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Quais são os países mais corruptos?

Os países mais corruptos, em sua maioria, são de economias subdesenvolvidas ou emergentes, segundo dados do Índice de Percepção da Corrupção (IPC).
A corrupção é um problema que afeta todos os países, principalmente os subdesenvolvidos
A corrupção é um problema que afeta todos os países, principalmente os subdesenvolvidos

A corrupção é, sem dúvidas, um dos maiores problemas estruturais vivenciados em todo o mundo, pois mostra-se como uma forma de prejudicar o funcionamento do setor público e os investimentos sociais em benefício de algumas poucas pessoas. Mas ao contrário do que se possa imaginar, esse problema não é exclusivo do Brasil ou de uma frente específica do poder, pois se manifesta como uma questão diretamente atrelada à busca individual pelo lucro. Assim sendo, todos os países, em maior ou menor grau, apresentam os seus níveis de corrupção e tráfico de influências.

Por essa razão, a Transparência Internacional – uma organização não governamental – elaborou o chamado Índice de Percepção da Corrupção (IPC), que apresenta uma lista organizada sobre os países mais corruptos do mundo e os locais onde esse problema apresenta-se em menor grau.

O cálculo do Índice de Percepção da Corrupção é realizado da seguinte forma: classifica-se cada país em uma nota que vai de zero (altamente corrupto) a cem (altamente limpo), baseando-se em critérios específicos. Entre esses critérios, citam-se pesquisas e entrevistas com especialistas, empresários, políticos e outros; as ações públicas para promover a transparência e combater a corrupção; os casos registrados; a comparação entre os países pesquisados; entre outros.

De acordo com o IPC – dados de 2014 –, os países mais corruptos do mundo são, respectivamente, Somália, Coreia do Norte, Sudão, Afeganistão e Sudão do Sul, todos eles com 15 ou menos pontos no índice que vai de 0 a 100. Já os países menos corruptos do mundo são, respectivamente, Dinamarca, Nova Zelândia, Finlândia, Suécia, Noruega e Suíça, todos com mais de 85 pontos*.

Em 2014, o Brasil ficou em 69º lugar no IPC e obteve uma pontuação de 43 pontos, número bastante parecido com o dos anos anteriores, o que demonstra um quadro nacional de estagnação. A expectativa é que o país possa melhorar esse índice frente às medidas recém-tomadas (como a Lei da Ficha Limpa e outras) e, por incrível que pareça, aos escândalos recém-descobertos, que vêm culminando na prisão dos culpados (embora nem todos os casos tenham sido amplamente divulgados pela mídia e devidamente julgados).

Gráfico comparativo de alguns países com base no Índice de Percepção da Corrupção
Gráfico comparativo de alguns países com base no Índice de Percepção da Corrupção

Se analisarmos com certa atenção os dados do IPC no mundo, poderemos verificar que existe uma correlação entre o subdesenvolvimento e a corrupção, embora muitos países desenvolvidos também sofram com esse problema. Na Alemanha, por exemplo, o seu presidente teve que renunciar após uma série de denúncias envolvendo o seu nome no ano de 2012. Contudo, muitos dos países mais corruptos do mundo são subdesenvolvidos e isso não é uma mera coincidência, haja vista que uma questão leva à outra.

No continente africano, muitos dos governos são antidemocráticos e investem boa parte de seus recursos em armamentos, desviando grande quantidade das verbas públicas para atender aos interesses de seus políticos, incluindo as verbas recebidas em forma de ajuda humanitária enviada por alguns países, pela ONU e por outras entidades internacionais. Além da África, a corrupção é considerada um problema crônico em outras regiões, como o sul da Ásia, o Caribe e a América Latina.

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As limitações do Índice de Percepção da Corrupção

Embora a organização Transparência Internacional seja considerada uma entidade isenta e uma referência mundial na medição e avaliação da corrupção em todo o mundo, o IPC apresenta as suas limitações, pois é apenas um índice de percepção, ou seja, não consegue observar todos os casos de corrupção que ocorrem. Afinal, é difícil analisar com detalhes esse problema, pois uma parte dos casos sequer é descoberta ou aparece em qualquer tipo de registro, de modo que o IPC serve mais como uma orientação geral, uma estimativa, do que um dado de precisão máxima.

Analisar o dinheiro que se perde com a corrupção e os locais onde ela acontece é semelhante a qualquer estudo realizado sobre atividades ilícitas em geral, como é o caso do tráfico de drogas. Pode-se até estimar onde são os locais onde o narcotráfico mais ocorre e qual é a quantidade de capital que ele movimenta, mas nunca se chegará a um valor exato, pois boa parte dos lucros dos grandes traficantes é ocultada por esquemas de lavagem de dinheiro e outros, tornando-se imperceptível para a política e órgãos fiscalizadores. O mesmo acontece com a medição da corrupção e outras atividades irregulares.

Outro problema do IPC é o fato de esse índice analisar somente a corrupção pública, que envolve o Estado e a suas esferas Executiva, Legislativa e Judiciária, excluindo as instituições privadas que sonegam impostos e até a mídia, que muitas vezes atua no sentido de acobertar casos públicos de esquemas ilícitos. A Suíça, por exemplo, está entre os países menos corruptos, mas os seus bancos recebem bilhões de dólares de dinheiro sonegado em todo o mundo. Se essa prática fosse levada em consideração, com certeza os suíços despencariam nesse ranking.

Para se ter uma ideia dessa questão, é importante comparar os seguintes dados: estimativas apontam uma perda de R$85 bilhões com a corrupção pública no Brasil, enquanto a sonegação de impostos chega a R$415 bilhões anuais. Essa perda é também muito impactante, pois esses impostos não pagos, sobretudo por grandes empresas e bancos, poderiam ser utilizados para os mais diversos fins, incluindo educação, transporte, saúde e segurança.

Portanto, o combate à corrupção no mundo é um desafio muito grande, principalmente quando a regra do atual sistema econômico é a obtenção de lucro individual, de forma que sempre haverá pessoas dispostas a cumprir esse objetivo de maneiras ilícitas, seja na esfera pública, seja privada. Por isso, além da aprovação de leis que busquem diminuir esse problema, é necessário que a população exerça um papel ativo, cobrando de empresas e governantes de todos os partidos políticos uma maior transparência em suas ações.

* Fonte dos dados: Transparency Internacional, CPI 2014.

Publicado por Rodolfo F. Alves Pena

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