Folclore brasileiro na obra de Câmara Cascudo
Para se compreender bem a história de um país, é necessário não apenas se debruçar sobre os documentos oficias que são acumulados desde sua origem ou ainda sobre documentos da alta cultura (instituições religiosas, artes eruditas etc.), pois também se faz necessário o estudo das tradições populares, da cultura popular. Nesse sentido, o trabalho dos folcloristas, isto é, dos estudiosos da cultura popular, torna-se indispensável. No Brasil, muitos foram aqueles que se dedicaram ao estudo das nossas tradições populares, mas, entre esses muitos, destacou-se a figura de Luís da Câmara Cascudo.
Luís da Câmara Cascudo, ou simplesmente Câmara Cascudo, nasceu em Natal (Rio Grande do Norte) em 30 de dezembro de 1898. Apesar de ter nascido nessa cidade, Câmara Cascudo estudou em Recife, Pernambuco. Foi também no estado de Pernambuco que começou a se interessar pelos mais diversos assuntos relacionados com as artes e com as disciplinas humanísticas, como história, direito, antropologia e sociologia.
Desde a sua primeira obra, Alma Patrícia (uma espécie de biobibliografia de escritores do Rio Grande do Norte), publicada em 1921, Cascudo demonstrou uma enorme capacidade de catalogar personagens históricos e seus respectivos sistemas de pensamento. Ainda na década de 1920, ele começou a se interessar por literatura e pela tradição dos contos, lendas e narrativas populares, como as que eram impressas nos cordéis e vendidas nas feiras nordestinas.
Em 1939, Câmara Cascudo publicou a obra Vaqueiros e cantadores: folclore poético do sertão de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, sua primeira obra tipicamente folclorista, que inauguraria uma vertente de estudos importantíssima para se compreender o Brasil sertanejo. Nessa e em outras obras, Cascudo, mais do que proceder como analista e crítico desses materiais, estava interessado em compilá-los, em registrá-los para a posteridade de estudiosos.
Na década de 1940, Cascudo publicou mais três obras importantes: Antologia do folclore brasileiro (1943), Geografia dos mitos brasileiros (1947) e Os holandeses no Rio Grande do Norte (1949). Na década de 1950, seu trabalho mais lido e comentado veio a público, o famoso Dicionário do folclore Brasileiro (1951). A essas, seguiram-se inúmeras outras obras, não apenas restritas ao campo da pesquisa folclorista, mas também no campo da sociologia e da antropologia, no qual, ao lago de Gilberto Freyre, foi um dos pioneiros a escrever sobre a história da alimentação no Brasil.