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Expressões idiomáticas

Expressões idiomáticas são enunciados que apresentam sentido conotativo e são compostas por dois ou mais termos.
: Homem com a boca aberta no trombone, uma alusão a “botar a boca no trombone”, uma das expressões idiomáticas mais conhecidas.
Expressões idiomáticas, como “botar a boca no trombone”, estão presentes em nosso cotidiano e apresentam sentido figurado.

Expressões idiomáticas são enunciados formados por duas ou mais palavras e apresentam sentido figurado. Elas podem ser usadas com diversas intenções expressivas.

Diferentemente dos provérbios, elas não expressam crenças, regras ou valores morais. O provérbio é um enunciado com sentido completo, enquanto as expressões idiomáticas, como “puxar saco”, dependem de outros elementos do enunciado para assumirem um sentido completo e contextualizado.

Leia também: Figuras de linguagem — recursos expressivos que consistem em “fugas” discursivas da língua

Resumo sobre expressões idiomáticas

  • Expressões idiomáticas são enunciados formados por duas ou mais palavras com sentido figurado.
  • Esse gênero textual é bastante usado no cotidiano e faz parte da cultura popular.
  • Elas servem para expressar ideias ou emoções, como ironia, crítica, entusiasmo etc.
  • Expressões idiomáticas e provérbios têm em comum a conotação e o caráter popular.
  • Provérbios são enunciados completos que expressam crença, norma ou valor moral.

O que são expressões idiomáticas?

Expressões idiomáticas são enunciados constituídos por uma frase conotativa, formada por duas ou mais palavras. São expressões (com determinado sentido e, muitas vezes, de origem desconhecida) repetidamente usadas por falantes de uma língua. Esse tipo de gênero textual está associado à cultura popular e não apresenta um valor moral.

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Para que servem as expressões idiomáticas?

As expressões idiomáticas podem ser usadas com diversas intenções expressivas, tais como:

  • Entusiasmo: Carlos acertou na mosca quando disse que Armando devia namorar.
  • Determinação: Vou agarrar essa oportunidade com unhas e dentes.
  • Indignação: Descobri que Judite é uma amiga da onça.
  • Exagero: O deputado arrancou os cabelos quando soube da denúncia contra ele.
  • Ironia: Agora que a vaca foi pro brejo, meu irmão decidiu me visitar.
  • Crítica: Você está batendo na mesma tecla, quando devia mudar de tática.
  • Ameaça: Sei o que você fez e vou botar a boca no trombone.
  • Desistência: A esposa dele decidiu chutar o balde e voltou para a casa da mãe.
  • Coragem: Cláudia é bem-sucedida porque sempre deu a cara a tapa.

Lista de expressões idiomáticas

Ilustração de raquete prestes a acertar uma mosca, alusão a “acertar na mosca”, uma das expressões idiomáticas brasileiras.
“Acertar na mosca” é uma das expressões idiomáticas mais conhecidas.
  • Abandonar o navio: não continuar.
  • Abotoar o paletó: falecer.
  • Abrir mão: renunciar a algo.
  • Abrir o coração: confidenciar.
  • Abrir o jogo: revelar algo.
  • Abrir os olhos: mostrar a verdade.
  • Acertar na mosca: prever.
  • Adoçar a boca: agradar, bajular.
  • A cobra vai fumar: vai ocorrer uma briga.
  • A dar com pau: em grande número.
  • Agarrar com unhas e dentes: não perder oportunidade.
  • Amigo(a) da onça: amigo(a) falso(a).
  • Andar na linha: se comportar bem.
  • Andar nas nuvens: estar alheio(a) ao entorno.
  • Ao pé da letra: de forma literal.
  • Armar um barraco: causar tumulto, briga.
  • Arrancar os cabelos: ficar muito preocupado(a).
  • Arrastar as asas: demonstrar interesse amoroso por alguma pessoa.
  • Arregaçar as mangas: estar pronto(a) para fazer algo.
  • Arrumar sarna pra se coçar: se intrometer em algo problemático.
  • A vaca foi pro brejo: ocorreu algum prejuízo.
  • Baixar a bola: se acalmar.
  • Banho de água fria: decepção, frustração.
  • Bater as botas: morrer.
  • Bater na mesma tecla: persistir em algo.
  • Boca de siri: guardar segredo.
  • Bom de bico: quem tem a habilidade de convencer alguém.
  • Botar a boca no trombone: contar segredo de alguém.
  • Botar a mão na massa: agir, trabalhar.
  • Botar pra quebrar: realizar algo com intensidade.
  • Briga de cachorro grande: briga de gente poderosa.
  • Buscar chifre em cabeça de cavalo: ver problema onde ele não existe.
  • Buscar pelo em ovo: ver problema onde ele não existe.
  • Cair a ficha: compreender.
  • Cair do cavalo: se decepcionar.
  • Cão chupando manga: alguém mau ou zangado, coisa difícil de fazer.
  • Cara de pau: sem vergonha na cara.
  • Chorar lágrimas de sangue: se arrepender.
  • Chutar o balde: desistir.
  • Chutar o pau da barraca: desistir.
  • Coisa sem pé nem cabeça: coisa confusa.
  • Colocar a mão no fogo: acreditar em alguém.
  • Colocar as cartas na mesa: mostrar a verdade.
  • Colocar o carro na frente dos bois: tomar atitude precipitada.
  • Colocar os pingos nos is: esclarecer as coisas.
  • Comprar gato por lebre: ser ludibriado(a) no ato da compra.
  • Conversa fiada: declaração não confiável.
  • Custar os olhos da cara: custar muito caro.
  • Cutucar a onça com vara curta: se arriscar demais, provocar alguém perigoso.
  • Dar a cara a tapa: tentar, correr o risco.
  • Dar a volta por cima: conseguir se recuperar.
  • Dar com a língua nos dentes: contar algum segredo, fofocar.
  • Dar com o nariz na porta: não encontrar o que procurava.
  • Dar o braço a torcer: reconhecer o erro ou a derrota.
  • Dar sopa: estar descuidado(a).
  • Dar uma mãozinha: ajudar alguém.
  • Dar um fora: dispensar alguém em relações amorosas.
  • Dar um gelo: manter distância ou ignorar.
  • Dar zebra: sair errado, algo não ser bem-sucedido.
  • Deixar na mão: decepcionar, não auxiliar.
  • Descascar o abacaxi: enfrentar e resolver uma situação difícil.
  • Dormir no ponto: ficar distraído(a) e perder a oportunidade.
  • Encher linguiça: falar ou escrever só para ocupar tempo ou espaço.
  • Enfiar o pé na jaca: cometer erro grave.
  • Engolir mosca: estar distraído e perder uma oportunidade.
  • Engolir sapo: não responder a uma ofensa.
  • Entrar numa fria: ser prejudicado em determinada situação.
  • Entrar pelo cano: fracassar, ser malsucedido.
  • Entregar de bandeja: não resistir.
  • Esconder o leite: ser modesto.
  • Estar com a cabeça nas nuvens: ficar distraído(a).
  • Estar com a corda no pescoço: ser pressionado(a), normalmente por dever algo a alguém.
  • Estar com a corda toda: estar cheio(a) de energia.
  • Estar com a faca e o queijo na mão: ter o necessário para conseguir algo.
  • Estar com a pulga atrás da orelha: ficar preocupado(a) com alguma coisa ou desconfiado(a) de algo.
  • Estar de mãos atadas: estar impossibilitado(a) de agir.
  • Falar pelos cotovelos: falar demais.
  • Fazer das tripas coração: fazer grande sacrifício para alcançar certo objetivo.
  • Fazer tempestade em copo d’água: fazer um tumulto desnecessário.
  • Fazer uma vaquinha: pedir contribuição em dinheiro.
  • Fazer vista grossa: ignorar alguma coisa que não deveria ser ignorada.
  • Fechar o paletó: falecer.
  • Ficar ao deus-dará: estar sem proteção ou cuidado.
  • Ficar a ver navios: não atingir objetivo, não ser recompensado(a).
  • Ficar com o pé atrás: ter desconfiança, cautela.
  • Ficar de mãos abanando: não receber nada.
  • Ficar que nem barata tonta: ficar desnorteado(a).
  • Jogar conversa fora: dizer coisas sem importância.
  • Jogar um balde de água fria: desanimar.
  • Jogar verde pra colher maduro: dizer coisas que levem o(a) interlocutor(a) a contar algum segredo ou revelar uma informação.
  • Lágrimas de crocodilo: tristeza falsa.
  • Lavar a égua: aproveitar.
  • Lavar a roupa suja: discutir, expor os problemas da relação.
  • Lavar as mãos: não se responsabilizar.
  • Levantar com o pé esquerdo: experimentar um dia de azar.
  • Levar um banho de água fria: ser desestimulado(a).
  • Mala sem alça: indivíduo que incomoda.
  • Mão na roda: algo que facilita as coisas, que auxilia.
  • Matar cachorro a grito: fazer sacrifícios para sobreviver.
  • Matar dois coelhos com uma cajadada só: eliminar dois problemas de uma só vez.
  • Meter o bedelho: ser enxerido(a).
  • Meter o dedo na ferida: mencionar algo que incomode o(a) interlocutor(a).
  • Meter o rabo entre as pernas: reconhecer que perdeu.
  • Meter os pés pelas mãos: cometer um erro.
  • Mudar da água para o vinho: sofrer uma transformação muito grande.
  • Não saber da missa nem a metade: não saber de toda a verdade.
  • Nem que a vaca tussa: de jeito nenhum.
  • O gato comeu a língua: alguém está calado.
  • Onde fui amarrar meu burro: estar em uma situação complicada.
  • Pagar mico: ficar em situação embaraçosa.
  • Pagar o pato: ser punido(a) em lugar de outrem.
  • Passar a perna: ludibriar.
  • Passar desta para a melhor: morrer.
  • Pegar no pé: incomodar, assediar.
  • Pendurar as chuteiras: aposentadoria.
  • Pensar na morte da bezerra: estar distraído(a).
  • Perder a linha: ser grosseiro(a).
  • Picar a mula: ir embora.
  • Pintar o sete: brincar, se divertir.
  • Pisar na bola: decepcionar alguém.
  • Pôr as barbas de molho: ter cautela ou prevenção.
  • Procurar uma agulha no palheiro: buscar algo difícil de encontrar.
  • Provar do próprio veneno: ser vítima das próprias más ações.
  • Puxar saco: lisonjear, adular.
  • Quebrar o galho: ajudar alguém.
  • Riscar do mapa: suprimir.
  • Rodar a baiana: brigar sem discrição.
  • Sair melhor do que a encomenda: ser melhor do que se esperava.
  • Santo do pau oco: pessoa falsamente bondosa.
  • Segurar vela: acompanhar namorados.
  • Ser o bode expiatório: receber punição injustamente, em benefício dos culpados.
  • Ser salvo pelo gongo: escapar na última hora.
  • Soltar a franga: liberar, não se conter.
  • Soltar fogo pelas ventas: estar indignado(a).
  • Ter o rei na barriga: achar que é melhor do que os outros.
  • Tirar água do joelho: urinar.
  • Tirar de letra: realizar uma ação sem esforço por ser competente.
  • Tirar o cavalo da chuva: desistir.
  • Tocar o bonde: continuar.
  • Tomar banho de gato: tomar banho rápido e insuficiente.
  • Tomar chá de cadeira: ser obrigado(a) a esperar alguém.
  • Trocar as bolas: confundir.
  • Trocar o disco: falar sobre outro tema.
  • Uma mão lava a outra: ajuda mútua.
  • Uma pedra no sapato: um incômodo.
  • Um negócio da China: um negócio lucrativo.
  • Vai pentear macaco: sai daqui e me deixa em paz.
  • Virar a casaca: mudar de lado em uma contenda.
  • Voltar à vaca fria: voltar ao mesmo lugar.

Como usar expressões idiomáticas?

As expressões idiomáticas são inseridas em um texto para expressar determinada intenção do(a) enunciador(a), mas devem respeitar o contexto de comunicação e a temática.

Por serem expressões de caráter popular, nem sempre são bem-vindas em textos mais objetivos ou situações mais formais. Portanto, é preciso estar atento(a) ao utilizar essas expressões. Por exemplo, uma juíza, em uma sentença, não vai escrever algo assim:

Caso o réu não cumpra as determinações, a cobra vai fumar.

No mais, a expressão idiomática precisa ter relação com a temática do texto. Veja:

A loja estava vendendo falsificações do perfume Chanel. Um dos compradores chegou até mesmo a ter uma coceira no pescoço após usar o produto. Quando descobriu que tinha comprado gato por lebre, acionou os órgãos legais, que fizeram uma vistoria no local.

Veja também: Aforismo — gênero textual caracterizado por condensar, em poucas palavras, conceitos filosóficos complexos

Diferenças entre provérbios e expressões idiomáticas

Tanto as expressões idiomáticas quanto os provérbios são expressões com sentido figurado e fazem parte da cultura popular. Contudo, os provérbios, diferentemente das expressões idiomáticas, são enunciados que expressam crença, regra ou moral social. É comum os provérbios apresentarem rima, aliteração ou assonância:

Quem com ferro fere, com ferro será ferido.
Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.

Observe que o provérbio tem um sentido completo e independente. Já a expressão idiomática precisa se relacionar com outros elementos do enunciado para completar seu sentido:

Adilson é um cara de pau, nem pediu desculpas pelo que fez comigo.

Fontes

FERRARI, Caroline Girardi; SIQUEIRA, Maity. Água mole em pedra dura tanto bate até que fura: uma comparação entre a compreensão de provérbios por crianças e adultos. DELTA, São Paulo, v. 36, n. 2, 2020.

LEMLE, Miriam; PEDERNEIRA, Isabella Lopes. Expressões idiomáticas e ditados populares: a natureza dos saberes. Revista Linguística, Rio de Janeiro, v. 16, nov. 2020.

ROSA, Marília Galvão; RIVA, Huélinton Cassiano. Batendo um bolão: estudo das expressões idiomáticas do léxico do futebol. Mediação, Pires do Rio, v. 11, n. 1, p. 166-177, jan./ dez. 2016.

SIQUEIRA, Maity et al. Compreensão de expressões idiomáticas em período de aquisição da linguagem. Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 52, n. 3, jul./ sep. 2017.

Publicado por Warley Souza

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