Capitalismo Informacional

O capitalismo informacional corresponde ao conjunto de transformações provocadas pela revolução tecnológica sobre a dinâmica socioeconômica mundial.
O capitalismo informacional estrutura-se na relação entre tecnologia, capital e conhecimento

O capitalismo informacional é um termo criado pelo sociólogo espanhol Manuel Castells, em sua obra A Sociedade em Rede, originalmente publicada no ano de 1996. O conceito refere-se à evolução dos instrumentos técnicos do sistema capitalista, sobretudo envolvendo as transformações tecnológicas proporcionadas pela Terceira Revolução Industrial. A particularidade do sistema informacional é, assim, a importância do conhecimento e a sua maior facilidade em se deslocar e reproduzir-se pelas diferentes partes do mundo.

Existe certa questão em aberto quanto à periodização do sistema capitalista e sua evolução. Alguns autores colocam o capitalismo informacional como uma fase posterior ao Capitalismo Financeiro. No entanto, em sua obra, Castells¹ nunca considerou essa divisão e apenas classificou a sociedade informacional como uma nova fase dos sistemas produtivos, mas não necessariamente como uma nova configuração do sistema em si em oposição às demais.

Além disso, o capitalismo financeiro continua ativo e atuante, com o sistema financeiro e especulativo, pautado no mercado de ações, títulos, dívidas e juros, no centro da economia. No entanto, com os avanços produzidos pela Terceira Revolução Industrial e a consolidação do processo de globalização, podemos dizer que o capitalismo informacional e o financeiro andam juntos atualmente, pois ambos se complementam.

Os avanços técnicos promovidos pela última revolução tecnológica, cujos valores se apresentaram mais profundamente na segunda metade do século XX em diante, assinalaram aquilo que Castells chama por “paradigma da tecnologia da informação”. Esse paradigma estrutura-se em três principais características, que se resumem nas seguintes premissas:

a) a informação é matéria-prima e age sobre a tecnologia;

b) o maior poder da tecnologia em moldar ou influenciar a existência individual e coletiva;

c) a estruturação das sociedades a partir da formação das redes.

Desse modo, tendo o conhecimento – e a sua rápida difusão – no cerne do desenvolvimento do processo tecnológico, as sociedades estruturam-se a partir da era da informação, compondo-se em redes estruturais. Essas redes podem ser percebidas tanto sob o ponto de vista da tecnologia, como a internet, como sob o ponto de vista do territórios, a exemplo dos sistemas de transporte e também da hierarquia urbana internacional, em que as Cidades Globais são os principais polos que formam o elo entre o global e o local.

Além dessas características, as inovações concernentes a esse período da economia permitiram:

– a ampla difusão do sistema capitalista financeiro pelo mundo, com a consolidação da globalização;

– a flexibilidade dos sistemas produtivos, com o marco para o toyotismo;

– a difusão maciça das empresas multinacionais ou globais pelo mundo;

– a ampliação da concepção neoliberal de mínima participação do Estado na economia;

– a reconfiguração da Divisão Internacional do Trabalho, com os países menos desenvolvidos industrializando-se e os mais desenvolvidos especializando-se em tecnologias de ponta;

– a intensificação do aspecto monopolista do capitalismo financeiro, com a fusão de grandes empresas (trustes) e a formação dos grandes conglomerados internacionais (holdings).

Diante desses efeitos e aspectos do Capitalismo Informacional, podemos perceber o impactos que as sucessivas transformações técnicas – e, nesse caso, aquilo que Milton Santos chamou por Meio Ténico-Científico-Informacional – geram sobre o modo de se construir as sociedades.

¹ CASTELLS, M. A sociedade em rede – a era da informação: economia, sociedade e cultura; Volume I. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

Publicado por Rodolfo F. Alves Pena
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