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Verbos anômalos

Os verbos anômalos são verbos que mudam de radical ao longo da conjugação. Verbos anômalos e verbos irregulares não são sinônimos, pois, enquanto os irregulares sofrem alteração em um mesmo radical, os anômalos mudam de radical. Exemplos disso são os verbos  “ser” e “ir”, entendidos como anômalos por excelência. No entanto, é preciso destacar que esse aspecto quanto à classificação dos verbos domina boas pautas de discussões entre os gramáticos, entre eles Maria Helena de Moura Neves, Celso Cunha e Napoleão Mendes de Almeida, havendo muitas divergências.

Leia também: Vozes verbais – relação entre o sujeito de um enunciado e a ação do verbo

Conjugação dos verbos anômalos

Ao longo do processo de conjugação, esses verbos não seguem os mesmos padrões dos verbos regulares. No entanto, enquanto os verbos irregulares seguem determinada uniformidade ao longo da conjugação, os verbos anômalos variam de tal forma que não é possível classificá-los como irregulares.

Os verbos anômalos alteram o radical quando são flexionados.
Os verbos anômalos alteram o radical quando são flexionados.
  • Verbos “ir” e “ser”

O verbo “ir” provém dos verbos latinos ire e vadere, já o verbo “ser” origina-se com base nos verbos latinos esse e sedere, por isso ambos apresentam radicais diferentes. Dessa forma, esses dois verbos são os principais exemplos do fenômeno linguístico de anomalia verbal e são idênticos na conjugação dos seguintes tempos:

Pretérito perfeito do indicativo

 

Ser

Ir

Eu

fui

fui

Tu

foste

foste

Ele

foi

foi

Nós

fomos

fomos

Vós

fostes

fostes

Eles

foram

foram

 

Pretérito mais-que-perfeito do indicativo

 

Ser

Ir

Eu

fora

fora

Tu

foras

foras

Ele

fora

fora

Nós

fôramos

fôramos

Vós

fôreis

fôreis

Eles

foram

foram

 

Pretérito imperfeito do subjuntivo

 

Ser

Ir

Eu

fosse

fosse

Tu

fosses

fosses

Ele

fosse

fosse

Nós

fôssemos

fôssemos

Vós

fôsseis

fôsseis

Eles

fossem

fossem

 

Futuro do subjuntivo

 

Ser

Ir

Eu

for

for

Tu

fores

fores

Ele

for

for

Nós

formos

formos

Vós

fordes

fordes

Eles

forem

forem

Sendo possível identificá-los apenas pelo contexto.

Exemplos:

  • Fui aluno durante cinco anos. (verbo “ser”)
  • Fui à praia pela manhã. (verbo “ir”)

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  • Verbo “dar”

O verbo “dar” é compreendido como irregular por alguns gramáticos e como anômalo por outros. Isso se deve ao fato de o verbo sofrer alterações que não podem enquadrá-lo em nenhuma classificação.

 

Presente do indicativo

Futuro do subjuntivo

Imperativo afirmativo

Eu

dou

der

 

Tu

dás

deres

Ele

der

Nós

damos

dermos

demos

Vós

dais

derdes

dai

Eles

dão

derem

deem

  • Verbo “ter”

O verbo “ter” é considerado anômalo devido às alterações no radical e nas terminações, apresentando vários radicais distintos: eu tenho, eu tinha, eu tive, eu terei. Alguns gramáticos, por demandas em relação à linguística historiográfica, preferem classificá-lo como irregular, definição semelhante à do verbo “dar”.

 

Presente do indicativo

Futuro do subjuntivo

Imperativo afirmativo

Eu

tenho

tiver

 

Tu

tens

tiveres

tem

Ele

tem

tiver

tenha

Nós

temos

tivermos

tenhamos

Vós

tendes

tiverdes

tende

Eles

têm

tiverem

tenham

 

Veja também: Cinco dicas sobre dúvidas verbais

  • Verbo “vir”

Ao longo da conjugação desse verbo, ocorrem alterações no radical e nas terminações. Sendo assim, trata-se de um verbo muito irregular ou, para alguns gramáticos, um verbo anômalo.

 

Presente do indicativo

Futuro do subjuntivo

Imperativo afirmativo

Eu

venho

vier

 

Tu

vens

vieres

vem

Ele

vem

vier

venha

Nós

vimos

viermos

venhamos

Vós

vindes

vierdes

vinde

Eles

vêm

vierem

venham

Exercícios resolvidos

Questão 1 - (Unifesp) As questões seguintes tomam por base a primeira estrofe de O menino da porteira, de Teddy Vieira (1922-1965) e Luís Raimundo (1916 -), o Luisinho, e a letra de Meu bem-querer, de Djavan (1949).

O menino da porteira

Toda a vez que eu viajava
Pela estrada de Ouro Fino,
De longe eu avistava
A figura de um menino,
Que corria abri[r] a porteira

Depois vinha me pedindo:
Toque o berrante, seu moço,
Que é p'ra mim ficá[ar] ouvindo.

...............................................

(Luisinho, Limeira e Zezinha, 1955)

Meu bem-querer

Meu bem-querer
É segredo, é sagrado,
Está sacramentado
Em meu coração.
Meu bem-querer
Tem um quê de pecado}
Acariciado pela emoção.

Meu bem-querer, meu encanto,
Tô sofrendo tanto, amor.

E o que é o sofrer
Para mim, que estou
Jurado p'ra morrer de amor?

(Djavan. Alumbramento. Emi-Odeon. 1980)

Há certos verbos cujas flexões desviam-se do paradigma de sua conjugação. São considerados, por isso, irregulares. Alguns deles são: DAR, ESTAR, FAZER, SER e IR. Na estrofe de O menino da porteira, ocorrem verbos dessa natureza. A alternativa que os contém é:

a) “Toda vez que eu viajava” e “De longe eu avistava”

b) “De longe eu avistava” e “Que corria abri[r] a porteira”

c) “Que corria abri[r] a porteira” e “—Toque o berrante, seu moço,”   

d) “Que corria abri[r] a porteira” e “Que é p'ra mim ficá[r] ouvindo”

e) “Depois vinha me pedindo:” e “Que é p'ra mim ficá[r] ouvindo”

Resolução

Alternativa E. Na oração ocorre o verbo “vir”, que está conjugado no pretérito imperfeito do indicativo, pois seu processo de conjugação desvia-se do paradigma habitual de conjugação.

Questão 2 – Assinale a alternativa que define o fenômeno linguístico conhecido como anomalia verbal.

a) Verbos anômalos possuem deficiência na conjugação, isto é, não possuem todas as formas verbais.

b) Verbos anômalos possuem alguma forma dupla, como o verbo “ir”.

c) Nos verbos anômalos, o acento tônico recai sobre a vogal temática, ou seja, possuem forma rizotônica.

d) Verbos anômalos mudam de radical ao longo da conjugação, variando de tal forma que não possuem outra classificação.

e) Nos verbos anômalos ocorre alteração apenas nas desinências verbais, principalmente na vogal temática.

Resolução

Alternativa D.

Publicado por Marcelo Sartel
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