Socialismo e comunismo, existem diferenças?

Socialismo e comunismo são termos que possuem divergências pontuais graças às formas de compreensão da realidade e às propostas de transformação política.
Marx e Engels foram os intelectuais responsáveis pela elaboração do socialismo científico

Apesar de possuírem sentidos semelhantes, os termos socialismo e comunismo passaram, desde o século XIX até os dias de hoje, a guardar diferenças pontuais que precisam ser elucidadas.

Desde o século XVIII, com o desenvolvimento das ideias iluministas, sobretudo as de Rousseau, que discutia o problema da desigualdade entre os homens e procurava elaborar, em seus tratados, caminhos que pudessem propor transformações políticas e sociais, que a questão da igualdade faz-se presente em discussões filosóficas e políticas.

Sabemos que as ideias iluministas tiveram grande peso ainda no século XVIII com o processo revolucionário que se desencadeou na França, cuja bandeira levou o lema iluminista: “liberdade, igualdade e fraternidade”. Foi dessa corrente de pensamento que, logo no início do século XIX, nasceram o liberalismo e o socialismo. As noções de liberdade e igualdade foram o objeto principal de discussão desse período. O socialismo, a princípio, apareceu como uma corrente de pensamento que se propunha a pensar um modelo ora cooperativista, ora harmônico de sociedade, buscando uma conciliação das perspectivas liberais e as igualitaristas do iluminismo. Foi o caso, por exemplo, dos pensadores Saint-Simon (1760-1825), Charles Fourier (1772-1837) e Robert Owen (1771-1858).

A proposta desses autores acabou sendo classificada, posteriormente, como socialismo utópico, pois eles não propunham uma ação efetiva de transformação da realidade. Esse termo “socialismo utópico”, isto é, uma forma de socialismo que nunca se realizaria, foi elaborado pela tradição de pensamento associada ao socialismo científico — modelo de socialismo elaborado por Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820 – 1895) que ficou conhecido também como marxismo.

Do marxismo nasceu, a um só tempo, um método de compreensão do processo histórico chamado materialismo histórico e materialismo dialético que foi profundamente inspirado na filosofia hegeliana. Esta pode ser entendida como um método de compreensão das relações de produção econômicas, sobretudo expresso na teoria da mais-valia e da exploração, e, por fim, como uma proposta revolucionária de implantação de uma sociedade socialista por meio da “ditadura do proletariado”, cuja fase última seria o comunismo – termo que já havia sido usado por Robert Owen, mas que só se tornou popular com a tradição marxista.

A primeira experiência revolucionária socialista foi a Comuna de Paris ocorrida em 1871, na qual convergiam várias correntes do socialismo que circulavam até então. A proposta comunista de viés estritamente marxista só veio a ser executada pela primeira vez com os bolcheviques na Rússia. Lênin, um dos líderes da Revolução Russa de 1917, foi um dos principais responsáveis pela implantação da perspectiva revolucionária do socialismo científico, que aspirava a implantação da sociedade comunista. Dessa forma, com a Revolução Russa, o termo comunismo disseminou-se pelo mundo.

Publicado por Cláudio Fernandes
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