Economia de água na agricultura
A agricultura é a atividade socioeconômica que mais utiliza água em todo o mundo, totalizando um montante de 70%, em média, de toda a água consumida no planeta. No Brasil, esse valor sobe para 72% e, em alguns países subdesenvolvidos, ultrapassa os 80%. Ao mesmo tempo, ela é a atividade que mais desperdiça água: segundo o Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), quase metade de toda a água empregada no campo é desperdiçada e, caso o meio rural diminuísse o consumo em 10%, o volume seria suficiente para abastecer duas vezes a população mundial.
Diante desses dados e também da crescente demanda pelo aumento na produção de alimentos e matérias-primas no campo, fica latente a necessidade de praticar uma maior economia de água na agricultura. A grande questão é: como diminuir o consumo de água na agricultura sem diminuir a sua produtividade?
É importante pensar que a agricultura é necessária para a sociedade, pois é a partir dela que se produz boa parte dos alimentos e também a maioria dos produtos primários. Nesse sentido, o ideal é manter essa atividade em uma perspectiva que garanta a sustentabilidade não só dos recursos hídricos, mas dos elementos da natureza em geral. A principal estratégia, nesse sentido, é a realização de tipos de irrigação que economizem água, diminuindo a quantidade de recursos hídricos que não são aproveitados no processo produtivo do campo.
Uma das técnicas de economia de água na agricultura mais conhecidas é a irrigação por gotejamento, em que o uso controlado da água propicia um melhor aproveitamento dos recursos hídricos disponíveis, diminuindo o desperdício e poupando as reservas. O princípio desse método é utilizar uma quantidade mínima de água que, como o nome indica, é despejada sobre o solo em forma de gotas de maneira regrada e econômica.
No sistema de gotejamento, são projetadas algumas pequenas tubulações ou mangueiras com furos ao longo de suas extensões que são chamadas de gotejadores. Eles controlam a vazão e o fluxo de água, direcionam-na diretamente ao solo e ao vegetal cultivado e diminuem os níveis de extravasamento e perda por evaporação, uma vez que a menor parte da água fica disponível na superfície.
Na irrigação por gotejamento, a perda da água por evaporação é minimizada
Quando comparado aos sistemas tradicionais de irrigação, o gotejamento produz uma economia de até 50% de água, o que nos faz concluir que, caso esse sistema se dissemine no meio rural, boa parte dos recursos hídricos será preservada e utilizada para outros fins, incluindo o uso doméstico e comercial.
Outro método de irrigação que economiza água é a microaspersão. Esse sistema é constituído pela instalação de pequenos aspersores responsáveis pela distribuição da água. Nesse caso, como eles encontram-se mais próximos do solo do que o normal utilizado na agricultura, a perda pela evaporação é menor, embora menos eficiente do que o gotejamento.
Em alguns casos, sobretudo em grandes lavouras e latifúndios extensos, os dois métodos apresentados não são muito empregados em razão da inviabilidade de aplicação em grandes extensões de terra. Ainda assim é possível economizar água por meio da aquisição de equipamentos que controlem os níveis das irrigações, adequando e controlando a vazão de água conforme as necessidades dos solos e das plantações em si, a depender das condições climáticas.
Se as propriedades rurais não dispõem de tecnologias para o controle do uso da água, outras formas também podem ser empregadas, como a utilização da água da chuva (embora seja necessário o acréscimo de alguns sais minerais), a preservação dos solos para evitar a degradação de cursos d´água em áreas próximas, entre outros exemplos. Em maior ou menor grau, todos os produtores dispõem de condições para economizar água.