Fluxos da sociedade global
Os avanços promovidos pela Revolução Técnico-Científica Informacional acarretaram uma maior expansão do sistema capitalista pelo mundo, transcendendo todas as suas fronteiras e ampliando os seus horizontes de ação. Assim, consolidou-se o processo de globalização – visto, por muitos, como uma mundialização –, que permitiu a instauração da chamada “Aldeia Global”.
A globalização, sob vários aspectos (econômico, político, urbano, territorial etc.), atua por meio da consolidação de um sistema informacional, que se estrutura a partir da formação de redes geográficas, ou seja, por um sistema interconectado de pontos e ligações entre eles. A partir disso, podemos entender a relação de nós interconectados entre si ou a composição de fixos e fluxos que estruturam a economia mundial. De toda forma, o processo de globalização seria inimaginável se não houvesse os fluxos internacionais que estruturam a sua existência.
Entende-se por fluxos da sociedade global a cadeia interconectada entre as diferentes partes do mundo que permite a circulação – nem sempre livre – de elementos econômicos, informações e pessoas. Portanto, os fluxos podem ser considerados, em muitas abordagens, como a materialização da globalização no espaço geográfico.
Fluxos econômicos
Os fluxos econômicos na sociedade global apresentam-se por meio do deslocamento de capitais, empresas, mercadorias e investimentos. Com os avanços proporcionados no âmbito dos meios de transporte e comunicação, a economia mundializou-se e passou a integrar todas as diferentes partes do mundo, embora de maneira desigual e hierárquica.
Não obstante, os principais fluxos que acontecem no âmbito atual do Capitalismo Financeiro e Informacional são os de capitais. Todos os dias uma quantidade muito grande de dinheiro circula em todo o mundo na forma de bits de computador, sem, na maioria dos casos, materializar-se totalmente. Na verdade, estima-se que a maior parte de todo o capital existente não se encontre mais na forma de dinheiro impresso.
Os chamados “capitais especulativos” encontram-se no centro desse processo. Muitas vezes, os investidores preferem concentrar-se em títulos, juros de dívidas públicas e privadas, ações e outros para valorização e posterior arrecadação. Com isso, o retorno é mais rápido, embora a ausência de investimentos na produção proporcione uma série de prejuízos em termos internacionais.
A circulação de “capitais produtivos” também é bastante relevante para a economia global. Ela ocorre por meio de investimentos em determinados setores da atividade econômica, tais como fábricas, comércios, lojas etc. Outra forma é o deslocamento das próprias empresas, que migram para países onde os fatores locacionais são mais vantajosos. Em algumas indústrias de empresas multinacionais, a produção é dividida em várias fábricas, cada uma localizada em uma parte do mundo, com a montagem acontecendo em um local igualmente distinto.
Fluxos de Informações
Não são poucos os autores que classificam a era atual como a era da sociedade informacional, com destaque para Manuel Castells, Milton Santos e David Harvey. A expansão dos meios de comunicação e as facilidades geradas fazem com que o mundo inteiro esteja interligado, o que permite a difusão de conceitos, costumes e tradições.
Os principais meios que permitem a difusão dos fluxos de informações são o rádio, a TV, as revistas, jornais e, principalmente, a internet. Em termos de comparação, um acontecimento importante na Europa do século XVIII levava dias ou até meses para ser informado em outros territórios. Atualmente, eventos com a mesma relevância ou até menos importantes são informados em todo o mundo quase que em tempo real.
Com isso, gera-se um acúmulo muito grande de dados e informações sobre os mais diversos elementos e acontecimentos existentes no mundo. Todavia, o acesso a esses sistemas ainda é muito limitado e desigual, de forma que a maior parte desses fluxos obedece a um círculo privilegiado de pessoas.
Fluxo de pessoas
Por extensão aos avanços tecnológicos provocados ao longo do século XX e início do século XXI, o fluxo internacional de pessoas também vem se intensificando na era da globalização atual. A expansão desse fluxo acontece de duas formas: o turismo e a migração.
O turismo, não por acaso, é a atividade do setor terciário que mais vem crescendo no planeta, com milhões de pessoas se deslocando todos os anos sob os mais diferentes interesses. Com isso, as cidades receptoras e também os meios de transporte vão se adequando a essa realidade, o que resulta na modernização de seus respectivos sistemas de recepção, deslocamento e hospedagem, gerando cifras milionárias em termos de lucros e produção de riquezas.
As migrações internacionais também se intensificam no planeta e configuram-se sob muitos aspectos. Muitas migram por razões humanitárias, sociais, econômicas e afetivas, muito embora existam muitas barreiras estabelecidas pelos países para conter esse processo. É muito comum a migração de pessoas de um país para outro (muitas vezes por meios ilegais) em busca de maior geração de renda e oportunidades.
Portanto, como podemos observar, os fluxos que estruturam a sociedade global e suas redes internacionais são compostos por interações econômicas, informacionais e demográficas. Estas, por sua vez, permitem a expansão mundial de outros elementos, tais como os costumes culturais ou regionais, religiões e as práticas socioespaciais de um modo geral.