensivos, ameaças de violência e ataques pessoais são comuns e têm como objetivo silenciar ou intimidar as mulheres. A internet cria uma espécie de armadura que acaba protegendo quem ataca as mulheres.

Um exemplo notável é o caso da jornalista brasileira Patrícia Campos Mello, que foi alvo de ataques misóginos durante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News. Por ofender a honra da jornalista, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado a pagar uma indenização no valor de R$35 mil. É importante a punição desses ataques que muitas vezes visam deslegitimar o trabalho das jornalistas e silenciar suas vozes.

A divulgação não autorizada de imagens íntimas, às vezes chamada de "pornografia de vingança", é uma forma de misoginia que tem ganhado destaque. Esse tipo de violência digital visa humilhar e controlar mulheres, e é facilitado pela praticidade de compartilhamento de imagens na internet.

Existem grupos e fóruns online que promovem ideologias misóginas, como os "incels" (celibatários involuntários), que frequentemente expressam ódio contra mulheres e culpam-nas por suas dificuldades pessoais e sociais. Esses grupos podem se tornar perigosos, como evidenciado em alguns casos de violência offline motivada por essas ideologias.

O ambiente dos jogos online também é um espaço onde a misoginia pode ser prevalente. Jogadoras frequentemente relatam experiências de assédio verbal e discriminação de gênero durante partidas, o que reflete a cultura machista presente em algumas comunidades de jogos. Um dos casos mais conhecidos de misoginia online foi o GamerGate.

Tudo começou em agosto de 2014 com uma controvérsia relacionada à ética do jornalismo de jogos. O ex-namorado de uma desenvolvedora de games disse que ela teria um caso com um jornalista de videogame. Ela teve seus dados pessoais revelados na internet e é perseguida e ameaçada até hoje. Nesse episódio, desenvolvedoras e críticas de jogos, como Zoe Quinn e Anita Sarkeesian, foram alvo de ameaças de morte e estupro, além de campanhas de difamação.

Outras mulheres começaram a ser expostas e perseguidas, ao ponto em que a imprensa internacional começou a dar atenção aos ataques, criticando os apoiadores do #GamerGate, que se ofenderam e criaram uma espécie de polícia contra os perseguidores para que o debate realmente aconteça e possa evitar campanhas de assédio contra mulheres na indústria de jogos.

Impactos da misoginia nas mulheres

Os impactos da misoginia nas mulheres é preocupante e pode ser trágico. A misoginia é um fator explicativo importante na violência de gênero. Atitudes misóginas podem contribuir para comportamentos violentos contra as mulheres, como violência doméstica, agressões sexuais e assédio sexual. Esses comportamentos são frequentemente justificados por crenças de superioridade masculina e controle sobre as mulheres.

Veja também: Violência contra a mulher — detalhes sobre uma das principais consequências da misoginia

Misoginia é crime?

A misoginia, em si, não é tipificada como um crime específico no Brasil. No entanto, atos de misoginia podem se enquadrar em crimes já previstos na legislação, como injúria, difamação, calúnia, assédio e violência psicológica. A Lei Maria da Penha, por exemplo, é um importante instrumento legal que combate a violência doméstica e familiar contra a mulher, abrangendo diversas formas de violência de gênero, incluindo aquelas motivadas por misoginia.

Além disso, a Lei nº 13.642/2018, conhecida como Lei Lola, ampliou as atribuições da Polícia Federal para investigar crimes de misoginia praticados na internet. Essa legislação busca combater o ódio contra mulheres manifestado em plataformas digitais, reconhecendo a gravidade e o impacto desses atos na vida das vítimas.

Consequências da misoginia

A criação de espaços exclusivos para mulheres no transporte público busca ser uma forma de proteção devido à misoginia. [1]

A misoginia tem consequências profundas e variadas na sociedade, como a violência contra as mulheres e a desigualdade de gênero. A misoginia está frequentemente associada a várias formas de violência contra as mulheres, incluindo violência física, psicológica, sexual e moral. Em casos extremos, pode levar ao feminicídio, que é o assassinato de mulheres motivado pelo fato de serem mulheres.

A misoginia contribui para a manutenção de relações de poder desiguais entre homens e mulheres. Ela reforça a supremacia masculina e perpetua a subordinação feminina, dificultando o avanço das mulheres em diversas áreas, como política e mercado de trabalho.

Enfim, a misoginia é parte de uma cultura mais ampla de sexismo e machismo, que naturaliza a ideia de superioridade masculina e inferioridade feminina. Isso se reflete em práticas sociais, como a diferença salarial entre os sexos e a desigualdade de oportunidades.

Crédito de imagem

[1] Alexandr Vorobev / Shutterstock

Fontes

CAMPOS MELLO, Patrícia. A máquina do ódio: notas de uma repórter sobre fake news e violência digital. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.

SANTOS, Cecília MacDowell; IZUMINO, Wânia Pasinato. Violência contra as mulheres e violência de gênero: notas sobre estudos feministas no Brasil. Estudos Interdisciplinarios de América Latina y el Caribe, v. 16, n. 1, 2005.

TELES, Maria Amélia de Almeida; MELO, Mônica de. O que é violência contra a mulher. São Paulo: Brasiliense, 2002.

SILVA, Marlise Vinagre. Violência contra a mulher: quem mete a colher? São Paulo: Cortez, 1992.

WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da Violência 2015: Atualização: homicídio de mulheres no Brasil. Brasília: FLACSO, 2015.

Publicado por Rafael Pereira da Silva Mendes
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