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Primeira Guerra Árabe-Israelense

A Primeira Guerra Árabe-Israelense ocorreu de 1947 a 1949 e teve como motivos principais a Partilha da Palestina e a Independência de Israel.
Miniaturas de soldados sobre um mapa em referência à Primeira Guerra Árabe-Israelense.
A Primeira Guerra Árabe-Israelense ocorreu na segunda metade da década de 1940.

A Primeira Guerra Árabe-Israelense ocorreu entre 30 de novembro de 1947 e 20 de julho de 1949 e pode ser dividida em duas fases: 1) Guerra Civil do Mandato Britânico da Palestina, entre 30 de novembro de 1947 e 14 de maio de 1948; e 2) Guerra de Independência de Israel, que se estendeu do dia 15 de maio de 1948 a 20 de julho de 1949 e ficou conhecida pelos árabes como al-Nakba (“A Catástrofe”). Essa guerra foi um dos muitos conflitos entre Israel e os países árabes.

Para entendermos como árabes e israelenses entraram em conflito armado direto, é necessário retomarmos alguns pontos do contexto histórico do Oriente Médio da primeira metade do século XX, permeado pelas duas guerras mundias.

Saiba mais: O conflito entre Israel e Palestina

Contexto inicial da Primeira Guerra Árabe-Israelense

  • O sionismo e a construção do Estado judaico

Até 1922, a região da Palestina estava sob o domínio do império turco-otomano, que se estendia por uma vasta região, abrangendo o Oriente Médio, o Norte africano, a Península Arábica e parte da Ásia. Entretanto, desde o fim do século XIX, os judeus, mediante a organização internacional sionista, criada em 1897 por pessoas como o húngaro Theodore Herzl, autor da obra O Estado judaico, começaram a comprar terras dos otomanos na Palestina e para lá migraram com o objetivo de constituir um Estado nacional judeu.

O motivo principal da imigração judaica e da construção de um Estado judaico fora da Europa devia-se ao histórico de perseguições sofridas pelos judeus que viveram espalhados nesse continente desde a transição da Idade Antiga para a Idade Média. Nos anos 1880, em específico, as comunidades judaicas da Rússia sofreram uma sucessão de massacres pela polícia secreta do czar Alexandre III. O antissemitismo era uma realidade que não podia mais ser negligenciada, e a escolha de um local apropriado para abrigar os judeus dispersos pelo mundo tornava-se urgente.

  • O Mandato Britânico da Palestina e a situação nos anos 1930 e 1940

A Grã-Bretanha foi o primeiro país europeu a declarar publicamente apoio à formação do Estado judaico. Essa declaração foi formalizada na carta do secretário de relações exteriores britânico, Arthur James Balfour, endereçada ao sionista Barão de Rothschild, líder da comunidade britânica do Reino Unido, em 1917.

A Grã-Bretanha entrou na Primeira Guerra Mundial como inimiga dos aliados do império alemão. Um desses aliados era o império turco-otomano. Nesse sentido, a Grã-Bretanha, se vencesse a guerra, seria uma das potências que ficariam responsáveis pela tutela dos territórios pertencentes aos otomanos, como a Palestina, desejada pelos judeus.

Na Palestina, à época, a população árabe já era bem densa, e a Grã-Bretanha, ao tempo em que prometia ajuda aos judeus na construção de seu Estado, também fez promessa semelhante aos árabes palestinos, pedindo, em troca, o auxílio militar destes na guerra contra os otomanos.

Terminada a guerra, o império otomano esfacelou-se, e a saída encontrada pela Grã-Bretanha para a questão do território palestino foi a criação de uma comissão autorizada pela Liga das Nações, que antecedeu a ONU, para administração da região. O nome desse aparato administrativo ficou sendo Mandato Britânico da Palestina, que entrou em vigor em 1923.

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Nos anos do “entreguerras” e durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os judeus europeus, dada a ambiência da nova onda antissemita propagada pelo nazismo, passaram a imigrar com mais intensidade para a Palestina. Todavia, as terras compradas agora se tornavam inalienáveis, só podendo ser vendidas a judeus — fato que passou a incomodar os árabes locais.

Somou-se a isso o fato de o então grão-múfti (líder espiritual dos muçulmanos) de Jerusalém, Hajj Amin al-Husseini, ter se aproximado de Adolf Hitler, deixando clara a sua adesão às ideias antissemitas. Foi al-Husseini que incitou a primeira revolta árabe de grande proporção contra os judeus na Palestina. Isso ocorreu entre os anos de 1936 e 1939.

Como forma de precaver-se contra as investidas árabes, os judeus passaram a organizar milícias paramilitares, como a Haganá (que depois se converteria nas Forças de Defesa de Israel (FDI)), o Irgun e o Lehi (esses últimos partidários de ações terroristas). Esse enfrentamento inicial desdobrou-se, na década seguinte, na guerra propriamente dita.

Saiba mais: História de Jerusalém – uma das cidades mais importantes do mundo e alvo de controvérsias

Desenvolvimento da Primeira Guerra Árabe-Israelense

Findada a Segunda Guerra, em 1945, o Mandato Britânico da Palestina não tinha mais condições de gerenciar o conflito na região, dada a debilidade em que se achava a Grã-Bretanha. O problema foi delegado à recém-criada Organização das Nações Unidas (ONU). Em 30 novembro de 1947, a ONU aprovou o Plano de Partilha da Palestina, dividindo o território a fim de dar condições à criação de dois Estados, um judaico e outro árabe.

As potências da Liga Árabe (Egito, Síria, Líbano e Arábia Saudita), entretanto, recusaram-se a aceitar tal plano. Os árabes palestinos organizaram os Exércitos da Guerra Santa e da Libertação para confrontar os judeus, que já haviam transformado a Haganá em Forças de Defesa de Israel (FDI). O conflito entre as duas partes desenrolou-se até 14 de maio de 1948, quando a guerra tomou proporções maiores.

Em 14 de maio de 1948, o líder judeu David Ben-Gurion declarou, no salão do antigo Museu Nacional de Tel Aviv, o Estado de Israel como independente. A independência foi imediatamente reconhecida pelos Estados Unidos e pela União Soviética. Essa atitude provocou a reação imediata dos países membros da Liga Árabe, que declararam guerra ao Estado recém-criado, tendo início o novo conflito logo no dia seguinte, 15 de maio.

Diante dessa situação, os grupos terroristas paramilitares, Irgun e Lehi, uniram-se às FDI com vistas a combater os exércitos árabes. De início, o combate foi acirrado, mesmo Israel tendo um efetivo bem menor que o das potências árabes. Com o passar dos meses, as filas de soldados israelenses engrossaram, recebendo também ajuda da República Popular da Checoslováquia.

Consequências da Primeira Guerra Árabe-Israelense

Como diz o sociólogo Cláudio Camargo, ao fim da guerra, Israel tinha:

[…] expandido muito seu território: de 55% da Palestina que lhe tinha sido atribuído pelo plano de partilha da ONU, conquistou 79% dela pelas armas. Essas terras tornaram-se, de fato, território de Israel. Ficaram de fora a cadeia de baixas montanhas do centro e sul da Palestina, conhecidas como Margem Ocidental ou Cisjordânia, que ficou sobre o controle da Transjordânia, além da Faixa de Gaza, que ficou sobre a administração militar egípcia; Jerusalém, que foi dividida entre a parte oriental — a cidade antiga e o bairro extramuros, que foram ocupadas pelos jordanianos; e a parte ocidental extramuros, que ficou sob o controle de Israel. |1|

Essa guerra foi a primeira das quatro grandes guerras árabe-israelenses. A segunda ocorreu em 1956, a terceira, em 1967; e a quarta, em 1973.

Notas

|1| CAMARGO, Cláudio. Guerras Árabes-Israelenses. In: MAGNOLI, Demétrio. História das guerras. São Paulo: Contexto, 2013. p. 429.

Publicado por Cláudio Fernandes

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