Corrida armamentista

Corrida armamentista é uma disputa entre nações ou grupos militares por superioridade em armamentos e estratégias bélicas. Uma das mais importantes ocorreu na Guerra Fria.
Teste nuclear da Operação Castle, conduzida pelos EUA em 1954, quando disputava a corrida armamentista contra os soviéticos.

Corrida armamentista é toda disputa entre rivais pela melhoria de armamentos e estratégias e pelo aumento da quantidade de armas. Pode acontecer entre nações soberanas ou entre grupos militares e paramilitares dentro de um mesmo país. Como exemplos de corridas armamentistas entre nações, houve a que ocorreu entre Inglaterra e Alemanha, no pré-Primeira Guerra Mundial, e a que ocorreu entre EUA e URSS, durante a Guerra Fria.

Leia também: Crise dos mísseis — momento de maior tensão na disputa bélica da Guerra Fria

Resumo sobre corrida armamentista

  • Corrida armamentista é toda disputa entre rivais pela melhoria de armamentos e estratégias e pelo aumento da quantidade de armas.
  • Pode acontecer entre nações soberanas ou entre grupos militares e paramilitares dentro de um mesmo país.
  • Especialistas apontam que esse tipo de corrida entre nações rivais gera um dilema que causa um modelo espiral de militarização e pode levar à guerra.
  • Durante a Guerra Fria (1947-1991), ocorreu uma grande corrida armamentista, entre os EUA e a URSS, que se baseou no desenvolvimento de armamentos nucleares.
  • As causas da corrida armamentista entre EUA e URSS, na Guerra Fria, remontam ao final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando os EUA desenvolveram e utilizaram suas primeiras armas nucleares.
  • Durante a Guerra Fria, ocorreu também outra forma de corrida armamentista entre URSS e EUA: a corrida espacial, baseada na competição por mísseis balísticos e focada no desenvolvimento de satélites artificiais, sondas espaciais e viagens espaciais tripuladas para a órbita terrestre e para a Lua.
  • Antes da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), ocorreu uma corrida armamentista entre Alemanha e Inglaterra baseada no desenvolvimento de armas de fogo modernas, armas químicas, navios encouraçados, tanques de guerra e carros blindados.
  • Existem exemplos de corrida armamentista no Brasil contemporâneo: a rivalidade bélica entre as forças policiais do Estado e as facções criminosas do Rio de Janeiro.
  • Existem exemplos de corrida armamentista no mundo contemporâneo: a Europa passou a importar muitas armas, sobretudo dos EUA, como resposta à invasão russa à Ucrânia.

O que é uma corrida armamentista?

Corrida armamentista é toda disputa entre rivais pela melhoria de armamentos e estratégias e pelo aumento da quantidade de armas. Trata-se de uma competição por superioridade militar, maiores números em tropas militares e superioridade tecnológica. Pode acontecer entre nações soberanas (entre os EUA e a URSS na Guerra Fria por exemplo) ou entre grupos militares e paramilitares dentro de um mesmo país (como o caso das forças estatais e as forças paramilitares do tráfico de drogas no Rio de Janeiro).

Dentro da ciência política, especialistas divergem sobre a relação direta entre a corrida armamentista e a guerra. Os favoráveis a essa relação argumentam que, em um contexto de relações internacionais, a corrida armamentista entre nações rivais gera um dilema que causa um modelo espiral de militarização: quanto mais um lado melhora seu arsenal e aumenta seu efetivo militar, mais o outro se esforça para superar a qualidade e os números do adversário, o que amplifica tensões e gera a guerra.

Corrida armamentista da Guerra Fria

Durante a Guerra Fria (1947-1991), ocorreu uma grande corrida armamentista entre os EUA e a União Soviética. Os soviéticos desenvolveram sua primeira bomba atômica, em 1949, como uma resposta ao desenvolvimento bélico militar do Projeto Manhattan, o que, por sua vez, impulsionou o desenvolvimento de novos e melhores armamentos nucleares nos Estados Unidos, como a bomba de hidrogênio, testada em 1952.

Gráfico comparativo do arsenal nuclear dos EUA e da URSS/Rússia ao longo das últimas décadas.

Em sequência, os dois países iniciaram o desenvolvimento de mísseis intercontinentais, capazes de carregar armas nucleares e atacar alvos militares distantes, o que contribuiu para o clima de tensão da Guerra Fria.

Em outubro de 1961, a União Soviética testou a bomba Tsar, apelido do número de série AN602, uma bomba aérea termonuclear que foi considerada a mais poderosa arma nuclear jamais produzida e testada. Diante desse cenário de tensões bélicas, outros países se juntaram à corrida armamentista e desenvolveram programas nucleares, como Inglaterra, França, China, Paquistão e Índia.

Fotografia da explosão da bomba Tsar, da URSS, a bomba nuclear mais poderosa já produzida e testada.[1]

→ Quais as causas da corrida armamentista da Guerra Fria?

As causas da corrida armamentista entre EUA e URSS, na Guerra Fria, remontam ao final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945): durante o período de derrota da Alemanha Nazista, concretizava-se o cenário de rivalidade entre os dois países, e, com o desenvolvimento e uso da bomba atômica estadunidense em Hiroshima e Nagasaki, os soviéticos se lançaram ao desenvolvimento da sua própria arma nuclear. 

Veja também: Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares — quais são os países participantes?

Corrida espacial no contexto da Guerra Fria

Outra forma de corrida por tecnologias e disputas de rivalidades foi a corrida espacial, também ocorrida durante a Guerra Fria. Inicialmente baseada na competição entre EUA e URSS por mísseis balísticos, essa corrida se focou no desenvolvimento de satélites artificias, sondas espaciais e viagens espaciais tripuladas para a órbita terrestre e para a Lua.

Acompanhe abaixo os principais marcos da corrida espacial entre EUA e URSS, durante a Guerra Fria:

  • Outubro de 1957: URSS lançou o Sputnik 1, o primeiro satélite artificial.
  • Novembro de 1957: URSS lançou o Sputnik 2, que levou a cachorra Laika ao espaço, o primeiro ser vivo a ser lançado à órbita terrestre.
  • Janeiro de 1958: os EUA entraram na corrida espacial lançando a Explorer 1, o primeiro satélite americano a alcançar a órbita terrestre.
Explorer 1, o primeiro satélite lançado pelos EUA.
  • Outubro de 1958: criação da Nasa, órgão de administração aeronáutica espacial dos EUA.
  • Agosto de 1959: EUA lançaram a Explorer 6 e obtiveram as primeiras imagens da Terra produzidas no espaço.
  • Setembro de 1959: URSS lançou Luna 2, a primeira espaçonave a pousar na superfície da Lua.
  • Abril de 1961: URSS enviou o Yuri Gagarin ao espaço, o primeiro humano a realizar um voo orbital na missão Vostok 1.
  • Junho de 1963: a soviética Valentina Tereshkova se tornou a primeira mulher no espaço, passando praticamente três dias em órbita.
  • Julho de 1969: EUA lançaram a missão Apollo 11, e Neil Armstrong e Buzz Aldrin se tornaram os primeiros homens a pisarem na Lua.
O astronauta Buzz Aldrin da missão Apollo 11, na Lua.

Corrida armamentista da Primeira Guerra Mundial

No contexto antecedente à Primeira Guerra Mundial (1914-1918), ocorreu uma corrida armamentista entre as potências europeias Alemanha e Inglaterra. Essa corrida não foi baseada em armas nucleares, que ainda não tinham sido inventadas, mas em armas de fogo modernas (como metralhadoras), armas químicas (como o gás cloro), navios encouraçados, tanques de guerra e carros blindados.

Durante os anos antecedentes à guerra e os anos do combate, as potências desenvolveram indústrias bélicas competentes que remodelaram o que se entendia por tecnologia de guerra até então. Diferentemente da Guerra Fria, essa corrida armamentista não tem tantas datas fixas e eventos para se listar, uma vez que os desenvolvimentos foram mais lentos e o uso das armas, mais contínuo.

Outras corridas armamentistas na história

Ao longo da história, ocorreram diversas corridas armamentistas. Na história do Brasil, por exemplo, pode-se destacar a ainda atual rivalidade entre as forças policiais do Estado e as facções criminosas do Rio de Janeiro: desde a década de 1970, os grupos criminosos paramilitares importam fuzis dos EUA, Rússia e Paraguai e os empregam na guerra contra as forças públicas e pelo tráfico de drogas.

Atualmente também, a Europa vive outra corrida armamentista, estimulada pela Guerra da Ucrânia: o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo divulgou, em março de 2023, um relatório informando que a Europa passou a importar muitas armas, sobretudo dos EUA, como resposta à invasão russa à Ucrânia. O próprio país invadido também tem importado muitos armamentos em razão da guerra.

Saiba mais: Tudo sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia

Exercícios resolvidos sobre corrida armamentista

1. O conceito de corrida armamentista está diretamente ligado a:

a) disputas entre nações rivais por melhoria de armamentos e estratégias e por maior quantidade de armas.

b) qualquer conflito bélico entre potências estrangeiras.

c) toda disputa entre rivais pela melhoria de armamentos e estratégias e pelo aumento da quantidade de armas.

d) toda disputa entre pessoas ou grupos armados.

Resposta: C. O conceito de corrida armamentista consiste na disputa de nações ou grupos paramilitares armados em busca de melhores tecnologias bélicas.

2. Durante a Guerra Fria, a corrida armamentista entre URSS e EUA foi marcada por:

a) desenvolvimento de armas nucleares e tanques de guerra.

b) desenvolvimento de armas nucleares e corrida espacial.

c) corrida espacial e desenvolvimento de navios encouraçados.

d) corrida espacial e desenvolvimento de fardamentos à prova de balas.

Resposta: B. Corrida armamentista da Guerra Fria foi marcada pela disputa bélica nuclear e espacial.

Créditos da imagem

[1]Minatom/ Wikimedia Commons

Fontes

FREEMAN, Sam Perlo. Arms Race. In: Britannica Encyclopedia. Disponível em: https://www.britannica.com/topic/arms-race

MARQUES, Ademar; BERUTTI, Flávio; FARIA, Ricardo. História do tempo presente. 2. Ed. São Paulo: Contexto, 2007. P. 19.

MIRANDA, Monica; FARIA, Ricardo. Da Guerra Fria à nova ordem mundial. São Paulo: Contexto, 2003.

SPACE RACE. In: Royal Museums Greenwitch. Disponível em: https://www.rmg.co.uk/stories/topics/space-race-timeline

Publicado por Tiago Soares Campos

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