Mobilidade social

A mobilidade social é o movimento de indivíduos entre posições hierárquicas dentro de uma sociedade, podendo ser ascendente, descendente ou horizontal.
A mobilidade social é o movimento de indivíduos entre diferentes posições hierárquicas de uma estrutura social.

A mobilidade social é o movimento de indivíduos entre posições hierárquicas dentro de uma sociedade, podendo ser ascendente, descendente ou horizontal, dependendo das condições econômicas e sociais. Ela pode ocorrer entre gerações ou ao longo da vida, sendo impulsionada por fatores como educação, políticas públicas e mudanças econômicas, mas limitada por desigualdades estruturais como origem social, raça e gênero. Em países como Suécia e Dinamarca, há maior fluidez social graças a políticas inclusivas, enquanto no Brasil, apesar de avanços na educação e em políticas afirmativas, barreiras históricas ainda restringem o acesso de grupos desfavorecidos a melhores oportunidades.

Leia também: O que se entende por sociedade?

Resumo sobre mobilidade social

  • Mobilidade social é o movimento de indivíduos entre diferentes posições hierárquicas de uma estrutura social, como ascender de uma ocupação rural para uma posição de prestígio urbano ou, inversamente, enfrentar declínio socioeconômico devido a crises.
  • A mobilidade social se divide em tipos como a vertical (ascendente ou descendente), horizontal (mudança sem alteração hierárquica), intergeracional (entre gerações), intrageracional (ao longo da vida) e estrutural, influenciada por transformações econômicas.
  • A mobilidade social está ligada à distribuição de oportunidades, variando com fatores como origem social, escolaridade e região, sendo mais limitada em sociedades desiguais e fortemente dependente da qualidade educacional.
  •  Fatores como acesso à educação, mudanças econômicas, políticas públicas inclusivas e urbanização impulsionam a mobilidade social, mas barreiras estruturais ainda restringem sua efetividade, especialmente para grupos desfavorecidos.
  • A mobilidade social é influenciada pela origem social, capital cultural, raça, gênero e políticas educacionais, com disparidades significativas que limitam as chances de ascensão para grupos marginalizados.
  • Enquanto a estratificação social organiza indivíduos em camadas hierárquicas, a mobilidade social avalia sua capacidade de transitar entre essas camadas, sendo menor em sociedades com altas desigualdades estruturais.
  • No Brasil, a mobilidade social é limitada por desigualdades históricas, mas políticas públicas e expansão educacional têm promovido avanços, embora negros e mulheres enfrentem maiores barreiras para ascender.
  • A mobilidade social global varia: países como Suécia e Dinamarca apresentam alta fluidez, enquanto nações como Estados Unidos mostram dificuldades, refletindo disparidades nas políticas de inclusão.
  • A mobilidade social promove igualdade de oportunidades, incentiva o mérito e a inovação, além de reduzir tensões sociais, sendo essencial para sociedades mais dinâmicas e coesas.
  • Ao longo da história, períodos como a Revolução Industrial e a urbanização geraram maior mobilidade social, mas desigualdades persistentes limitaram os benefícios para grupos vulneráveis, como ex-escravizados e trabalhadores rurais.

O que é mobilidade social?

Mobilidade social é a capacidade dos indivíduos ou grupos de se deslocarem entre diferentes posições dentro de uma estrutura social hierarquicamente organizada. Essa transição pode ocorrer em diversas dimensões, incluindo status econômico, educacional, ocupacional ou até mesmo cultural. A mobilidade social é um dos indicadores mais importantes para avaliar a equidade e a justiça social em uma sociedade, uma vez que reflete o grau de acessibilidade a oportunidades e recursos. No Brasil, por exemplo, a mobilidade social é frequentemente analisada em termos de mudanças na ocupação ou renda, considerando variáveis como raça, gênero e origem social.

Exemplos práticos ajudam a ilustrar a mobilidade social. Um caso clássico é o de uma pessoa nascida em uma família de agricultores que, por meio do acesso à educação superior, consegue alcançar uma posição de prestígio em profissões na área de medicina ou direito. Esse movimento é caracterizado como mobilidade ascendente. Por outro lado, há situações de mobilidade descendente, como a de famílias que perdem o poder econômico após crises financeiras ou mudanças na economia, obrigando seus membros a ocuparem posições de menor remuneração ou prestígio.

Tipos de mobilidade social

A mobilidade social pode ser classificada em diferentes categorias, cada uma com características específicas que ajudam a compreender as dinâmicas sociais de um grupo ou nação. Os principais tipos de mobilidade social incluem:

  • Mobilidade social vertical: esse tipo refere-se a mudanças hierárquicas na estrutura social, seja para cima (ascendente) ou para baixo (descendente). A ascensão ocorre quando um indivíduo ou grupo melhora sua posição socioeconômica, enquanto a descensão representa uma deterioração dessa posição.
  • Mobilidade social horizontal: refere-se à mudança entre posições de status similar, sem alteração significativa no nível hierárquico. Um exemplo é a transição de uma ocupação técnica em uma empresa para outra com funções similares, mas em setor diferente.
  • Mobilidade social intergeracional: esse tipo analisa as mudanças de status entre diferentes gerações dentro de uma família. Por exemplo, a comparação entre a ocupação ou nível de renda dos pais e de seus filhos.
  • Mobilidade social intrageracional: foca as mudanças que ocorrem ao longo da vida de um indivíduo, como uma promoção no trabalho ou uma mudança de profissão que eleve sua posição social.
  • Mobilidade social estrutural: esse fenômeno ocorre devido a mudanças econômicas ou sociais em larga escala, como a industrialização, que cria novas oportunidades de emprego e desloca grandes populações entre as classes sociais.

Veja também: O que é uma classe social?

Características da mobilidade social

A mobilidade social está intrinsecamente ligada à estrutura de desigualdades em uma sociedade. Uma de suas características mais marcantes é a influência de fatores como origem social, raça, gênero e capital cultural sobre as chances de movimento entre diferentes posições. No caso brasileiro, por exemplo, estudos mostram que indivíduos de origem social menos favorecida enfrentam maiores barreiras para alcançar posições mais elevadas, mesmo com níveis educacionais comparáveis aos de seus pares mais privilegiados.

Outro aspecto importante é o papel da educação como motor de mobilidade. A obtenção de diplomas de ensino superior está fortemente associada à ascensão social, embora essa relação não seja universal. Em muitos casos, a origem social e as redes de contatos ainda desempenham um papel determinante.

Além disso, a mobilidade social não é uniforme dentro de um país; ela pode variar consideravelmente entre regiões e setores da economia. Por exemplo, áreas urbanas tendem a oferecer mais oportunidades de ascensão do que regiões rurais.

Causas da mobilidade social

Uma das formas possíveis de ascensão social é através da educação.

Diversos fatores contribuem para a mobilidade social, tais como:

  • Educação: um dos principais motores da mobilidade, a educação promove não apenas a aquisição de conhecimentos técnicos, mas também o acesso a redes sociais que podem impulsionar a carreira. No entanto, no Brasil, a desigualdade no acesso à educação de qualidade ainda limita as chances de mobilidade para muitas pessoas.
  • Mudanças econômicas: transformações estruturais, como a industrialização ou o crescimento de setores tecnológicos, criam novas oportunidades e aumentam a demanda por trabalhadores qualificados, facilitando a ascensão social.
  • Políticas públicas: medidas como programas de transferência de renda, cotas raciais e ações afirmativas podem reduzir as desigualdades e aumentar as chances de mobilidade social para grupos historicamente desfavorecidos.
  • Globalização: a abertura de mercados e o aumento do comércio internacional têm impulsionado a mobilidade social em alguns contextos, embora também possam intensificar desigualdades em outros.
  • Urbanização: a migração de áreas rurais para urbanas frequentemente está associada à busca por melhores oportunidades, especialmente em países em desenvolvimento como o Brasil.

Quais são os fatores que influenciam a mobilidade social?

A mobilidade social é influenciada por uma combinação de fatores individuais e estruturais:

  • Origem social: a classe de origem desempenha um papel crucial na determinação das oportunidades de mobilidade. Filhos de pais com maior capital econômico e cultural têm mais chances de ascender socialmente.
  • Raça e gênero: no Brasil, as desigualdades raciais e de gênero são barreiras significativas para a mobilidade. Negros e mulheres enfrentam desafios adicionais devido à discriminação e à menor valorização de seus trabalhos.
  • Capital cultural e social: o acesso a redes de contatos e a familiaridade com códigos culturais de classes mais altas também são fatores decisivos para a ascensão social.
  • Políticas educacionais: a qualidade e a acessibilidade da educação pública têm impacto direto na mobilidade social. Países com sistemas educacionais mais inclusivos tendem a apresentar maiores taxas de mobilidade.

Estratificação social x mobilidade social

Estratificação social e mobilidade social são conceitos interligados, mas distintos:

  • Estratificação social: refere-se à maneira como uma sociedade organiza seus membros em camadas hierárquicas baseadas em critérios como riqueza, poder e prestígio.
  • Mobilidade social: avalia a capacidade dos indivíduos de se deslocarem entre essas camadas.

Sociedades com altos níveis de estratificação social, como aquelas marcadas por fortes desigualdades de renda, frequentemente apresentam baixa mobilidade social. Em contrapartida, sociedades mais igualitárias tendem a oferecer maior fluidez social. O Brasil, com suas profundas disparidades econômicas e sociais, exemplifica os desafios de equilibrar esses dois fenômenos.

Mobilidade social no Brasil

No Brasil, a mobilidade social tem sido historicamente limitada por barreiras estruturais. A persistência de desigualdades raciais e de classe, aliada à falta de acesso universal a uma educação de qualidade, restringe as oportunidades de ascensão para grande parte da população. Ainda assim, avanços significativos foram registrados nas últimas décadas, impulsionados por políticas públicas como o Bolsa Família e as cotas universitárias.

A educação continua sendo um dos fatores mais importantes para a mobilidade no país. Contudo, mesmo com níveis educacionais elevados, indivíduos de origem social menos favorecida frequentemente enfrentam desafios no mercado de trabalho. Por exemplo, pessoas negras e pardas têm menores chances de alcançar posições de destaque, mesmo com qualificações semelhantes às de seus pares brancos.

Acesse também: Qual é o papel das instituições sociais?

Mobilidade social no mundo

A mobilidade social varia consideravelmente entre diferentes países e contextos. Nações escandinavas, como Suécia e Dinamarca, são frequentemente citadas como exemplos de alta mobilidade social, devido a suas políticas de bem-estar social e sistemas educacionais igualitários. Nos Estados Unidos, por outro lado, o conceito do "sonho americano" contrasta com uma realidade de mobilidade mais limitada, especialmente para indivíduos de origem social menos favorecida.

Em economias emergentes, como China e Índia, o rápido crescimento econômico tem gerado oportunidades de ascensão, embora as desigualdades persistam. Esses países mostram que a mobilidade estrutural pode ser um motor importante de transformação social, mas que, sem políticas inclusivas, os benefícios do crescimento econômico podem ser desigualmente distribuídos.

Importância da mobilidade social

A mobilidade social é essencial para a promoção da igualdade de oportunidades e para o fortalecimento da coesão social. Em sociedades com alta mobilidade, o mérito individual tende a ter um peso maior, incentivando o esforço e a inovação. Além disso, a mobilidade social reduz tensões sociais ao criar a percepção de que todos têm uma chance justa de sucesso.

Do ponto de vista econômico, sociedades com maior mobilidade social tendem a ser mais dinâmicas, uma vez que utilizam melhor o potencial humano. Por outro lado, a baixa mobilidade pode levar à perpetuação de desigualdades e ao desperdício de talentos.

Mobilidade social na história

Historicamente, períodos de grande transformação econômica e social, como a Revolução Industrial, foram acompanhados por aumentos na mobilidade social. No entanto, essas mudanças nem sempre beneficiaram a todos igualmente. No Brasil, por exemplo, a abolição da escravidão marcou um momento crucial, mas as populações negras e indígenas continuaram enfrentando barreiras significativas para a ascensão.

Durante o século XX, a urbanização e a industrialização proporcionaram novas oportunidades de mobilidade, especialmente para trabalhadores rurais. No entanto, as desigualdades estruturais persistiram, limitando o alcance dessas transformações.

Nos dias atuais, o desafio continua sendo equilibrar crescimento econômico com inclusão social, garantindo que a mobilidade seja uma realidade para todos.

Exercícios resolvidos sobre mobilidade social

Questão 1

Durante o século XX, o Brasil passou por diversas transformações econômicas e sociais que impactaram diretamente a mobilidade social de sua população. Com base nesse contexto, como as políticas públicas podem efetivamente promover a mobilidade social em sociedades marcadas por desigualdades estruturais?

A) Garantindo exclusivamente o acesso ao ensino superior para todas as camadas sociais.
B) Promovendo ações afirmativas que combinem acesso educacional e redução das desigualdades econômicas.
C) Focando apenas o crescimento econômico, já que este beneficia automaticamente toda a população.
D) Aumentando apenas o número de escolas técnicas em áreas urbanas, sem considerar outros fatores sociais.
E) Investindo em campanhas para incentivar o empreendedorismo sem abordar desigualdades prévias.

Resolução:

Alternativa B.

Políticas públicas eficazes devem combinar múltiplos esforços, como ações afirmativas que promovam inclusão educacional e medidas para reduzir desigualdades econômicas, garantindo que grupos historicamente desfavorecidos tenham acesso a oportunidades que levem à ascensão social. Apenas focar o crescimento econômico ou iniciativas isoladas não resolve os desafios estruturais da mobilidade social.

Questão 2

O conceito de mobilidade social está intrinsecamente ligado à distribuição de oportunidades dentro de uma sociedade. Com base nas informações acima, o que melhor explica a dificuldade de ampliação da mobilidade social em regiões menos desenvolvidas?

A) A falta de políticas públicas que contemplem as especificidades regionais.

B) A concentração exclusiva de empregos urbanos nas áreas rurais.

C) O crescimento desigual da população nessas áreas devido à migração.

D) A resistência cultural das populações locais às mudanças estruturais.

E) A menor necessidade de educação formal em economias rurais e informais.

Resposta correta:

Alternativa A.

A ampliação da mobilidade social em regiões menos desenvolvidas depende de políticas públicas que levem em consideração suas particularidades, como infraestrutura precária, menor acesso à educação de qualidade e falta de investimentos econômicos. Soluções que ignorem essas realidades tendem a perpetuar as desigualdades existentes.

Fontes

COSTA RIBEIRO, Carlos Antonio. Classe, raça e mobilidade social no Brasil. Dados – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v. 49, n. 4, p. 833-873, 2006.

COSTA RIBEIRO, Carlos Antonio; CARVALHAES, Flávio. Estratificação e mobilidade social no Brasil: uma revisão da literatura na sociologia de 2000 a 2018. BIB – Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais, São Paulo, n. 92, p. 1-46, 2020.

GUERREIRO OSÓRIO, Rafael. A mobilidade social dos negros brasileiros. Texto para Discussão n° 1033, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Brasília, 2004.

LEMOS, Ana Heloisa da Costa; DUBEUX, Veranise Jacubowski Correia; PINTO, Mario Couto Soares. Educação, empregabilidade e mobilidade social: convergências e divergências. Cadernos EBAPE.BR, v. 7, n. 2, p. 369-384, 2009.

RIBEIRO, Carlos Antonio Costa. Quatro décadas de mobilidade social no Brasil. Dados – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v. 55, n. 3, p. 641-679, 2012.

Publicado por Tiago Soares Campos

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