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Rosa Parks

Rosa Parks foi uma cidadã norte-americana que marcou a sociedade na década de 1950 como um símbolo da resistência contra o racismo. Ela ficou famosa por realizar um ato de desobediência civil quando se recusou a ceder seu assento a um homem branco em um ônibus público, no Alabama.

A ação de Rosa Parks repercutiu nacionalmente e deu início ao movimento que lutava pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, trazendo à cena pública personalidades importantes, como Martin Luther King Jr. Graças a ela, teve fim a segregação racial dentro dos ônibus nos Estados Unidos.

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Primeiros anos

Rosa Parks ficou conhecida por lutar contra a segregação racial nos Estados Unidos.[1]
Rosa Parks ficou conhecida por lutar contra a segregação racial nos Estados Unidos.[1]

Rosa Louise McCauley Parks nasceu em Tuskegee, no Alabama, sul dos Estados Unidos. Seu pai era um carpinteiro chamado James McCauley, e sua mãe era uma professora chamada Leona Edwards. Ainda na infância, Rosa Parks e sua mãe passaram a viver na região metropolitana de Montgomery, capital do Alabama.

Rosa Parks estudou em colégios locais e esteve matriculada um tempo no Industrial School for Girls. Seu Ensino Superior foi feito em uma universidade pública que só atendia a estudantes negros, a Alabama State teachers College for Negroes, mas ela não terminou sua graduação, abandonando-a para cuidar da saúde de sua mãe.

A segregação racial foi uma constante sua vida, e, desde criança, ela teve que lidar com isso. Na sua fase escolar, ela ia para o colégio a pé, uma vez que os ônibus escolares eram exclusivos para alunos brancos. Essa foi uma das primeiras de muitas experiências negativas que a segregação racial proporcionou-lhe ao longo de sua vida.

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Envolvimento com o ativismo

A segregação racial sempre foi um incômodo para Rosa Parks, mas ela aderiu à luta contra essa situação após casar-se com Raymond Parks, que trabalhava como barbeiro. Casou-se com 19 anos de idade (em 1932), herdando o sobrenome Parks. Pela influência de seu marido, Rosa Parks aderiu ao National Association for Advancement of Colored People (NAACP).

Ela passou a envolver-se com as ações realizadas por essa instituição, que era engajada na defesa dos direitos da população negra nos Estados Unidos. Uma ação de destaque de Rosa Parks foi seu apoio aos jovens conhecidos como Scottsboro Boys — nove negros acusados de terem estuprado uma mulher em 1931. Os jovens eram inocentes.

A partir da década de 1940, ela se dedicou mais às ações da NAACP, tornando-se secretária do grupo. Rosa Parks chegou a deixar claro que sua escolha para função foi contra a sua vontade, mas que ela a aceitou, pois ficou envergonhada de recusar o convite. Ela dividia seu tempo entre o trabalho e as ações que envolviam a NAACP.

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Desobediência civil

Rosa Parks ganhou projeção nacional nos Estados Unidos quando, em 1º de dezembro, recusou-se a obedecer a uma lei segregacionista local. O sul dos Estados Unidos era marcado por vasta legislação segregacionista, e, em Montgomery, existia uma lei que determinava que os negros deveriam sentar-se no fundo dos ônibus. Caso o ônibus ficasse cheio, os passageiros negros eram obrigados a cederem seu lugar para os brancos.

Memorial com o interior de um ônibus no qual Rosa Parks negou-se a obedecer a uma lei segregacionista.[2]
Memorial com o interior de um ônibus no qual Rosa Parks negou-se a obedecer a uma lei segregacionista.[2]

Nesse dia, Rosa Parks voltava de seu trabalho (ela era costureira na época), e, assim como qualquer cidadão branco, pagou por sua passagem. Em dado momento, o motorista do ônibus, seguindo a lei local, ordenou que ela e outros negros cedessem seus lugares. Todos se levantaram, mas ela não.

O motorista chamou a polícia, e Rosa Parks foi presa por desobedecer à lei local. A notícia da sua prisão espalhou-se, e a população negra de Montgomery uniu-se a fim de boicotar o sistema de ônibus da cidade como forma de protesto. O movimento pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos nascia, nesse momento, de um ato de desobediência civil.

A população negra da cidade organizou-se de forma que aqueles que possuíam carro ofereciam caronas, e os que não conseguiam as caronas iam para o trabalho de qualquer jeito. Muitos iam de bicicleta, enquanto outros caminhavam vários quilômetros por dia. O boicote gerou uma grande pressão para que a lei segregacionista fosse revogada, além do fato de que a empresa de ônibus começou a contabilizar prejuízos.

Rosa Parks não foi pioneira em sua ação, pois outras pessoas já tinham feito o que ela fez. Entretanto, a ação dela foi um catalisador que mobilizou a população negra dos Estados Unidos a posicionar-se contra a segregação racial. Da atitude de Rosa Parks, a cena pública dos Estados Unidos conheceu um pastor batista pacifista — Martin Luther King Junior.

Rosa Parks sofreu ameaças e acabou sendo demitida. Para proteger-se e garantir seu anonimato, ela se mudou para Detroit, local no qual passou o resto de sua vida. O engajamento da população negra deu certo, e, um ano depois, a segregação racial nos ônibus foi proibida pela Suprema Corte do país. A luta contra o racismo nos Estados Unidos permaneceu bastante forte durante toda a década de 1960.

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Fim da vida

Em Detroit, Rosa Parks refez sua vida. Ela trabalhou durante seus últimos anos para John Convers, um congressista negro, na função de secretária. Durante as décadas seguintes, ela permaneceu diretamente ligada à luta contra o racismo nos Estados Unidos, e aposentou-se oficialmente em 1988.

Rosa Parks foi um dos grandes nomes da história norte-americana no século XX. Sua ação foi crucial para dar forças ao movimento que lutava contra o racismo nos Estados Unidos, um problema que diminuiu significativamente naquele país desde a década de 1950, mas que ainda prejudica a vida de sua população. Mesmo atualmente, no século XXI, o racismo é um problema grave nos Estados Unidos.

Em 1999, ela recebeu uma das maiores homenagens de sua vida, a Medalha de Ouro, no Congresso dos Estados Unidos. Essa foi uma forma de o governo de Clinton reconhecer a contribuição de Rosa Parks para a promoção de justiça nos Estados Unidos. Rosa Parks esteve casada com seu marido até 1977, e eles nunca tiveram filhos. Ela faleceu em Detroit, em 24 de outubro de 2005.

Créditos das imagens

[1] neftali e Shutterstock

[1] Gino Santa Maria e Shutterstock

Publicado por Daniel Neves Silva
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