Revolução Pernambucana de 1817
A Revolução Pernambucana de 1817 foi um movimento que aconteceu na Capitania de Pernambuco durante o período colonial. Esse movimento de caráter separatista e republicano manifestou a insatisfação local com o controle de Portugal sobre a região e com as desigualdades sociais existentes. O acontecimento da Revolução Pernambucana estava diretamente relacionado com os desdobramentos da transferência da Corte portuguesa para o Brasil.
Antecedentes
Semelhantemente à Inconfidência Mineira e à Conjuração Baiana, a Revolução Pernambucana teve caráter separatista e defendia o sistema republicano. No entanto, essa revolta foi o único movimento dos três que conseguiu superar a fase conspiratória e deflagrar, de fato, a revolução, chegando, inclusive, a tomar o poder de Pernambuco e instalar um governo provisório.
A Revolução Pernambucana foi resultado das insatisfações locais que já existiam havia um certo tempo e que foram aumentadas com a transferência da Corte portuguesa para o Brasil. Essa mudança ocorreu em 1807 e 1808 por causa da invasão de Portugal pelas tropas napoleônicas.
O descontentamento com a presença da Corte portuguesa no Brasil era explicado pelo aumento dos impostos, realizado para manter os luxos da família real portuguesa e para financiar as campanhas militares que eram travadas na Cisplatina. Além disso, D. João VI também havia nomeado portugueses a cargos públicos importantes, principalmente no exército, prejudicando as elites locais.
Essa insatisfação pernambucana com o domínio português, no entanto, era antigo. No começo do século XIX, em 1801, uma conspiração foi denunciada e desmontada pelas autoridades portuguesas. Conhecida como Conspiração dos Suassunas, ela já evidenciava a existência de um alto grau de descontentamento com a Corte naquela capitania.
A Revolução Pernambucana foi um movimento que se inspirou nos ideais liberais difundidos à época pelo Iluminismo. A presença dos ideais iluministas na região deveu-se à existência de uma loja maçônica conhecida como Areópago de Itambé. Além disso, esses ideais liberais eram largamente propagados na comunidade eclesiástica local a partir do Seminário de Olinda.
A Revolução Pernambucana
A Revolução Pernambucana iniciou-se no dia 6 de março de 1817, com a morte do brigadeiro português Manoel Joaquim Barbosa de Castro. O brigadeiro português foi morto quando estava cumprindo as ordens do governador local de prender o capitão José de Barros Lima, denunciado por participar de uma conspiração. Barros Lima reagiu à voz de prisão, o que resultou na morte de Castro.
Após esse evento, a revolta espalhou-se por Recife e levou à tomada da cidade pelos revolucionários. O governador da capitania de Pernambuco abrigou-se em um forte local, o Forte do Brum, e logo embarcou para a cidade do Rio de Janeiro. Após conquista de Pernambuco, os revolucionários instalaram um Governo Provisório.
Esse Governo Provisório aprovou uma série de medidas que foram colocadas em vigor: foi proclamada a República na Capitania de Pernambuco, decretada a liberdade de imprensa e credo, instituído o princípio dos três poderes e aumentado o soldo dos soldados. Todas essas mudanças iam em direção dos ideais liberais, apesar disso, os revolucionários optaram por manter a instituição da escravidão.
Esse fato explicava-se pela quantidade de grandes fazendeiros que haviam aderido ao movimento. A abolição do trabalho escravo não era do interesse dessa classe e, além disso, a defesa dos “direitos iguais” por grande parte dos revolucionários partia muito de um ponto de vista elitista, que tendia a ignorar os interesses da massa popular e dos menos favorecidos.
Os grandes nomes da Revolução Pernambucana foram Domingos José Martins, José Barros Lima, Padre João Ribeiro e Cruz Cabugá, entre outros. Cruz Cabugá, inclusive, foi enviado em missão diplomática aos Estados Unidos durante a revolução. Com 800 mil dólares em mãos, Cabugá tinha a tarefa de comprar armas e contratar mercenários, além de obter o apoio do governo americano ao movimento pernambucano.
A duração da Revolução Pernambucana foi razoavelmente curta. A reação portuguesa foi intensa, e uma frota foi enviada do Rio de Janeiro com o objetivo de bloquear a cidade de Recife. Também foram enviados soldados por terra da Bahia com a missão de invadir essa cidade. A derrota dos revolucionários aconteceu oficialmente no dia 20 de maio de 1817.
A repressão ordenada por D. João VI foi violenta, com os principais nomes da Revolução Pernambucana sendo severamente punidos. Domingos José Martins, por exemplo, foi arcabuzado (fuzilado). Outros envolvidos, além de arcabuzados, foram martirizados e muitos ainda ficaram presos por anos.
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