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Guerra do Golfo

A Guerra do Golfo foi um conflito que aconteceu no Oriente Médio, entre agosto de 1990 e fevereiro de 1991. Teve início com uma agressão do Iraque contra o Kuwait por diferenças de interesses entre as duas nações e acabou tornando-se um conflito internacional quando forças estrangeiras, lideradas pelos Estados Unidos, conduziram uma operação militar que derrotou os iraquianos e restaurou a soberania ao Kuwait.

Esse foi o primeiro conflito dos Estados Unidos com o governante do Iraque, Saddam Hussein. As relações ruins entre as duas nações prosseguiram pelos anos seguintes e resultaram em uma segunda operação contra o Iraque, por parte dos EUA, a partir de 2003.

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Causas

Para entender a Guerra do Golfo, é necessário compreender o contexto das relações diplomáticas entre as nações do Oriente Médio durante a década de 1980. O ponto de partida é o ano de 1979, em virtude de dois acontecimentos marcantes: a ascensão de Saddam Hussein ao poder do Iraque e a Revolução Islâmica, que aconteceu no Irã.

A transformação do Irã em uma nação governada pelo radicalismo dos xiitas teve um impacto enorme para os interesses dos Estados Unidos na região. Além de ter perdido um importante aliado, a supremacia da Arábia Saudita (nação sunita e também aliada dos EUA), no Oriente Médio, poderia ser ameaçada.

A ação do governo norte-americano e de outras nações do Oriente Médio governadas por sunitas foi a de usar o Iraque como ferramenta de enfraquecimento do Irã. Essa manipulação do Iraque levou o país à guerra com o Irã a partir de 1980. Essa foi a Guerra Irã-Iraque, conflito que se estendeu de 1980 a 1988 e não teve vencedores.

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Nesse conflito, o Iraque contou com o incentivo militar fornecido por países como EUA e Reino Unido, além de ter obtido somas gigantescas em empréstimos fornecidos pela Arábia Saudita e pelo Kuwait. Ao final da guerra, uma forte crise econômica e uma intensa demonstração popular de insatisfação com o governo atingiram o Iraque.

Saddam Hussein, governante do país, procurava recuperar rapidamente a economia iraquiana e o melhor meio de fazê-lo era pela venda do produto mais valioso que o país possuía: petróleo. Mas o baixo preço do barril do petróleo prejudicava os interesses do Iraque em reconstruir sua economia. A responsabilidade por esse baixo preço, em partes, era do Kuwait.

O Kuwait e os Emirados Árabes Unidos estavam vendendo altas quantidades de petróleo, acima da cota estipulada para cada país pela Opep. Os dois países faziam isso deliberadamente para reduzir o preço e forçar países exportadores de petróleo a aderirem à Opep. Era, portanto, uma forma de fortalecer a organização.

Os problemas do Iraque com o Kuwait agravaram-se quando o pequeno país árabe passou a cobrar o pagamento das dívidas iraquianas. Saddam Hussein não estava disposto a pagar e desejava que um novo empréstimo fosse realizado pelos serviços prestados por seu país durante a Guerra Irã-Iraque.

Saddam Hussein ainda tinha exigências territoriais em duas ilhas kuwaitianas no Golfo Pérsico – exigência negada pelos kuwaitianos – e acusava o Kuwait de roubar petróleo das reservas iraquianas que ficavam em Rumáila, na divisa dos dois países. Existia, portanto, na ótica iraquiana, uma série de fatores que abalavam as relações dos dois países.

Negociações diplomáticas ocorreram durante parte do ano de 1990, mas à medida que elas não avançavam, Saddam Hussein preparava seu exército para a guerra. Em julho de 1990, Saddam enviou tropas para a fronteira Iraque-Kuwait. A intransigência dos dois lados nas negociações fez com que o governante iraquiano ordenasse a invasão do Kuwait.

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Início da guerra

A Guerra do Golfo iniciou-se quando o exército iraquiano invadiu o território kuwaitiano em 2 de agosto de 1990. O Kuwait é um país muito pequeno e possuía uma força militar não muito significante, que, portanto, não era compatível com a força do exército iraquiano, formado na época por mais de um milhão de soldados.

O Kuwait foi conquistado rapidamente, e as tropas iraquianas logo se estabeleceram na capital do país – Cidade do Kuwait. A família real do Kuwait precisou fugir, estabelecendo-se em Riad, a capital da Arábia Saudita. Do ponto de vista estratégico e diplomático, a invasão do Kuwait foi um grande erro de Saddam Hussein.

A comunidade internacional, sobretudo os Estados Unidos, ficou alarmada. Com o Kuwait nas mãos do Iraque, o país passava a ter o controle sobre 20% das reservas de petróleo do mundo. Além disso, a expansão iraquiana colocava a Arábia Saudita em situação de risco, pois Saddam Hussein poderia querer atacar o país que estava abrigando a família real do Kuwait – não se sabe até hoje se ele queria ou não atacar os sauditas.

Por essa razão, os Estados Unidos mobilizaram-se para barrar o Iraque. A ameaça contra a Arábia Saudita era um grande risco para os interesses geopolíticos dos Estados Unidos no Oriente Médio. Assim, em agosto, a Organização das Nações Unidas pronunciou-se, ordenando a saída das tropas iraquianas do Kuwait.

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Participação norte-americana na guerra

O envolvimento norte-americano fez o exército iraquiano abandonar o Kuwait em 1991.
O envolvimento norte-americano fez o exército iraquiano abandonar o Kuwait em 1991.

Primeiramente, a ONU ordenou a saída das tropas iraquianas do Kuwait. Depois vieram embargos econômicos para forçar Saddam Hussein a abandonar o país, mas nenhum dos dois casos teve o efeito esperado. Com isso, o presidente norte-americano, George Bush, autorizou, em 7 de agosto de 1990, que tropas do país fossem enviadas para a Arábia Saudita.

Os Estados Unidos obtiveram a autorização saudita para fazê-lo com base em imagens de satélites que mostravam tropas iraquianas aproximando-se da fronteira saudita. Enquanto as tropas norte-americanas eram enviadas para a Arábia Saudita, as negociações diplomáticas aconteceram por todo o segundo semestre de 1990.

A situação estendeu-se até 29 de novembro de 1990, quando a ONU emitiu uma resolução ordenando que as tropas iraquianas abandonassem o Kuwait até 15 de janeiro de 1991. Se isso não acontecesse, forças internacionais iniciariam operações militares para forçar o Iraque a cumprir as determinações da ONU.

Nesse momento, já existia na Arábia Saudita uma verdadeira coalizão internacional, formada por cerca de 750 mil soldados de diferentes nacionalidades, mas liderados pelo exército dos Estados Unidos. O comando da coalizão internacional foi entregue ao general norte-americano Norman Schwarzkopf.

Os iraquianos não se retiraram do território kuwaitiano na data estipulada, e isso resultou na represália da coalizão internacional a partir do dia 17 de fevereiro de 1991. A operação que levou em frente a missão contra o Iraque recebeu o nome de Operação Desert Storm e iniciou-se com ataques aéreos que tinham três objetivos:

  1. Destruição da força aérea iraquiana;

  2. Destruição do aparato de defesa antiaérea iraquiana;

  3. Enfraquecimento e desmoralização das forças terrestres do Iraque.

Esses objetivos foram alcançados por meio de 42 dias de ataque aéreos incessantes. Depois que as forças iraquianas estavam visivelmente enfraquecidas, o ataque terrestre começou. Essa foi a quarta fase do ataque norte-americano durante a Guerra do Golfo e iniciou-se em 24 de fevereiro de 1991. Enquanto isso, Saddam Hussein tinha como objetivos:

  1. Garantir a defesa do Kuwait;

  2. Desintegrar a coalizão internacional;

  3. Atacar Israel.

O ataque a Israel era parte de uma estratégia do líder iraquiano para fazer a nação hebraica entrar na guerra e forçar as demais nações árabes a se colocarem do lado do Iraque|1|.

Fim da Guerra do Golfo

Durante sua fuga, o exército iraquiano incendiou mais de 700 poços de petróleo no Kuwait.
Durante sua fuga, o exército iraquiano incendiou mais de 700 poços de petróleo no Kuwait.

A operação terrestre acabou sendo um desastre para os iraquianos e, em menos de 100 horas, as tropas iraquianas batiam em retirada de maneira desorganizada do Kuwait. Com isso, o Kuwait recuperou a sua soberania.

Depois que os iraquianos saíram do Kuwait, o presidente norte-americano colocou fim à operação militar. Enquanto fugiam do país, as tropas iraquianas destruíram tudo o que podiam, inclusive poços de petróleo. Mais de 700 poços foram incendiados, e o Kuwait perdeu – acredita-se – cerca de 2% de suas reservas com esses incêndios, que só foram contidos em novembro de 1991|2|. Até janeiro de 1992, os Estados Unidos ordenaram a retirada de cerca de 500 mil soldados da região|3|.

Notas

|1| FARO, Miguel Coldron de Tovar. A Guerra do Golfo de 1991. Para acessar, clique aqui.

|2| Oi Well Fires. Para acessar, clique aqui [em inglês].

|3| Idem, nota 1.

Publicado por Daniel Neves Silva
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