Vento

O vento é o resultado do movimento do ar na atmosfera, sendo ele importante para a regulação das temperaturas e para o transporte de umidade no planeta Terra. Os ventos, como os alísios, os contra-alísios, as brisas e as monções, formam-se devido ao gradiente de pressão atmosférica e de temperatura que é observado entre diferentes regiões. Eles podem originar fenômenos como os ciclones e os tornados, além de influenciar na mudança temporária da circulação geral da atmosfera por meio do desenvolvimento do El Niño e do La Niña.

Leia também: Como é a atmosfera terrestre?

Resumo sobre o vento

• Vento é o resultado do movimento do ar na atmosfera.
• O vento tem funções importantes, como a regulação das temperaturas do planeta e o transporte de umidade.
• A principal causa dos ventos é o gradiente de pressão entre duas áreas. A temperatura também interfere na formação desse fenômeno.
• Os ventos podem ser classificados de acordo com a origem, com o destino, com a temperatura e com a umidade em:
  • alísios, que são ventos quentes e úmidos que sopram dos trópicos para o Equador;
  • contra-alísios, que são ventos quentes e secos que sopram do Equador para os trópicos;
  • monções, que são ventos sazonais que mudam de direção conforme a estação do ano;
  • brisas, que são ventos leves que sopram tanto no litoral quanto no interior do continente.
• Os ventos deslocam-se de uma região de alta pressão atmosférica para uma região de baixa pressão atmosférica.
• A rotação do planeta Terra e o efeito de Coriolis por ela produzido afetam, também, a direção em que se deslocam os ventos.
• Existem fenômenos meteorológicos que são influenciados pelos ventos, como o El Niño e o La Niña, e aqueles que são formados por ventos, como ciclones e tornados.
• Diversos ventos atuam sobre o Brasil, em especial aqueles que se encontram na Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e na Zona do Atlântico Sul (ZCAS).
• Os ventos no Brasil causam mudanças no tempo atmosférico, transportam umidade de uma área para outra e fazem a regulação de temperaturas.

O que é o vento?

O vento é o resultado do movimento do ar na atmosfera. Assim como acontece com as massas de ar, os ventos apresentam características que são próprias da área em que se originaram, podendo alterar profundamente o tempo atmosférico das regiões por onde eles sopram.

Esse fenômeno atua como um importante fator do clima, realizando a regulação térmica do planeta Terra e a transferência de umidade de uma área até outra. Além disso, ele participa de processos que são fundamentais para a manutenção biosfera, como é o caso da polinização. Em contrapartida, quando atingem alta velocidade, os ventos podem oferecer risco à vegetação, aos animais e também à população. Seus impactos dependem, então, do tipo e das características do vento.

O que causa os ventos?

A diferença de pressão atmosférica entre duas áreas da superfície terrestre é a principal causa dos ventos. É o gradiente de pressão, portanto, que determina o comportamento do ar na atmosfera, especialmente de onde ele parte e para onde ele vai. As áreas de alta pressão, ou anticiclones, são aquelas que expulsam o ar (movimento divergente), enquanto as áreas de baixa pressão, os ciclones, recebem esse mesmo ar (movimento convergente). Por isso, dizemos que os ventos sopram de centros de alta pressão atmosférica para centros de baixa pressão atmosférica. Contudo, a pressão atmosférica sozinha não explica o fenômeno.

A temperatura também interfere na formação dos ciclones ou dos anticiclones. As temperaturas elevadas deixam o ar menos denso, o que causa o seu movimento ascendente na atmosfera e a formação, portanto, de um centro de baixa pressão. Em contrapartida, as baixas temperaturas são responsáveis pelos centros de alta pressão atmosférica. Assim sendo, podemos afirmar que o calor e a latitude, que interfere na variação térmica, participam do processo de formação dos ventos.

Quais são os tipos de ventos?

A classificação dos ventos leva em consideração um conjunto de aspectos, dentre os quais se destacam:

• origem (localização e características da área, como relevo);
• sentido do deslocamento;
• velocidade;
• teor de umidade;
• temperatura.

Com base nesses fatores, observam-se os seguintes tipos de vento:

• Alísios: os ventos alísios são um tipo de vento constante, o que significa dizer que eles acontecem a todo momento e que não dependem de aspectos efêmeros da atmosfera. Os alísios são ventos quentes e úmidos que têm origem próximo do Trópico de Câncer e do Trópico de Capricórnio e sopram em direção à Linha do Equador. Tanto os alísios provenientes do Hemisfério Norte (ventos de oeste) quanto do Hemisfério Sul (ventos de leste) encontram-se na mesma área, criando, assim, a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). Nessa área, predominam climas quentes e muito úmidos, como o clima equatorial do norte do Brasil.

• Contra-alísios: assim como os ventos alísios, eles são ventos constantes. Os contra-alísios são ventos quentes e secos que sopram da região da Linha do Equador em direção a áreas de média latitude na zona intertropical. Por causa das suas características, os ventos contra-alísios são responsáveis pela formação de grandes áreas desérticas, como o Deserto do Saara no continente africano.

• Monções: esses são ventos periódicos (ou sazonais) muito comuns no continente asiático, principalmente no subcontinente indiano (Bangladesh, Paquistão, Índia e outros países). As monções são ventos que alternam de sentido de acordo com a estação, motivo pelo qual podemos falar em monções de verão e monções de inverno.

• Brisas: são ventos periódicos que podem acontecer tanto no litoral quanto no interior dos continentes. Diferente dos ventos que vimos acima, as brisas são movimentos leves que têm origem próximo da superfície. A seguir, conheça os diferentes tipos de brisa, classificados de acordo com o local de origem:

As brisas que acontecem no interior dos continentes são as chamadas brisas de vale e brisas de montanha. Entenda a diferença entre elas:

Movimento dos ventos

Os ventos movimentam-se em direções e em sentidos diferentes de acordo com fatores que são inerentes ao funcionamento do Sistema Terra. Não somente isso, mas os ventos também deslocam-se em partes distintas da atmosfera: ventos quentes tendem a mover-se em maior altitude do que os ventos frios, o que decorre da densidade do ar que eles representam. Retomando a questão das características do planeta, aquela que mais interfere no movimento dos ventos é a rotação.

Lembremos que a rotação é o movimento que a Terra realiza em torno do seu próprio eixo. Em conjunto com a velocidade de rotação, que aumenta dos polos em direção ao Equador, esse movimento terrestre produz um efeito que é chamado de Efeito de Coriolis, atuante tanto na superfície quanto na atmosfera. Uma vez que a Terra gira no sentido oeste-leste, a força de Coriolis impõe-se perpendicularmente, isto é, no sentido norte-sul. Por causa dela, os ventos não se movem em uma linha reta. Pelo contrário, há um pequeno desvio na rota desse ar que é identificado em cada um dos hemisférios da seguinte maneira:

• no Hemisfério Norte, o desvio dos ventos acontece para a direita;
• no Hemisfério Sul, esse desvio é feito para a esquerda.

Acesse também: Quais são as zonas térmicas da Terra?

Ventos e os fenômenos meteorológicos

Os ventos podem tanto caracterizar um fenômeno meteorológico quanto auxiliar na sua formação. Entenda:

• Os ciclones, o que inclui furacões e tufões, são sistemas compostos por ventos que se movem em alta velocidade em torno de centros de baixa pressão atmosférica. Eles formam-se sobre a superfície dos oceanos e são os responsáveis por tempestades severas. Quando a velocidade dos ventos ultrapassa 119 km/h, eles recebem o nome de furacão, no norte do Oceano Atlântico e no nordeste do Pacífico, ou tufão, no Oceano Índico e no sudoeste do Pacífico.

• Tornados também são fenômenos marcados pelos fortes ventos que giram em torno de um centro de baixa pressão atmosférica. Sua velocidade pode superar 500 km/h, e eles possuem alto potencial de destruição. Diferente dos ciclones, os tornados formam-se sobre o continente.

• Os ventos alísios, que são parte da circulação geral da atmosfera, são os responsáveis pelo El Niño e pelo La Niña. Quando eles sopram com força maior do que a habitual, eles empurram a camada de água aquecida do Oceano Pacífico para mais perto da costa oeste da América do Sul, o que gera o fenômeno conhecido como El Niño. Quando os alísios estão enfraquecidos, as águas frias que ressurgem no litoral sul-americano ocupam maior área, causando o resfriamento anormal das águas do Pacífico e instalando, assim, o La Niña.

Ventos no Brasil

O território brasileiro está sob a influência de diferentes sistemas de ventos, os quais são responsáveis por aspectos importantes dos climas que são observados no país e, sobretudo, pela alteração do tempo atmosférico no decorrer do ano.

A maior parte do Brasil encontra-se na área de formação de duas grandes zonas de convergência de massas de ar: a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), próxima da Linha do Equador, e a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), que se estende de noroeste a sudeste e afeta o tempo desde o sul da Amazônia até estados do Nordeste, do Sudeste e do Sul do país. Como o nome sugere, ambas as zonas de convergência atraem ventos constantes que carregam grande teor de umidade, o que ocasiona a formação de chuvas. Quando a posição delas muda, é possível identificar, também, a alteração no padrão pluviométrico das áreas que elas influenciam.

Existem, sobre o território nacional, ventos locais que desempenham a função de carregar a umidade das regiões de menor latitude para aquelas mais próximas do Trópico de Capricórnio. Esse fenômeno é conhecido como rios voadores, responsáveis por causar chuvas por onde passam. No litoral brasileiro, especialmente no litoral leste, há a atuação das brisas marítimas e continentais. São elas que fazem com que o clima tropical atlântico, que caracteriza essa região, apresente baixa amplitude térmica anual e diária.

Videoaula sobre vento

Exercícios resolvidos sobre vento

Questão 1

(Unesp) Analise os esquemas que demonstram o funcionamento da dinâmica dos ventos na faixa litorânea.

Esse funcionamento é explicado:

A) pelo aquecimento diferencial da superfície e a consequente formação de um gradiente de pressão.

B) pela advecção do ar na vertente a barlavento e a seguinte saturação do vapor nos níveis mais elevados da atmosfera.

C) pelo encontro de ventos alíseos em baixas latitudes e a decorrente ascendência das massas de ar úmidas.

D) pela formação de movimentos turbilhadores do ar em grande escala e a subsequente chuva forte sobre os oceanos.

E) pela ascensão forçada do ar úmido nas áreas de contato de massas de ar e a posterior formação de nuvens cumuliformes.

Resolução:

Alternativa A.

A formação das brisas, assim como de outros tipos de vento, pode ser explicada pelo gradiente de pressão que se forma entre áreas com diferentes temperaturas.

Questão 2

(Vunesp) Na ilustração a seguir está representado o padrão mundial de ventos, considerando a posição do Sol durante o equinócio. Nela, é possível verificar os principais ventos que atuam em nível mundial.

(https://gatorscience7.weebly.com/global-and-local-winds.html/Adaptado)

Dentre os ventos representados, encontram-se aqueles que formam a chamada célula de Hadley, que circulam entre as latitudes 30º N e 30º S, denominados ventos alísios.

Sobre esse padrão de circulação, verifica-se, corretamente, que:

A) devido à subida de massas de ar, forma-se uma região de alta pressão no equador.

B) os ventos alísios de 30º S são mais aquecidos e levam esse calor para o equador.

C) no hemisfério sul, os ventos alísios sopram de sudeste para noroeste.

D) o encontro das duas massas de ar no equador origina uma região seca e quente.

E) na região de 30º N, as massas de ar são ascendentes e muito úmidas.

Resolução:

Alternativa C.

No Hemisfério Sul, os ventos alísios sopram para o oeste, mais especificamente de sudeste para noroeste, como é possível observar na imagem entre as latitudes 0º e 30º S.

Fontes

Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Disponível em: https://portal.inmet.gov.br/.

NOAA. Origin of Wind. National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), 03 abr. 2024. Disponível em: https://oceanservice.noaa.gov/facts/tradewinds.html.

NOAA. What are the trade winds? National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), 16 jun. 2024. Disponível em: https://oceanservice.noaa.gov/facts/tradewinds.html.

REDAÇÃO. The Coriolis Effect: Earth's Rotation and Its Effect on Weather. National Geographic, [s.d.]. Disponível em: https://education.nationalgeographic.org/resource/coriolis-effect/3rd-grade/.