Conferência de Potsdam

A Conferência de Potsdam foi um evento que ocorreu após a rendição da Alemanha na Segunda Guerra Mundial. Nela, alguns países começaram a definir o mundo pós-guerra.
Winston Churchill, Harry S. Truman e Joseph Stalin após a Conferência de Potsdam. Nela, Truman informou Stalin sobre a criação da bomba nuclear.

A Conferência de Potsdam foi um evento que ocorreu pouco mais de seis meses após a rendição da Alemanha na Segunda Guerra Mundial, em um momento no qual o Japão era o único país do Eixo que continuava na guerra. Em Potsdam, as três grandes potências pertencentes aos Aliados (Inglaterra, Estados Unidos e União Soviética) definiram as quatro zonas de ocupação aliada na Alemanha e em Berlim; também definiram as novas fronteiras entre a Alemanha, Polônia e União Soviética; a ocupação aliada na Áustria; sobre a transferência de populações de origem alemã que viviam fora do território alemão; e que a Alemanha deveria ser desmilitarizada e desnazificada.

Durante a Segunda Guerra Mundial, diversas reuniões e conferências foram realizadas entre as lideranças dos Aliados. Nelas a Inglaterra, os Estados Unidos e a União Soviética conduziram as discussões, inicialmente sobre as estratégias militares conjuntas adotas no conflito e, posteriormente, sobre o mundo pós-guerra, como foi o caso da Conferência de Potsdam.

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Resumo sobre a Conferência de Potsdam

  • Foi um evento que ocorreu após a rendição da Alemanha na Segunda Guerra mundial.
  • Participaram dela os líderes políticos da Inglaterra, dos Estados Unidos e da União Soviética.
  • Nela os líderes discutiram o futuro da Alemanha, definiram as novas fronteiras do país e o futuro dos líderes nazistas.
  • Também foi debatida a influência soviética nos países libertados pelo Exército Vermelho, no Leste da Europa.
  • Foi nela que o presidente dos Estados Unidos, Harry Truman, informou Stalin que os norte-americanos haviam testado com sucesso a bomba nuclear.
  • Seus membros definiram que a Alemanha deveria ser desnazificada, desmilitarizada e reconstruída de forma democrática.
  • A Polônia perdeu terras a leste do seu território para os soviéticos. Como compensação, recebeu terras da Alemanha.

Quais os objetivos da Conferência de Potsdam?

Na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), houve duas alianças: Eixo (Alemanha, Itália e Japão) e Aliados (França, Inglaterra, EUA e União Soviética). Nos primeiros anos da guerra, as grandes potências aliadas, Inglaterra, Estados Unidos e União Soviética, “os três grandes”, discutiam como combateriam as tropas do Eixo, mas, com o desenrolar da guerra, as discussões se voltaram para o futuro da Alemanha e do mundo pós-guerra.

Antes da Conferência de Potsdam, havia ocorrido a Conferência de Yalta, nesta haviam sido feitas discussões entre “os três grandes” sobre o futuro da Alemanha e sobre quais países a ocupariam após o conflito. A Conferência de Yalta ocorreu em fevereiro de 1945, momento em que a derrota alemã era iminente. Muitas questões não foram resolvidas em Yalta e uma nova conferência deveria ocorrer para resolvê-las.

A Alemanha se rendeu em 7 de maio de 1945, e os Aliados deveriam decidir o que aconteceria com a Alemanha e seus aliados europeus após a guerra; como seriam os novos territórios da Alemanha, da Polônia e de outros países do Leste Europeu; como os criminosos de guerra seriam julgados; quais indenizações os derrotados deveriam pagar; e quais seriam as áreas de influência da Inglaterra, da União Soviética e dos Estados Unidos no continente europeu. Para discutir as questões que surgiram com a rendição alemã, foi realizada a Conferência de Potsdam.

Conferência de Potsdam (1945)

A cidade de Potsdam é vizinha de Berlim, capital da Alemanha, e foi nela que os Aliados decidiram realizar a primeira conferência após a rendição alemã. A ideia era mostrar ao mundo que eles possuíam total controle sobre a Alemanha. A Conferência de Potsdam aconteceu entre 17 de julho e 2 de agosto de 1945. Dela participaram diversos consultores militares, mas as principais decisões foram tomadas pelas três grandes nações aliadas: Inglaterra, Estados Unidos e União Soviética.

Stalin novamente representou a União Soviética durante toda a conferência, mas os representantes das outras duas nações mudaram em relação às conferências anteriores. Franklin D. Roosevelt havia falecido em abril de 1945 e, no seu lugar, assumiu Harry Truman como novo presidente dos EUA. Já pela Inglaterra Winston Churchill havia iniciado a conferência como representante do país, mas foi substituído no decorrer dela pelo então novo primeiro-ministro inglês, Clement Attle, membro do Partido Trabalhista que havia sido o vencedor das eleições parlamentares.

Discussões e negociações sendo feitas na Conferência de Potsdam.

Durante as negociações em Potsdam, diversas discordâncias ocorreram entre a União Soviética e os Estados Unidos e a Inglaterra. A primeira delas era sobre as indenizações que a Alemanha deveria pagar. A União Soviética defendia que a Alemanha deveria pagar pesadas indenizações pela destruição provocada com a guerra; Estados Unidos e Inglaterra eram contrários, pois acreditavam que tais termos eram semelhantes aos do Tratado de Versalhes (1919), um dos motivos que levaram o mundo à Segunda Guerra.

Outra discussão realizada foi sobre as novas fronteiras dos países do Leste da Europa, novamente os Aliados de língua inglesa e os soviéticos tiveram dificuldades em encontrar consenso. Além dos novos territórios, foi discutido o que aconteceria com as populações de origem alemã que viviam em outros países.

A Conferência de Potsdam também ficou famosa por ter sido nela que Truman informou Stalin sobre a bomba nuclear desenvolvida pelos Estados Unidos. Truman afirmou, anos depois, que informou Stalin em uma conversa informal que os Estados Unidos tinham “desenvolvido uma nova arma de poder de destruição incomum”. Truman afirmou que Stalin não se espantou com a informação.

No dia seguinte, Truman autorizou o uso das bombas nucleares contra o Japão. Stalin possuía espiões nos Estados Unidos e sabia do desenvolvimento da arma pelos norte-americanos. No mesmo dia em que o líder soviético soube do sucesso americano com a bomba nuclear, ele enviou um telegrama para os cientistas da URSS, pressionando-os para acelerarem o desenvolvimento da bomba nuclear soviética.

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Decisões da Conferência de Potsdam

Mesmo com os atritos entre as principais nações aliadas, algumas decisões foram tomadas em Potsdam. A primeira delas foi a divisão da Alemanha, de Berlim e do território da Áustria em áreas de ocupação que seriam tomadas por franceses, ingleses, soviéticos e norte-americanos.

Território alemão dividido em quatro zonas de ocupação. Os territórios amarelos foram perdidos pela Alemanha para a Polônia e para a União Soviética. [1]

Outra decisão tomada na Conferência de Potsdam foi o total desarmamento e desmilitarização da Alemanha. Toda a indústria bélica alemã deveria ser desmantelada e todos os grupos militares e paramilitares deveriam ser extintos.

Outra proposta da conferência foi a de desnazificação da sociedade alemã. A sociedade alemã deveria ser instruída em princípios democráticos, com significativa mudança no sistema de ensino alemão. Antigos membros do Partido Nazista e simpatizantes dele que ocupavam cargos no sistema judiciário alemão deveriam ser cassados.

Também foi proposta a eleição de um novo governo alemão, mas o início da Guerra Fria (1947-1991) acabou com as negociações entre soviéticos e norte-americanos, e a Alemanha acabou dividida em duas áreas, a Alemanha Ocidental, de economia capitalista, e a Alemanha Oriental, de economia socialista.

Também ocorreu em Potsdam a decisão sobre as novas fronteiras entre a Alemanha, Polônia e União Soviética. Stalin exigiu parte do território leste da Polônia, o que lhe foi concedido. A Polônia, para ser compensada, recebeu territórios da região leste da antiga Alemanha, o que levou à deportação de milhões de alemães que viviam nessa região.

Populações de origem alemã foram expulsas de outros países europeus, como Hungria, Tchecoslováquia e Áustria. Acredita-se que centenas de milhares de alemães morreram nessas migrações forçadas, por fome, doenças ou violências praticadas pela população civil ou soldados aliados.

Outras conferências realizadas no contexto da Segunda Guerra Mundial

→ Conferência de Teerã

Ocorreu em 1943 e foi o primeiro encontro entre os três grandes países aliados (Inglaterra, Estados Unidos e União Soviética). As discussões sobre a aliança militar dos Aliados e as estratégias de guerra contra o Eixo predominaram nessa conferência.

Stalin pressionou norte-americanos e ingleses a abrirem uma nova frente de batalha na França a fim de obrigar a Alemanha a remanejar soldados que lutavam contra a União Soviética. O líder soviético desconfiava que seus aliados atrasavam a abertura de novas frentes de batalha para enfraquecer o Exército Vermelho. Churchill e Roosevelt se comprometeram a abrir uma nova frente de batalha no norte da França e reforçar as tropas que lutavam na Iugoslávia.

→ Conferência de Yalta

Ocorreu na cidade de Yalta, na Crimeia, em fevereiro de 1945. Novamente “os três grandes” participaram da conferência. Desta vez a Alemanha e a Europa pós-guerra fizeram parte das principais discussões. “Os três grandes” fizeram um esboço das quatro zonas de ocupação da Alemanha após o fim da guerra. Também foram discutidos em Yalta a criação de um tribunal para julgar os criminosos de guerra e o apoio da União Soviética na luta contra o Japão.

→ Conferência de São Francisco

É a conferência considerada o marco de fundação da Organização das Nações Unidas, a ONU. Participaram dela membros de 50 países. A conferência aprovou em seu último dia a Carta das Nações Unidas — o documento de fundação da ONU que foi assinado por diversos países participantes da conferência e que ficou em aberto para que outros países se tornassem signatários no futuro.

A Carta das Nações Unidas passou realmente a entrar em vigor em 24 de outubro de 1945, quando os Estados Unidos, União Soviética, China, França e Reino Unido assinaram-na. Os cinco países se tornaram membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, com direito de veto sobre as decisões tomadas pela Assembleia Geral.

Doutrina Truman e Plano Marshall

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos e a União Soviética eram as duas superpotências econômicas e militares do mundo.

Em 1947, Truman fez um discurso de 33 segundos para o Congresso americano que marcou o início da chamada Doutrina Truman. No discurso ele defendeu que os Estados Unidos deveriam apoiar qualquer nação que estivesse sob o perigo de se tornar socialista e de cair na órbita soviética devido a “pequenos grupos armados”. Afirmou ainda que o apoio também deveria ser econômico. O objetivo de Truman era fazer com que países em dificuldades econômicas conseguissem desenvolver a economia de mercado, evitando que crises econômicas os levassem ao socialismo.

Ainda em 1947, Truman lançou o Plano Marshall, um plano de ajuda econômica dos Estados Unidos para os países afetados pela Segunda Guerra Mundial. Ao todo, os Estados Unidos injetaram mais de 18 bilhões de dólares na Europa do pós-guerra. Boa parte dos recursos foi investida na reconstrução de infraestrutura, como rodovias, portos, aeroportos, hidrelétricas, termoelétricas, hospitais, escolas, entre outros. 

Os principais beneficiários do Plano Marshal foram Inglaterra, França, Alemanha Ocidental e Itália. Se o fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foi marcado pelo Tratado de Versalhes, que sugou os poucos recursos econômicos da Alemanha, levando-a à crise, a Segunda Guerra Mundial terminou com o Plano Marshall, que teve por principal objetivo investir nos países arrasados pela guerra para que eles se tornassem aliados dos Estados Unidos na Guerra Fria.

Crédito de imagem

[1] 52 Pickup / IEG-Maps / Wikimedia Commons (reprodução)

Fontes

BEEVOR, Antony. A Segunda Guerra Mundial. Editora Record, São Paulo, 2015.

FERRAZ, Francisco Cesar. A Segunda Guerra Mundial. Editora Contexto, São Paulo, 2022.

JUDT, Tony. Pós-guerra: uma história da Europa desde 1945. Editora Objetiva, São Paulo, 2008.

MASSON, Phillippe. A Segunda Guerra Mundial: História e estratégias. Editora Contexto, São Paulo, 2010.

Publicado por Jair Messias Ferreira Junior
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