Cisma do Oriente

O Cisma do Oriente foi o evento que concretizou a ruptura da Igreja na Europa, em 1054. A partir desse evento, estabeleceu-se a divisão entre Igreja Católica e Igreja Ortodoxa.
O Grande Cisma consolidou o afastamento entre católicos e ortodoxos.[1]

O Cisma do Oriente ou Grande Cisma foi o evento que consolidou a separação no interior da Igreja cristã na Europa, em 1054. A partir desse evento, consolidou-se a divisão em Igreja Católica, sediada em Roma, e Igreja Ortodoxa, naquele contexto, sediada em Constantinopla. A ruptura aconteceu por uma série de desentendimentos entre 1053 e 1054.

Os historiadores entendem que o Cisma do Oriente foi resultado de um afastamento de séculos entre a Igreja latina e a grega e que foi resultado de diferentes interesses políticos, além de diferentes heranças culturais, que contribuíram para que surgissem visões doutrinárias divergentes a respeito do cristianismo.

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Resumo sobre o Cisma do Oriente

  • O Grande Cisma ou Cisma do Oriente foi o evento que oficializou a separação das igrejas Católica e Ortodoxa.

  • Aconteceu, em 1054, por conta de uma série de desentendimentos entre católicos e ortodoxos.

  • Consolidou-se, a partir de então, a separação da Igreja Católica e da Igreja Ortodoxa.

  • Muitos historiadores apontam que o evento não teve tanta importância assim no século XI.

  • Entende-se que ele foi causado pelas incontornáveis diferenças de tradição religiosa entre católicos e ortodoxos.

O que foi o Cisma do Oriente?

O Cisma do Oriente ou Grande Cisma é considerado pelos historiadores o evento que determinou o rompimento oficial entre as igrejas Católica e Ortodoxa. Aconteceu em 1054, sendo a conclusão de uma série de desentendimentos entre as autoridades das duas igrejas.

No entanto, outros historiadores sugerem que ele não teve tanta importância assim no século XI, e o que contribuiu para o afastamento entre as duas igrejas teria sido a soma das diferenças culturais, políticas e doutrinárias entre elas.

Quais foram as causas do Cisma do Oriente?

As causas do Cisma do Oriente não são encontradas exclusivamente no século, mas têm raízes profundas que remetem às origens do cristianismo durante o Império Romano. Os historiadores apontam que as causas da ruptura entre católicos e ortodoxos são explicadas por fatores culturais, políticos e doutrinários.

O cristianismo se estabeleceu lentamente no Império Romano, e, à medida que se popularizou, foi sofrendo diversas influências culturais. Sua oficialização como a religião do Império Romano aconteceu, em 380, por meio do Édito de Tessalônica. A partir disso, cinco cidades se transformaram em grandes locais do cristianismo.

Essas cidades eram Roma, Constantinopla, Antioquia, Alexandria e Jerusalém. As duas primeiras tornaram-se mais significativas, estabelecendo-se como centros do cristianismo nos primeiros séculos da religião. Esse maior significado delas teve relação com a importância política que ambas sustentavam, pois Roma era capital do Império Romano do Ocidente e Constantinopla era capital do Império Romano do Oriente.

Acontece que as igrejas sediadas nessas cidades se desenvolveram com tradições culturais distintas, o que contribuiu para um afastamento. Os católicos desenvolveram-se com base na tradição latina e germânica, fruto das invasões germânicas nas terras romanas; os ortodoxos, por sua vez, se desenvolveram pela tradição helenística, isto é, grega e oriental.

Além das questões culturais, havia as questões políticas e o interesse das igrejas latina e grega de tomarem para si a primazia. Em outras palavras, tanto a Igreja de Roma quanto a de Constantinopla desejavam impor-se sobre a cristandade. Essa disputa refletia a própria rivalidade entre as duas cidades desde os tempos do Império Romano.

  • Diferenças nas doutrinas das igrejas Católica e Ortodoxa no Cisma do Oriente

As diferenças culturais entre a Igreja latina e a grega contribuíram diretamente para que as duas tivessem uma série de divergências em questões doutrinárias. Havia divergências em questões das mais simples às mais complexas, demonstrando o intenso afastamento entre os dois lados.

A Igreja Católica, por exemplo, defendia a ideia de que o papa era infalível e determinava que os sacerdotes deveriam ser celibatários. Os ortodoxos, por sua vez, não acreditavam na ideia da infalibilidade de seu patriarca, não reconheciam o papa como uma autoridade religiosa, e permitiam que seus sacerdotes construíssem família.

Além disso, havia divergências acerca do pão usado na Eucaristia, pois os ortodoxos utilizavam o pão fermentado, enquanto os católicos utilizavam o pão ázimo, sem fermento. Os ortodoxos também não acreditavam em conceitos importantes na doutrina católica, como a Trindade e o pecado original.

Outras três divergências muito importantes entre católicos e ortodoxos eram:

  • Monofisismo: negação da natureza humana de Jesus Cristo. Os ortodoxos acreditavam que Jesus tinha apenas natureza divina, enquanto os católicos acreditavam em sua natureza divina e humana.

  • Iconoclastia: os ortodoxos rejeitavam a adoração a imagens dos santos, defendendo apenas a sua veneração. Muitos deles acreditavam que era necessário destruir todas as imagens.

  • Cesaropapismo: os ortodoxos defendiam que sua autoridade política, o imperador, também era a autoridade máxima da Igreja. Os católicos não concordavam com essa subjugação.

Como aconteceu o Cisma do Oriente?

O contexto que resultou no Cisma do Oriente foi uma série de desentendimentos entre os anos de 1053 e 1054. Primeiramente, houve uma ordem para que as igrejas ortodoxas do sul da Península Itálica se adaptassem ao rito latino (católico), e houve uma ameaça de fechamento dessas igrejas se a ordem não fosse cumprida.

O patriarca bizantino Miguel Cerulário decidiu retaliar a ação católica e determinou que todas as igrejas latinas nos territórios do Império Bizantino fossem fechadas. O papa Leão IX, então, decidiu enviar um legado papal (representante) para Constantinopla a fim de resolver essa questão e negociar outras também.

O papa Leão IX também queria contar com o apoio dos bizantinos para lutar contra os normandos que atacavam o sul da Península Itálica e queria que Leão de Ocrida, líder religioso ortodoxo, parasse com suas críticas à doutrina católica. Por fim, o papa procurou reafirmar a soberania da Igreja de Roma sobre a cristandade, o que não foi aceito pelo patriarca.

Pouco depois disso, o papa Leão IX faleceu, mas o seu legado, chamado Humbert de Moyenmoutier, anunciou que Miguel Cerulário estava excomungado. O patriarca bizantino anunciou também que o legado papal estava excomungado. É essa troca de excomungações que se entende como o Cisma do Oriente.

Muitos historiadores apontam que o legado papal não tinha mais autoridade para excomungar o patriarca bizantino porque sua autoridade havia sido encerrada com o falecimento de Leão IX.

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Quais foram as consequências do Cisma do Oriente?

A maior consequência do Cisma do Oriente foi o afastamento entre as duas igrejas, a Católica e a Ortodoxa. Além disso, o evento contribuiu para aumentar a rivalidade entre católicos e ortodoxos, levando a episódios de violência, como o Massacre dos Latinos (1182) e o Saque de Constantinopla (1204).

Créditos da imagem

[1]YuG e Shutterstock

Fontes

NATIONAL GEOGRAPHIC SOCIETY. Jul 16, 1054 CE: Great Schism. Disponível em: https://education.nationalgeographic.org/resource/great-schism/

GOFF, Jacques Le; SCHIMIT, Jean-Claude. Dicionário analítico do Ocidente medieval. vol. 1, trad. Hilário Franco Júnior. São Paulo: Editora Unesp, 2017.

MONTFORT ASSOCIAÇÃO CULTURAL. Cisma do Oriente. Disponível em: https://www.montfort.org.br/bra/veritas/historia/melo_cisma_do_oriente/

KHOMIAKOV, Alexis. A Santa Igreja Ortodoxa. Disponível em: http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/igreja_ortodoxa/a_igreja_ortodoxa_historia7.html

Publicado por Daniel Neves Silva
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