Abraham Lincoln
Abraham Lincoln, o 16º presidente norte-americano, governou os Estados Unidos entre 1861 e 1865, sendo o responsável por conduzir o país durante os anos da Guerra Civil Americana e por abolir a escravidão em seu território. Em 1865 acabou sendo assassinado por um ex-confederado, em Washington.
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Juventude
Abraham Lincoln nasceu em uma fazenda que ficava próximo da cidade de Hodgenville, no estado do Kentucky. Seu nascimento aconteceu em 12 de fevereiro de 1809, e seus pais se chamavam Thomas Lincoln e Nancy Hawks Lincoln. A família, ainda, era formada por dois irmãos, Sarah e Thomas (que faleceu na infância).
O sustento da família vinha das terras que Thomas Lincoln possuía no Kentucky (cerca de 81 hectares de terra). Problemas judiciais com o estado fez com que todas as terras da família fossem tomadas. Isso a motivou a se mudar para o estado de Indiana. Lá, Thomas Lincoln realizou diferentes trabalhos para manter sua família.
A mudança da família Lincoln para Indiana aconteceu em 1816, e, dois anos depois, Nancy Hawks faleceu. Aparentemente ela foi vítima da “doença do leite”, causada quando seres humanos consomem leite e carne bovina contaminados com alguma toxina, que aparece na carne e no leite de bovinos que consomem plantas venenosas.
Em 1819, seu pai se casou com Sarah Bush Johnston, uma viúva que morava no Kentucky. Os biógrafos contam que o relacionamento de Lincoln com sua madrasta era muito bom e que ela era uma grande incentivadora do seu hábito da leitura.
Carreira política
Abraham Lincoln permaneceu na casa de seu pai até o ano de 1831, quando decidiu mudar-se para Nova Salém, uma pequena cidade no Illinois. Nesse local ele teve diferentes trabalhos para sobreviver, chegando a trabalhar como lojista e agrimensor, por exemplo. Durante sua estadia em Nova Salém, ele também se alistou, sendo enviado para uma guerra contra indígenas, mas nunca chegou a ir para o campo de batalha efetivamente.
Nesse período, Lincoln procurou ingressar na política, candidatando-se a cargos na política local (do estado de Illinois). Primeiramente ele buscou uma posição na Assembleia Geral de Illinois, mas não conseguiu a qualificação necessária para ser eleito. Essa candidatura também foi prejudicada por conta de seu alistamento militar.
No ano de 1834, Lincoln concorreu a uma posição na Illinois House of Representantives (Casa dos Representantes de Illinois). Sua candidatura aconteceu pelo Partido Whig, com ele sendo eleito e permanecendo na função de 1834 a 1842. Além de ocupar-se com seu mandato, Lincoln também estudava Direito, visando à advocacia.
Em 1843, Lincoln tentou uma posição na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos pelo Partido Whig, mas não obteve sucesso. Em 1846, fez nova tentativa, sendo vitorioso dessa vez e obtendo um mandato de dois anos. Durante o seu mandato, Lincoln já demonstrava ser contra a escravidão e sua expansão pelos Estados Unidos.
Além disso, Lincoln destacou-se por sua posição contra a Guerra Mexicano-Americana, conflito entre Estados Unidos e México pelo controle do Texas. Como congressista, Lincoln manteve discursos ácidos quanto à ação do presidente do país, James K. Polk, e isso prejudicou sua posição no Congresso norte-americano.
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Caminho para a presidência
Em 1849, o mandato de Lincoln no Congresso se encerrou, e ele não conquistou uma recolocação satisfatória na política. Ele foi convidado para trabalhar no governo do Oregon, na época considerado um estado muito remoto e dominado por democratas. Sendo Lincoln um Whig, isso significava que ele não teria uma vida fácil lá.
Ele recusou a posição e dedicou-se à advocacia durante grande parte da década de 1850. Essa década foi caótica na história política dos Estados Unidos, pois o país, cada vez mais, dividia-se quando o assunto era a escravidão. A grande questão era se a escravidão seria permitida nos novos territórios dos Estados Unidos.
Os sulistas eram a favor dessa expansão, enquanto os nortistas eram contrários a ela. Esse debate ficou mais radicalizado com a aprovação da Lei Kansas-Nebraska, em 1854, que permitia que a escravidão fosse legal nesses novos territórios. A aprovação dessa lei rachou o Partido Whig, e dissidentes dele, dos quais Lincoln fazia parte, decidiram criar o Partido Republicano.
Por esse partido, Lincoln tentou retornar à política oficialmente e disputou uma vaga no Senado contra o democrata Stephen A. Douglas. Sua disputa com Douglas ficou marcada, sobretudo, pelos debates públicos travados entre eles, e se encerrou com vitória de seu opositor.
Em 1860, Douglas e Lincoln novamente se encontraram em uma disputa, dessa vez pela presidência. Para sorte de Lincoln, o campo democrata ficou dividido entre dois candidatos: John Breckinridge e Stephen A. Douglas. Houve, ainda, um quarto candidato, mas de menor expressão, chamado John Bell.
Com os democratas divididos, Lincoln foi eleito ao receber 40% dos votos do eleitorado e conquistar mais da metade dos votos do colégio eleitoral (180 de um total de 303). Esse resultado transformou-o no 16º presidente da história dos Estados Unidos.
Guerra Civil Americana
A eleição de Abraham Lincoln deu margem para uma forte crise política, que resultou na Guerra Civil Americana ou Guerra de Secessão, o maior conflito da história dos Estados Unidos, que deixou o saldo de 600 mil mortos.
A vitória de Lincoln não foi aceita pelos estados do sul dos Estados Unidos, que o consideravam um abolicionista radical. Lincoln tinha posição contra a escravidão, mas ele não era necessariamente um abolicionista radical. Os estados do sul anunciaram que, diante da sua eleição, fariam a sua separação dos Estados Unidos.
O presidente Lincoln anunciou que não aceitaria a secessão (separação) dos sulistas e que reagiria militarmente para garantir a integridade do território norte-americano. A ideia de separação ganhou força, e os estados sulistas fiaram-se nela. Entre esses estados, estavam a Carolina do Sul, o Alabama, o Mississippi e o Texas, por exemplo.
Assim apareceram os Estados Confederados da América e um novo presidente (Jefferson Davis). Em abril de 1861, tropas sulistas atacaram um forte ocupado por tropas de União, forçando Lincoln a enviar tropas para o sul do país. Isso marcou o início da guerra.
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Últimos anos
Os nortistas venceram a Guerra de Secessão, em 1865, e, durante o conflito, Abraham Lincoln decidiu abolir a escravidão nos Estados Unidos. Isso aconteceu por meio de uma lei de 1863, que, depois, transformou-se na Décima Terceira Emenda Constitucional, em 1865. Com a derrota, os estados sulistas tiveram de aceitar o fim do trabalho escravo.
Além disso, foi necessário reintegrar os sulistas à União. Esse processo ficou conhecido como Reconstrução e foi outra questão de grande polêmica nos Estados Unidos. Lincoln desejava impor termos brandos aos sulistas, mas os congressistas nortistas queriam uma punição mais dura.
Enquanto essas questões dividiam a política, Lincoln tinha se tornado um alvo de sulistas que procuravam se vingar da derrota na guerra. Um deles era John Wilkes Booth, antigo espião dos confederados. Ele passou a conspirar o sequestro do presidente, mas abandonou esses planos e iniciou outros com o objetivo de assassiná-lo.
Booth teve sucesso na sua missão quando entrou em um teatro, em Washington, em 14 de abril de 1865. Ele encontrou o presidente desprotegido em uma cabine (os guarda-costas não estavam por perto), e então atirou em Lincoln. Os ferimentos levaram-no a óbito no dia 15 de abril de 1865. Booth foi encontrado dias depois, e, após confronto com a polícia, foi morto.