Energia Geotérmica
O planeta Terra, como sabemos, é revestido pela crosta terrestre, uma fina camada de rochas que se encontra acima do manto, que, por sua vez, trata-se de uma camada com elevada profundidade e composta basicamente por magma. Este designa as rochas que estão em estado fluido ou pastoso em razão das elevadas temperaturas do interior do planeta.
Todo esse calor interno eventualmente se manifesta em algumas áreas da superfície, geralmente em erupções vulcânicas, fendas geológicas ou áreas de aquecimento interno, provocando o surgimento de gêiseres de vapor e nascentes de água quente. A energia geotérmica seria o aproveitamento de todo esse calor interno para a produção de eletricidade.
As usinas geotérmicas são, portanto, as responsáveis por converter o calor interno da Terra em energia elétrica, e isso é realizado da seguinte forma: a) capta-se a água quente ou já em forma de vapor no interior da Terra através de tubos especificamente elaborados; b) direciona-se esse vapor que é liberado sob forte pressão; c) o vapor liberado move as turbinas que giram mecanicamente; d) as turbinas acionam o gerador que produz energia elétrica; e) em alguns casos, o vapor é armazenado e reaproveitado quando é convertido em água.
Esquema básico simplificado de uma estação geotérmica
Em alguns sistemas de produção de energia elétrica através do calor da Terra, injeta-se água no subsolo aquecido para que ela transforme-se em calor e retorne em forma de vapor, que, da mesma forma do caso anterior, aciona as turbinas que ativam o gerador.
A energia geotérmica, em alguns casos, também é utilizada para o aquecimento de água em áreas residenciais ou até em cidades inteiras durante o inverno, quando se aproveita a água quente para uso. Há também o uso do aquecimento interno da Terra para a produção de calor e para a utilização em aquecedores ou aparelhos térmicos em geral utilizados em estufas, campos de pesca, áreas de lazer, entre outros.
No Brasil, a energia geotérmica é utilizada apenas dessa forma, em algumas localidades onde o aquecimento da água pode ser aproveitado, quase sempre em áreas de lazer, pois não há necessidade de aquecimento da água residencial em razão do clima. Duas cidades que utilizam suas fontes térmicas para o turismo são Poços de Caldas (MG) e Caldas Novas (GO).
Vantagens e desvantagens da energia geotérmica
Entre as vantagens da energia geotérmica para a produção de eletricidade, podemos enumerar os seguintes itens:
a) Não opera através da queima de combustíveis. Assim, não há a necessidade de importação e compra de matéria-prima, diminuindo os gastos de produção. Gasta-se menos com centrais geotérmicas do que com usinas petrolíferas ou nucleares, que possuem um alto custo para a aquisição de produtos primários.
b) Não agride o solo. Apesar das perfurações internas, a energia geotérmica não ataca o relevo e nem desgasta o solo, tampouco inunda grandes áreas ou contamina o lençol freático, tal qual ocorre com outras fontes de energia.
c) Não emite Dióxido de Carbono ou Gás Metano. O vapor liberado não agride severamente a atmosfera, pois não emite gases como o CO2 e o CH4.
d) Benefício para áreas afastadas. Em zonas onde não há um amplo acesso à rede elétrica, as usinas geotérmicas podem atender as necessidades da população rapidamente, principalmente em zonas apropriadas para a sua instalação.
e) Possui uma produção flexível. A produção de eletricidade nessas usinas pode variar conforme a demanda, não dependendo de reservatórios de água, disponibilidade de matérias-primas, entre outros.
f) Não é vulnerável ao clima. As variações climáticas não interferem no funcionamento das centrais geotérmicas, ao contrário do que ocorre, por exemplo, com a energia solar ou eólica.
Já dentre as desvantagens da energia geotérmica, podemos citar:
a) Eventual afundamento do terreno. Apesar de não desgastar o solo, as centrais geotérmicas podem desgastar as áreas internas da crosta, podendo provocar eventuais abalos na superfície. Por isso, em alguns casos, é necessária a injeção de água ou outro componente para preencher as composições endógenas.
b) Emissão de H2S. Junto ao vapor d'água, é comum haver a liberação de dióxido de enxofre, que pode não atacar a atmosfera, mas é danoso à saúde humana, além de ser altamente corrosivo e de odor desagradável.
c) Poluição sonora e elevado aquecimento local. Geralmente, as usinas geotérmicas geram muito barulho, fato que, somado ao elevado aquecimento local, inviabiliza a instalação de casas e comunidades em seus arredores.
d) Possível contaminação de rios e lagos. Os fluidos térmicos podem liberar composições minerais que, se não retidas corretamente, podem afetar cursos d'água em áreas próximas às usinas.
e) Alto custo de investimento. Embora a manutenção das usinas geotérmicas seja pequena, a sua construção e instalação são caras, em razão da onerosa tecnologia, fator que pode ser alterado nos próximos anos.
f) Opera apenas em alguns lugares. Assim como ocorre com a maioria das fontes de energia, a geotérmica só pode ser operada em áreas propícias, de elevado aquecimento interno e onde o acesso às áreas termais seja fácil e menos dispendioso. Isso inviabiliza a sua utilização na maioria dos locais.