Simón Bolívar

Simón Bolívar foi um militar venezuelano que teve papel fundamental no processo de independência de cinco nações do continente sul-americano. Bolívar atuou diretamente na luta contra os espanhóis pela independência de Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia. Ele também ficou conhecido por sua capacidade como estrategista militar e recebeu o epíteto de “Libertador”.

Bolívar, além disso, cultivava alguns ideais progressistas na busca por diminuir a pobreza que existia nos locais em que ele lutou pela independência. Enxergava na união das nações sul-americanas uma forma de combater a miséria e de resistir a ações de países estrangeiros, como a Inglaterra, os Estados Unidos e a própria Espanha.

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Primeiros anos de Simón Bolívar

Seu papel na liderança das independências de cinco nações sul-americanas fez com que Bolívar fosse conhecido como o Libertador.

Simón José Antonio de la Santísima Trinida Bolívar Palacios Ponte y Blanco, ou simplesmente Simón Bolívar, nasceu em 24 de julho de 1783, em Caracas, cidade que atualmente é a capital da Venezuela, mas que na época era parte da Capitania-Geral da Venezuela, uma das colônias espanholas na América.

Bolívar era parte de uma família que pertencia à aristocracia criolla (descendentes de espanhóis que haviam nascido na América). Sua família era de origem basca e tinha se estabelecido na Venezuela no final do século XVI. Ela enriqueceu explorando metais preciosos na região e, quando ele nasceu, era dona de minas de prata e cobre.

Além disso, a família de Bolívar possuía fazendas voltadas para a produção de açúcar e cacau, e Leonardo Gavião e Hugo Suppo afirmam que ela possuía cerca de 1200 escravos|1|. A alta condição financeira provinda dessas atividades ofertou a Bolívar uma boa educação ao longo de sua juventude, no entanto, ele cresceu órfão.

Seu pai, Juan Vicente Bolívar y Ponte, faleceu quando Bolívar tinha três anos, e sua mãe, María de la Concepción Palacios y Blanco, faleceu quando ele tinha nove. Após isso, Simón Bolívar fui tutorado por seu avô, e depois por dois de seus tios, todos eram parentes de sua mãe.

A educação de Bolívar foi rica, e ele foi acompanhado por grandes intelectuais do período. Nesse sentido, os dois grandes nomes foram Simón Rodríguez, um intelectual iluminista que se envolveu em atividades revolucionárias, e Andrés Bello, um poeta venezuelano. Com 14 anos de idade Bolívar, ingressou no meio militar ao fazer parte do 4º Batalhão de Milícias de Blancos de los Valles de Aragua.

Com 16 anos, ele partiu para a Europa, estabelecendo-se na Espanha. Lá ele conheceu María Teresa Rodríguez del Toro y Alayza, filha de uma família de criollos de Caracas. Casou-se com ela em 1802 e levou-a para a Venezuela em 1803, mas lá ela faleceu de febre amarela. Depois disso, Bolívar fez novas viagens, passando por locais como França, Itália e Estados Unidos.

Independência da América Espanhola

De origem aristocrática, Bolívar aderiu a ideais revolucionários e lutou pela independência dos países da América do Sul.[1]

Bolívar retornou à Venezuela em 1807, e quando chegou a Caracas, encontrou o local inflamado pela causa revolucionária e pela luta contra a Espanha. Nesse momento, ele já era adepto dos ideais revolucionários, uma vez que, em 1805, durante sua passagem pela Itália, tinha feito a promessa de dedicar a sua vida à causa da libertação venezuelana. Essa promessa ficou conhecida como Juramento do Monte Sacro.

Os ideais revolucionários de Bolívar são resultado da influência de Simón Rodríguez em sua educação, mas também das leituras iluministas que ele realizou durante suas viagens à Europa. É importante considerarmos que o iluminismo era a grande influência sobre as correntes revolucionárias que se espalhavam pela Europa e América.

No caso da América Espanhola, o contexto internacional, aliado à influência do iluminismo, fez com que movimentos de independência começassem a surgir nos diferentes domínios espanhóis. Isso porque a Espanha vivia uma crise, pois as tropas de Napoleão Bonaparte tinham invadido o território espanhol e trocado seu rei, Fernando VII, pelo irmão de Napoleão, José Bonaparte.

O enfraquecimento espanhol e a influência das ideias revolucionárias motivaram os movimentos de independência. Os ideais iluministas ajudaram os colonos americanos a criarem um senso de identidade local que buscava a ruptura com a Espanha e desejava a autodeterminação. Nesse contexto, Bolívar atuou diretamente para garantir a emancipação das colônias espanholas.

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Simón Bolívar, o Libertador

Ao longo de sua vida, Bolívar atuou na independência de cinco nações sul-americanas: Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia. Seu primeiro local de atuação foi, naturalmente, sua terra de origem: a Venezuela. Desse modo, ele fez parte da Junta Governativa, uma instituição formada em 1810 que atuou na independência desse país.

Bolívar esteve em Londres, em 1810, para conseguir apoio inglês na causa venezuelana e atuou para convencer Francisco de Miranda, um conhecido revolucionário, a retornar ao país e tomar parte do movimento de independência. Em 1811, a Venezuela declarou sua independência, formando a Primeira República da Venezuela. Nesse momento, Bolívar cumpria com importantes papéis militares.

Os espanhóis conseguiram recuperar o controle sobre a Venezuela em 1812, fazendo com que Bolívar fugisse e se estabelecesse em Nova Granada. Lá ele montou uma força de 800 homens que retornou à Venezuela, ganhando adesão popular, e liderou as tropas que, em 6 agosto de 1813, entraram vitoriosas em Caracas, proclamando a Segunda República da Venezuela. Foi nessa liderança que ele recebeu o apelido de Libertador.

Uma nova derrota para forças leais aos espanhóis forçou Bolívar a fugir para o Caribe, estabelecendo-se na Jamaica e no Haiti. No primeiro país, ele escreveu, em 1815, a Carta da Jamaica, um dos documentos que melhor resume seus próprios ideais revolucionários para a América do Sul.

Basicamente, ele defendia que os sul-americanos deveriam estar à frente de si mesmos, além disso, a implantação de governos baseados na democracia e no reconhecimento dos direitos do homem guiados por uma Constituição. Naturalmente, Bolívar defendia a formação de uma república e acreditava que a América deveria formar uma grande nação a ser governada sem regalias para os governantes e com maior centralização política.

Em 1816, ele retornou à Venezuela, declarou a libertação dos escravos, conquistou Angostura e organizou uma força que partiu para Nova Granada, para libertá-la. Conseguiu formalizar a independência de Nova Granada quando derrotou os espanhóis na Batalha de Boyacá, em 1819. Dois anos depois, ele derrotava os espanhóis na Venezuela, formalizando a independência de sua terra natal.

Bolívar defendeu a unificação dos países sul-americanos e esteve à frente da Grã-Colômbia, de 1819 a 1830.

Bolívar ainda engajou-se na libertação do Equador (que fazia parte de Nova Granada), na independência peruana e na independência boliviana (a Bolívia leva esse nome em homenagem a ele). Com as independências conquistadas, Bolívar liderou a organização da Grã-Colômbia, país que reuniu os territórios de Colômbia, Venezuela e Equador.

Ele governou esse país como presidente de 1819 a 1830, e, a partir de 1828, tentou assumir uma postura mais centralizadora, no entanto, seu projeto fracassou porque as elites de cada região tinham interesses distintos que minavam seu poder e sua administração. Além disso, essas elites eram contra algumas medidas progressistas tomadas por ele e incomodavam-se com sua postura centralizadora.

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Falecimento

O enfraquecimento da Grã-Colômbia e a possibilidade de que uma guerra civil despontasse fizeram Bolívar renunciar à presidência em 1830. A Grã-Colômbia dividiu-se em Colômbia, Venezuela e Equador, e seu ex-presidente passou os últimos meses de sua vida no primeiro país. Ainda em 1830, ele contraiu uma tuberculose que o impediu de viajar para a Europa. Ele faleceu em 1º de dezembro de 1830, vítima dessa doença.

Nota

|1| GAVIÃO, Leandro e SUPPO, Hugo. A utopia pan-americana de Simón Bolívar. In.: XAVIER, Lídia de Oliveira e AVILA, Carlos F. Domínguez. Política, cultura e sociedade na América Latina: estudos interdisciplinares e comparativos – Vol. 5. Curitiba: Editora CRV, 2018. p. 165.

Créditos da imagem

[1] bissig e Shutterstock

Publicado por Daniel Neves Silva
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