Partido Republicano e Partido Democrata nos EUA

Nos Estados Unidos da América, predomina a polarização política em dois partidos, o Partido Republicano (Grand Old Party – ou simplesmente GOP) e o Partido Democrata (Democratic Party). Ao contrário do que muitos pensam, não há apenas esses dois partidos nos EUA, mas a forma como o sistema eleitoral funciona nesse país acaba fazendo com que os dois dominem a cena política.
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Características gerais dos Partidos Republicano e Democrata
O Partido Republicano possui um viés mais alinhado ao pensamento político conservador ou liberal conservador (liberal conservative, como é denominado em inglês). Nesse sentido, há por parte dos republicanos um apreço pelos princípios conservadores, como a defesa da propriedade privada, do porte de armas, do livre mercado e da livre concorrência. Nesse sentido, o Partido Republicano pode ser denominado de um partido de “direita”. Já o Partido Democrata possui um viés associado à tradição da “esquerda democrática”, que se diferencia da esquerda revolucionária, isto é, defende políticas sociais assistencialistas, a intervenção estatal na economia, leva em conta bandeiras de movimentos sociais, como a dos negros afro-americanos, dos gays, dos imigrantes latinos etc.
No entanto, essas características acentuadas nem sempre foram assim. No início de suas respectivas formações, os dois principais partidos dos EUA eram bastante diferentes.
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Origem do Partido Republicano (Grand Old Party)
Sabemos que o modelo republicano foi adotado nos Estados Unidos logo após a Independência das Treze Colônias, em 1776. O Partido Federalista deu origem ao Partido Republicano, que reunia membros da sociedade do Norte do país, ligada ao trabalho livre assalariado, à pequena propriedade e à atividade industrial. Como diz o pesquisador Antônio Pedro Tota, em seu artigo “Origens do bipartidarismo. Uma tentativa de entender as eleições norte-americanas”:
[…] plataforma reformista, progressista, antiescravista e favorável a taxas que protegessem as indústrias e manufaturas. Durante a ausência dos democratas no Congresso (na Guerra Civil 1861-1865), o Partido Republicano implementou leis favoráveis aos negócios e aos agricultores do Norte: com altas tarifas, ferrovia transcontinental, assentamentos de agricultores no Oeste (homesteads). A vitória do Norte na Guerra Civil garantiu o domínio dos republicanos até 1913 (exceção feita a dois mandatos de Grover Cleveland, em 1885-1889 e 1893-1897). Em grande parte, graças à Guerra Civil, consolidou-se como um dos dois partidos que dominam o cenário político americano.” [1]
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Origem do Partido Democrata (Democratic Party)
A origem do Partido Democrata, por sua vez, está no antigo Partido Republicano Jeffersoniano, que teve uma presença forte no Sul dos EUA, amalgamando-se ao sistema econômico agrário e escravocrata e ao modelo da grande propriedade privada. Como diz, novamente, Tota:
De Jefferson, o partido recebeu os fundamentos de um governo mínimo – opondo-se aos impostos que os Federalistas defendiam – e o apoio aos interesses agrários, em especial os do Sul. Nos nos 1830, o Partido Populista de Andrew Jackson (apoiado por pequenos agricultores) reforçou as fileiras do Partido Democrata, transformando-o. Com a Guerra Civil, o Partido Democrata, por ter incitado a secessão, ficou associado aos sulistas, ao racismo e ao reacionarismo.” [2]
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Mudança de perfil dos dois partidos
Entretanto, após a Guerra Civil Americana (1861-1865), que resultou dessas diferenças acentuadas entre Norte e Sul, os Estados Unidos passaram por transformações em todas as esferas, econômica (o sistema escravocrata sulista teve fim), social e política. Acompanhado essas transformações, os partidos também mudaram significativamente. Muitos membros do Partido Democrata (de linha mais conservadora) migraram para o Partido Republicano. O Partido Democrata passou a assumir uma linha mais progressista, já alinhada à esquerda política, sobretudo a partir dos anos 1920 e 1930. Essa tendência foi ampliada com a chegada de Franklin Delano Roosevelt à presidência em 1933.
NOTAS
[1] TOTA, Antônio Pedro. “Origens do bipartidarismo. Uma tentativa de entender as eleições norte-americanas.” Novos Estudos. n. 81, junho de 2008. p. 74-5.
[2] TOTA, Antônio Pedro. Op. Cit. p. 75.
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