Francis Bacon

Filósofo, escritor, cientista e político, esta última foi a principal ocupação de Francis Bacon, um dos mais importantes pensadores da Modernidade. Bacon é o responsável por um método que inaugura o modo moderno de fazer-se ciência: o método baseado no conhecimento indutivo, que visa a uniformizar os processos de pesquisa científicos para tornar a ciência uma fonte de conhecimento seguro. Bacon influenciou cientistas e filósofos de sua época e deixou as bases para a formulação de uma filosofia empirista que permanece atual.

Leia também: Racionalismo – corrente filosófica que se opõe ao empirismo

Biografia de Francis Bacon

Nascido em 22 de janeiro de 1561, Francis Bacon era de uma família londrina de posses. Sua educação foi voltada para a carreira política. Com apenas 12 anos, Bacon ingressou no Trinity College da Universidade de Cambridge, marcando a excelência de sua educação. Pela mesma instituição, passaram Isaac Newton, Charles Darwin, Alan Turing e outros nomes da ciência contemporânea ocidental.

Com 23 anos de idade, Bacon foi eleito para o Parlamento via eleição como deputado na Câmara dos Comuns. Além da ocupação de cargo político, trabalhou durante o resto de sua vida para a Coroa britânica como funcionário público, ocupando vários cargos diferentes, chegando a ocupar posições nobres por conta de sua herança, tornando-se barão e visconde. Em 1621, Bacon foi exonerado por conta de uma condenação por corrupção.

Francis Bacon, filósofo e escritor inglês.

Bacon sempre foi curioso em relação às ciências da natureza. Sua grande curiosidade fê-lo ser um homem das ciências que, apesar do trabalho como funcionário público, dedicava suas horas vagas à compreensão de temas relacionados ao conhecimento. Bacon era um empirista, ou seja, defendia que o conhecimento advinha, em primeiro plano, da experiência prática. No período em que estudou no Trinity College, ele se aprofundou na filosofia escolástica tomista aristotélica, o que o fez perceber o problema do método na filosofia do grande pensador grego Aristóteles.

Empirismo

O acerto de Aristóteles estava em reconhecer na vivência prática e empírica a fonte primeira do conhecimento. Seu erro, na visão de Bacon, estava no método: o método aristotélico era suficiente apenas para a compreensão lógica da linguagem e para as disputatios medievais, mas não para trazer à tona um novo conhecimento que agregasse algo novo com a segurança de que a ciência necessita.

Podemos dizer que Bacon é o grande fundador do empirismo na Modernidade. Além de um grande empirista, ele fundamentou as principais bases da ciência moderna com a proposição de um método científico capaz de suportar teoricamente o conhecimento que se pretende científico e universal.

O método empirista de Bacon é diferente dos demais métodos empiristas surgidos depois dele, pois está baseado na crítica do que o filósofo chamou de ídolos. Os ídolos são elementos da vivência cotidiana empírica que atrapalham a aquisição de conhecimento verdadeiro. Para saber mais sobre essa corrente filosófica, leia: Empirismo.

Teoria de Bacon

A teoria filosófica empirista de Francis Bacon está assentada no que o pensador chamou de crítica dos ídolos, ou teoria dos ídolos. Antes de falarmos da teoria dos ídolos, é necessário entender como Bacon via a distinção entre os tipos de conhecimento científico e filosófico. Para o pensador, as ciências poderiam ser:

  • da poesia e da imaginação

  • da história e da memória

  • da filosofia ou do estudo da razão

A filosofia poderia ser, por sua vez, uma filosofia da natureza (caso tratasse de temas como as ciências, a lógica e a metafísica) ou antropológica (caso tratasse de temas relacionados àquilo que apenas o ser humano faz em seu convívio: política e ética).

Bacon em ilustração de autoria desconhecida.

Teoria dos ídolos

A ciência e o conhecimento científico, para Bacon, são ferramentas de que o ser humano dispõe para dominar a natureza, por isso, elas devem dar ao ser humano a posição de domínio. Nesse sentido, a ciência antiga embasada nas teorias aristotélicas deve ser substituída por algo que garanta tal domínio humano. Para isso, é necessário reconhecer-se aquilo que se coloca como um entrave: os ídolos.

São quatro os ídolos que nos impedem de chegar a um conhecimento verdadeiro e seguro. São eles:

  • Ídolos da tribo: são ídolos naturais da “tribo” humana, pois estão em nossa natureza. Eles dizem respeito à procura de ordens fenomênicas que nos colocam falsas relações de causalidade. Se o Sol aparece todas as manhãs desde que eu nasci, eu digo que o Sol sempre nascerá.

  • Ídolos da caverna: são ainda mais naturais, mas não estão relacionados à humanidade em geral e sim ao indivíduo. São ídolos que nos impedem de perceber a realidade por conta de nossa própria individualidade e do aprisionamento que os sentidos podem provocar-nos devido à influência dos costumes em nosso corpo. Há aqui uma referência a Platão em sua alegoria da caverna.

  • Ídolos do fórum: são ídolos que atrapalham o conhecimento verdadeiro por meio da vida pública. Na vida pública, há o predomínio da linguagem que amarra qualquer possibilidade de investigação do espírito, mantendo ele preso às regras do jogo público.

  • Ídolos do teatro: referem-se ao grande teatro humano das tradições, dos costumes, do respeito à autoridade etc. Ele coloca a autoridade como alguém que necessariamente possui um conhecimento verdadeiro, o que não se sustenta.

Veja também: René Descartes – o primeiro filósofo racionalista moderno

Obras de Francis Bacon

Como era comum entre os intelectuais de sua época, Bacon escreveu seus livros em latim. Ele escreveu muitos tratados filosóficos, mas também ensaios literários e tratados de direito. Atentaremo-nos aqui apenas ao conjunto de obras filosóficas, relacionadas, principalmente, à grande obra Instauratio Magna ou Novum Organon. O Novum Organon, ou Novo Organon, visa a reestabelecer um novo conjunto de aquisição de conhecimento, substituindo o Organon aristotélico.

Alguns escritos foram removidos do Novum Organon ou foram vistos como superados. São eles:

  • Da interpretação da natureza

  • Teses sobre o movimento

  • História natural

“Nova atlântida”, “Reflexões sobre a natureza das coisas” e “Sobre as marés” são escritos que foram acrescentados posteriormente ao plano da Instauratio Magna.

Por fim, temos o corpo da Instauratio Magna (ou Novum Organon), que visa a criar um modo de conceber-se o conhecimento científico, dividindo em seis extensas partes toda a teoria do conhecimento baconiana.

Uma das edições brasileiras da “Instauratio Magna”, de Francis Bacon. [1]

Frases de Francis Bacon

“Todas as cores concordam no escuro.”

“A leitura traz ao homem plenitude; o discurso, segurança; e a escrita, precisão.”

“Não há nada que faça um homem suspeitar tanto como o fato de saber pouco.”

“A consciência é a estrutura das virtudes.”

“Só se pode vencer a natureza obedecendo-lhe.”

Crédito da imagem

[1] Edipro (reprodução)

Publicado por Francisco Porfírio
Inglês
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