As estruturas verbais e o pronome “se” – uma particular concordância
Recorremo-nos, primeiramente, a dois enunciados linguísticos que nos possibilitarão compreender, de modo eficaz, o assunto ora abordado:
No primeiro deles, relembramos os casos relacionados aos tipos de sujeito nos quais há uma regra que diz o seguinte:
Quando o verbo estiver na terceira pessoa do singular, acompanhado do pronome “se” estamos diante de um sujeito indeterminado.
Mas foquemos nossa atenção somente no primeiro exemplo, cujo verbo se caracteriza como transitivo indireto, uma vez que quem necessita, necessita de algo. Dessa forma, como dito anteriormente, por se tratar de um sujeito indeterminado, o verbo deverá permanecer sempre na terceira pessoa do singular. Nesse caso, dizemos que o “se” se caracteriza como índice de indeterminação do sujeito. Entretanto, tal regra também se aplica a verbos intransitivos e de ligação. Eis que nos demonstram os seguintes exemplos:
Era-se mais feliz antigamente. Temos aqui um verbo de ligação (verbo ser).
Vive-se bem aqui. Constatamos que se trata de um verbo intransitivo, pois se somente disséssemos “vive-se”, o sentido já estaria completo.
Retornemos agora ao segundo enunciado, o qual constatamos se tratar de um verbo transitivo direto, ou seja, o que destruiu? Assim, temos como complemento “toda confiança que tínhamos em você”. Outra particularidade, que também se aplica ao caso em questão, é que a oração se encontra na voz passiva sintética, que pode ser transformada na voz passiva analítica, sendo assim expressa:
Toda confiança que tínhamos em você foi destruída.
Em face desses pressupostos, ou seja, em se tratando de verbos transitivos diretos e transitivos diretos e indiretos na formação da voz passiva sintética, podemos dizer que o “se” se caracteriza como pronome apassivador. Portanto, o verbo deverá concordar com o sujeito da oração. Como é o caso de construções do tipo:
Alugam-se apartamentos.
Construíram-se novos postos de atendimento à população.
Destruíram-se todos os projetos arquitetônicos.
E assim por diante...
Por Vânia Duarte
Graduada em Letras