Uso do pronome cujo
A classe gramatical representada pelos pronomes se apresenta um tanto quanto complexa, dadas as suas subdivisões. Em se tratando delas, os conhecimentos que temos dos fatos linguísticos nos apontam, quando se fala do pronome “cujo”, que ele integra a classe dos pronomes relativos. Caso queira retomar algumas noções acerca desse assunto, acesse o texto “Pronome relativo”.
Conceitos assim relembrados, partamos rumo ao intento de nossa discussão – abordar acerca do uso do pronome em questão. Para tanto, a primeira consideração a fazer é que tal pronome não se encontra tão presente na fala quanto na linguagem escrita. Consideremos, pois, alguns aspectos expostos a seguir:
* O pronome em estudo somente é utilizado no sentido de posse, fazendo referência ao termo antecedente e ao substantivo subsequente. Exemplo:
A garota cujos pais estiveram na reunião é a que mais se destaca.
Uma simples análise nos faz inferir que se trata dos pais da garota (daí a ideia de posse).
* Não se usa artigo definido entre o referido pronome (cujo) e o substantivo subsequente. O exemplo a seguir nos aponta tal recorrência:
A garota cujos os pais estiveram na reunião é a que mais se destaca. Colocação inadequada.
Portanto, optemos pela forma correta, sendo essa assim demarcada:
A garota cujos pais estiveram na reunião é a que mais se destaca.
* Esse pronome deve ser expresso antecedido de preposição sempre que a regência dos termos posteriores exigir. Comprovemos tal afirmação por meio de alguns casos representativos:
- Aquele é o professor de cuja aula nem todos participam.
Analisando a transitividade do verbo participar, constatamos que se trata de um verbo transitivo indireto, resultando, assim, no uso da preposição (de).
- Esta é a professora em cuja capacidade todos confiam.
O verbo confiar também se apresenta como transitivo indireto. Quem confia, confia em alguém.
- Esta é a professora a cujos trabalhos fizemos elogios.
Fizemos elogios aos trabalhos de alguém – aos da professora, portanto.
- Aquele é o amigo com cujas ideias não concordo.
Ao concordarmos, concordamos com algo – daí a transitividade do verbo em questão (concordar com).
- São estes os participantes contra cujas ideias sempre lutamos.
Lutamos sempre contra as ideias de alguém, no caso, dos participantes.
Outro aspecto, além desses abordados, figura-se no fato de o pronome “cujo” se apresentar como variável, isto é, ele concorda em gênero e número com o subsequente. Assim sendo, atente-se para essa questão.