Uso das preposições
O uso das preposições faz referência aos postulados gramaticais, e, como tal, deve integrar as nossas habilidades no que tange ao saber linguístico. Sabemos que elas pertencem àquelas dez classes gramaticais que, didaticamente, essa mesma gramática condicionou. Assim sendo, as preposições, assim como todas as outras classes, “colaboram” na formulação de nosso pensamento e, consequentemente, na construção de nossos discursos.
Pois bem, munidos de tais conceitos, vamos aprofundar nossa discussão perpassando pelos caminhos da sintaxe: sabemos que as preposições também estão relacionadas à predicação verbal, ou seja, quando transitivos indiretos, os verbos se ligam a seus complementos por meio dessa “famosa” palavrinha. Como consequência, deparamo-nos com outro fato linguístico – a chamada regência verbal, a qual faz referência a essa relação existente entre os verbos e os termos que os completam.
Chegamos, enfim, ao ápice de nossa discussão, que é analisar alguns relevantes aspectos do uso das preposições, sobretudo em se tratando da regência verbal, visto que, de acordo com determinadas situações comunicativas, esse uso fica a desejar, ora por descuido por parte do emissor, ora por desconhecimento acerca dos fatos que norteiam a língua. Assim, vejamos alguns recorrentes casos:
Esses são os artistas que o povo gosta.
Ora, quem gosta, gosta de algo ou de alguém. Minha amiga preposição, onde estás?
Assim, o correto seria:
Esses são os artistas de quem o povo gosta.
Ou ainda: Esses são os artistas dos quais o povo gosta.
Aquele é o médico que você confia.
Quem confia só pode confiar em algo ou em alguém. Dessa forma, o discurso ficaria melhor assim:
Aquele é o médico em quem você confia. Ou ainda:
Aquele é o médico no qual você confia.
Essa é a garota que eu me refiro.
Quando fazemos referência, fazemos referência a algo ou a alguém. Assim sendo, temos:
Essa é a garota a que eu me refiro.
Essa é a garota a qual eu me refiro.
Perdi a oportunidade de negócio que eu precisava.
Se precisamos, precisamos de algo. Dessa maneira, temos:
Perdi a oportunidade de negócio da qual eu precisava.
Assim, devemos ficar atentos à regência que se atribui ao verbo, de modo a não deixarmos a preposição jogada ao léu, não é mesmo?