Formigas: veiculadoras de microrganismos
As formigas são insetos cosmopolitas pertencentes à família Formicidae. Elas têm grande capacidade de veiculação de certos microrganismos por fazerem relações parasitárias e mutualísticas com vegetais, animais, bactérias e fungos.
As formigas são animais que se deslocam muito rapidamente e normalmente percorrem áreas muito extensas, sendo por isso consideradas um vetor mecânico de alto risco em ambientes hospitalares, pois atuam como dispersores de microrganismos patógenos que causam as infecções.
Coletas realizadas em doze hospitais da cidade de São Paulo revelaram a presença de formigas, com maior concentração nos berçários e nas unidades de terapia intensiva (UTI), sendo que 16,5% de todas as formigas coletadas apresentavam bactérias causadoras de doenças. As formigas encontradas nos hospitais apresentavam bactérias em seu trato digestório, mas a hipótese de as formigas funcionarem como reservatórios bacterianos foi descartada, ficando comprovado que as bactérias patogênicas são encontradas na superfície corporal das formigas e também em seus ninhos.
Estudos microbiológicos realizados em formigas coletadas em ambientes hospitalares brasileiros de pequeno, médio e grande porte detectaram a presença de várias bactérias e fungos, como Bacillus spp., Candida sp., Enterobacter sp., Enterococcus sp., Pseudomonas aeruginosa, Serratia sp., Staphylococcus aureus, Staphylococcus sp., Streptococcus viridans, incluindo cepas multirresistentes de Acinetobacter sp., Klebsiella sp. e Streptococcus sp.
É importante frisar que a presença de formigas em ambientes hospitalares não sinaliza a falta de higiene, pois algumas espécies de formigas são atraídas por material esterilizado, e até são consideradas como bioindicadores de limpeza, por preferirem locais higienizados. Isso, no entanto, não descarta o fato de essas formigas serem veiculadoras de microrganismos.
Para traçar uma estratégia de controle eficiente desses animais, o biólogo deverá identificar cada espécie de formiga e verificar sua distribuição espacial. Dessa forma, poderá analisar quais são os parasitas e quais interações mutualísticas elas têm com outros insetos, plantas, fungos e microrganismos. A partir dessa análise, o profissional pode traçar estratégias de controle eficazes, para erradicar esses animais do ambiente em questão, pois um controle realizado de forma incorreta pode reduzir a diversidade de espécies no ambiente, propiciando uma menor competição interespecífica entre elas, desencadeando, consequentemente, uma explosão populacional.