Darwinismo social

O darwinismo social foi um pensamento pseudocientífico que extrapolou a teoria da seleção natural de Darwin ao aplicá-la às sociedades humanas, legitimando hierarquias sociais e práticas excludentes ao defender que os “mais aptos” triunfariam naturalmente sobre os “menos aptos”.
Suas raízes remontam a autores como Herbert Spencer e Francis Galton, que associaram competição irrestrita ao progresso, fornecendo justificativas pseudocientíficas para o racismo, ao mesmo tempo que fomentaram o imperialismo com a ideia de que nações “superiores” deveriam subjugar povos considerados “inferiores”.
A relação com a eugenia tornou ainda mais claras as intenções de “aperfeiçoar” a humanidade por meio de controle reprodutivo, resultando em políticas estatais violentas, como esterilizações forçadas e perseguições a grupos tidos como “degenerados”.
Leia também: Nazismo — ideologia extremista e totalitária que defendia ideias eugenistas
Resumo sobre o darwinismo social
- O darwinismo social foi um pensamento pseudocientífico que extrapolou a teoria da seleção natural de Darwin.
- Teve origem, no século XIX, com base nas interpretações de pensadores como Herbert Spencer e Francis Galton, que levaram os princípios da seleção natural de Darwin para a esfera social.
- Aplicado às relações raciais, o darwinismo social forneceu bases pseudocientíficas para justificar a inferiorização de grupos não brancos, sustentando uma suposta hierarquia natural entre raças e legitimando práticas de segregação, escravidão ou genocídio.
- Na expansão imperialista dos séculos XIX e XX, o darwinismo social serviu como fundamento ideológico para a colonização, ao defender que nações “mais fortes” subjugariam naturalmente as “mais fracas”.
- A eugenia, fortemente influenciada pelo darwinismo social, propõe o controle de casamentos e reprodução para “aperfeiçoar” a humanidade.
- No Brasil, sobretudo no final do século XIX e início do XX, as ideias darwinistas sociais influenciaram políticas de branqueamento e imigração, sustentadas pela crença de que imigrantes europeus “melhorariam” a composição racial do país.
- As consequências incluem a legitimação de desigualdades estruturais, genocídios, políticas eugênicas e racistas, bem como a culpabilização dos “inferiores” por sua própria marginalização.
Videoaula sobre darwinismo social
O que é o darwinismo social?
O darwinismo social é uma corrente de pensamento que aplica conceitos da teoria da evolução de Charles Darwin, como a seleção natural e a sobrevivência do mais apto, a diferentes esferas da sociedade. No contexto biológico, Darwin propôs que os seres vivos sofrem pressões ambientais que favorecem aqueles com características mais adequadas à sobrevivência e reprodução.
Entretanto, alguns pensadores do século XIX e do início do século XX interpretaram essa ideia para justificar desigualdades sociais, políticas e econômicas, alegando que pessoas ou grupos considerados “mais fracos” estariam fadados ao fracasso natural, enquanto os “mais fortes” triunfariam. Essa interpretação extrapolou o campo científico, transformando-se em uma ideologia utilizada para sustentar diversas práticas excludentes e discriminatórias.
Origem do darwinismo social
O ponto de partida para o que veio a ser chamado de darwinismo social remonta às reflexões de vários intelectuais que tentavam aplicar os princípios biológicos de Darwin à sociedade. Contudo, Charles Darwin não usou sua teoria da seleção natural para justificar desigualdades sociais. O papel de difusor dessa ideia coube, em grande parte, a pensadores como Herbert Spencer (1820-1903), que cunhou a expressão “survival of the fittest” (sobrevivência do mais apto).Spencer não se limitou apenas à teoria biológica. Ele acreditava que a competição irrestrita em sociedade era o motor de seu progresso, e que aqueles mais aptos — do ponto de vista moral, intelectual e, algumas vezes, até racial — prevaleceriam.
Outro nome associado às bases do darwinismo social foi Francis Galton, primo de Charles Darwin. Galton desenvolveu estudos sobre hereditariedade e sobre a possibilidade de “aperfeiçoar” a espécie humana por meio de controles reprodutivos, o que, mais tarde, seria parte fundamental do movimento eugenista.
Embora Darwin reconhecesse a influência da hereditariedade na seleção natural, ele não endossava as extrapolações que Galton e Spencer faziam em suas teorias sobre a sociedade. Contudo, a ideia de que sociedades humanas obedecem às mesmas regras de competição e eliminação de indivíduos “mais fracos” ou “menos aptos” acabou se espalhando, sobretudo porque a Era Vitoriana vivia um intenso período de transformações e disputas coloniais. Com o crescimento industrial e o surgimento de grandes potências comerciais no século XIX, formou-se um terreno fértil para que essas ideias encontrassem legitimidade.
Empresários e políticos viram, no darwinismo social, uma forma de validar políticas de expansão, exploração e exclusão. A crença de que existiria uma hierarquia natural entre raças, classes sociais e nações foi convenientemente combinada aos ideais de progresso econômico, resultando num discurso que auxiliava a manutenção de relações de poder desiguais.
Leia também: Imperialismo — conjunto de políticas que busca o domínio de um país sobre outros
Darwinismo social e racismo
A aplicação do darwinismo social consolidou inúmeros argumentos pseudocientíficos que, ao longo dos séculos XIX e XX, foram utilizados para justificar o racismo institucionalizado e a opressão de grupos étnicos.
A ideia de uma “hierarquia racial” nutria-se do conceito de que certos grupos humanos seriam, supostamente, mais evoluídos do que outros, seja por questões de desenvolvimento cultural, seja por características físicas consideradas sinais de superioridade biológica. Dessa forma, a pseudociência do “racismo científico” procurava provas anatômicas, antropométricas e genéticas que sustentassem as teses de inferioridade de negros, indígenas ou qualquer outro grupo não branco.
Nos Estados Unidos, por exemplo, defensores da escravidão e, mais tarde, promotores das leis de segregação racial recorreram a interpretações deturpadas das teorias de Darwin e de Spencer para declarar que a população negra estaria em um nível de desenvolvimento “inferior”.
Tal visão legitimava não apenas a escravidão, como também a falta de direitos civis e as práticas de linchamento. Na Europa, estudiosos que apoiavam o colonialismo usavam argumentos semelhantes para subordinar populações africanas, asiáticas e indígenas, impondo, ao mesmo tempo, regimes de exploração econômica e trabalho forçado.
No início do século XX, as teorias de superioridade racial também se vincularam à ascensão de regimes totalitários. O caso mais notório é o da Alemanha Nazista, quando o Estado abraçou a ideia de purificação e do “aperfeiçoamento” de uma suposta “raça ariana”, argumentando, com base em uma interpretação distorcida de princípios evolutivos, que certos grupos — judeus, ciganos, pessoas com deficiência — seriam “degenerados” e, portanto, deveriam ser eliminados para manter a “saúde” da nação.
Esses exemplos mostram como o darwinismo social, aliado a motivações políticas e ideológicas, serviu para alicerçar políticas racistas, resultando em perseguições, massacres e genocídios.
Darwinismo social e imperialismo
O darwinismo social teve um papel importante na consolidação do imperialismo nos séculos XIX e XX, sendo utilizado para legitimar a expansão de impérios na África, Ásia e em outras regiões do globo.
Nesse contexto, a competição internacional, a dominação de territórios e o controle de recursos eram vistos como parte de um processo “natural”, em que nações mais “fortes” ou “superiores” venceriam na corrida pela conquista de mercados e terras. Assim, justificava-se a opressão de povos colonizados, apresentados como “incivilizados”, “fracos” ou “primitivos”.
A chamada “missão civilizadora” foi o pretexto ideológico utilizado por potências coloniais europeias para se apropriarem de áreas inteiras, sobretudo no continente africano, durante o processo conhecido como partilha da África, no final do século XIX. A ideia era a de que as potências industrializadas e “mais avançadas” tinham a responsabilidade moral de “elevar” os povos colonizados a um patamar de desenvolvimento superior.
Na prática, isso significava exercer um controle político e econômico, explorando matérias-primas, mão de obra barata e abrindo mercados para produtos europeus, ao mesmo tempo que se implantavam estruturas de educação e administração compatíveis com os interesses colonizadores.
A competição imperialista entre potências europeias, por sua vez, era vista como reflexo do próprio processo de seleção natural. Cada nação buscava expandir-se para não ser ultrapassada pelas rivais, acreditando que, caso não o fizesse, ficaria para trás na hierarquia global.
Esse clima de rivalidade contribuiu, inclusive, para a eclosão de conflitos como a Primeira Guerra Mundial, na qual, de um lado, muitos intelectuais saudaram o conflito como uma espécie de “seleção natural” em larga escala entre nações poderosas. Nesse sentido, o darwinismo social foi uma ideologia extremamente útil para justificar políticas expansionistas e colonialistas, que resultaram em exploração econômica, violência e genocídios contra populações locais.
Relação da eugenia e o darwinismo social
A eugenia emergiu como uma prática diretamente associada ao darwinismo social, principalmente por meio das ideias de Francis Galton. De modo geral, eugenia consiste em um conjunto de teorias e práticas que buscam, supostamente, “melhorar” a espécie humana por meio do controle de casamentos e reprodução, com o objetivo de eliminar características consideradas “indesejáveis” ou “inferiores”.
Essa perspectiva parte do pressuposto de que pessoas com doenças hereditárias, problemas mentais ou deficiências físicas deveriam ser desencorajadas ou até proibidas de se reproduzir, enquanto aquelas consideradas “saudáveis” ou “superiores” seriam incentivadas a ter mais filhos. Nos países que adotaram programas eugenistas, muitas vezes respaldados pelo Estado, chegaram a ocorrer esterilizações forçadas e outras violações de direitos humanos.
A lógica que sustenta a eugenia é essencialmente darwinista no sentido de pressupor que a seleção artificial, conduzida por políticas públicas ou pela sociedade, teria o poder de “aprimorar” as qualidades inatas das gerações futuras. Entretanto, na medida em que se fundamenta em conceitos racistas, capacitistas e elitistas, a eugenia legitima discriminações profundas e violações de direitos, como o controle do corpo e da liberdade reprodutiva.
Em diversos países, as ideias de eugenia foram aplicadas principalmente sobre grupos marginalizados, como minorias raciais, pessoas com deficiência e indivíduos de classes mais pobres.
O regime nazista, por exemplo, encampou a eugenia em seu programa de “higiene racial”. Entre os anos 1930 e 1940, na Alemanha, o Estado ordenou a esterilização forçada de milhares de pessoas, além de enviar indivíduos considerados “geneticamente inadequados” para campos de concentração ou para programas de extermínio.As vítimas incluíam judeus, ciganos, homossexuais, pessoas com deficiência, entre outros grupos. Esse quadro extremado revela o caráter violento que a eugenia pode assumir, sobretudo quando legitimada por Estados totalitários. Assim, a relação entre eugenia e darwinismo social torna-se clara: ao aplicar princípios biológicos de modo deturpado, cria-se uma ideologia que não apenas julga pessoas e grupos como “inferiores” como também defende ações concretas para eliminá-los ou restringir seus direitos.
Darwinismo social no Brasil
No Brasil, as ideias de darwinismo social encontraram eco em diferentes momentos históricos, especialmente no final do século XIX e no início do século XX. O país vivia um período de transição da monarquia para a república e enfrentava desafios para se modernizar, estando ainda marcado pela herança escravocrata.
As elites intelectuais e políticas brasileiras buscavam soluções para “purificar” e “melhorar” a população. Nesse sentido, conceitos como branqueamento e eugenia foram difundidos, influenciando diretamente as políticas de imigração e de urbanização.
Um exemplo notório é a política de incentivo à imigração europeia, fortemente adotada durante o final do império e no início da Primeira República. O governo brasileiro considerava que imigrantes de origem europeia — sobretudo italianos, alemães e espanhóis — poderiam “melhorar” a composição étnica do país.
Muitos políticos, cientistas sociais e médicos brasileiros da época acreditavam que, ao se misturarem com a população local, esses imigrantes contribuiriam para “avançar” racialmente o povo brasileiro, eliminando traços que eles consideravam “degenerados” ou “primitivos”. A imigração oriental também foi utilizada em menor escala, sempre com a perspectiva de controle e vigilância sobre quem entrava no país.
Além disso, o debate sobre higiene e saúde pública no início do século XX no Brasil era profundamente marcado pelo racismo estrutural. As grandes reformas urbanas, como a que ocorreu no Rio de Janeiro, sob a gestão do prefeito Pereira Passos (1902-1906), foram baseadas em concepções de modernização que implicavam a remoção de populações pobres e majoritariamente negras do centro da cidade, consideradas “focos de doenças” e “entraves ao progresso”.
Essas ações, muitas vezes, se sustentavam em teses eugênicas e darwinistas sociais, pelas quais a pobreza e as condições sanitárias precárias eram vistas como resultado da “inferioridade” das pessoas que viviam nessas regiões, em vez de apontarem para a responsabilidade do Estado na promoção de políticas de moradia e saneamento.
No início do século XX, a eugenia ganhou destaque no Brasil como parte das discussões sobre o progresso nacional e a formação de uma identidade moderna. A Sociedade Eugênica de São Paulo, fundada em 1918, reunia intelectuais, médicos e políticos que defendiam a aplicação de teorias eugenistas, com ênfase na ideia de “melhoramento racial” para o desenvolvimento do país.Entre os envolvidos, destaca-se Monteiro Lobato, escritor e editor influente, que, embora conhecido por sua contribuição à literatura infantil, também demonstrou simpatia por ideias eugenistas.
Lobato escreveu textos em que discutia questões relacionadas à raça e ao aprimoramento físico e intelectual, refletindo os preconceitos e as crenças da época sobre hierarquias raciais. Sua participação nesse debate é frequentemente criticada, dado o impacto duradouro dessas ideias na perpetuação do racismo e das desigualdades sociais no Brasil.
Ademais, a forte crença na hierarquização racial influenciou a formação de várias instituições de pesquisa e ensino no país. Era comum que se realizassem estudos de antropometria e antropologia física para tentar comprovar as diferenças “naturais” entre brancos, negros e indígenas.
Esses estudos, por sua vez, alimentavam a crença de que a “raça branca” era “mais evoluída”, enquanto a população negra e indígena teria características “primitivas”. Embora muitos desses pressupostos tenham sido posteriormente descreditados, seus impactos sociais persistiram por décadas, reforçando o racismo estrutural e a desigualdade social que até hoje marcam o Brasil.
Consequências do darwinismo social
As consequências do darwinismo social foram, e ainda são, profundamente nefastas. Em primeiro lugar, essa ideologia legitima desigualdades estruturais ao atribuí-las a um determinismo biológico, retirando a responsabilidade do Estado e das elites em promover políticas de distribuição de renda, educação e saúde.
Quando se entende que os “mais aptos” ascendem socialmente por mérito “natural” e que os “menos aptos” fracassam por conta de uma suposta inferioridade inata, diminuem-se os questionamentos a respeito das causas históricas, políticas e econômicas das desigualdades.
Em segundo lugar, o darwinismo social serviu como base para práticas de racismo institucional e genocídio. Governos que adotaram perspectivas darwinistas sociais, como o Terceiro Reich, executaram políticas de extermínio e perseguição a grupos inteiros, sob a justificativa de que esses grupos “contaminariam” ou “enfraqueceriam” a nação.
O resultado foi um dos maiores crimes da história, o Holocausto, no qual milhões de pessoas foram assassinadas devido à ascendência racial, religião ou orientação sexual. Embora o nazismo seja o caso mais extremo, outras nações também cometeram atrocidades sob influência de ideologias similares, como as políticas coloniais que dizimaram populações indígenas e africanas.
Outro efeito decorrente do darwinismo social foi a legitimação de projetos eugenistas mundo afora. Em diversos países da Europa, bem como nos Estados Unidos, vigoraram leis de esterilização compulsória, que afetavam, sobretudo, pessoas com deficiência, mulheres pobres, minorias raciais e étnicas, e indivíduos considerados “moralmente impróprios”.
Isso acarretou violações graves dos direitos humanos e criou uma mentalidade de exclusão, na qual algumas vidas eram julgadas “dignas de serem vividas” e outras não. É um legado de sofrimento e injustiça para milhares de vítimas, cujas histórias foram, em grande medida, silenciadas por décadas.
Do ponto de vista intelectual, o darwinismo social também atrasou o progresso de pesquisas em ciências humanas, pois impunha leituras reducionistas e preconceituosas sobre a diversidade humana.
Sociólogos, antropólogos e psicólogos que buscavam compreender as diferentes configurações sociais de modo crítico enfrentavam a hegemonia de abordagens biologizantes, as quais muitas vezes desconsideravam fatores como cultura, história e contexto social na formação das desigualdades. O esforço para superar essas visões foi longo e demandou contribuições de várias correntes teóricas, como a Escola de Chicago, o marxismo, a antropologia cultural, entre outras.
Finalmente, em termos sociais e políticos, o darwinismo social alimentou e alimenta até hoje discursos que culpabilizam populações marginalizadas pela sua própria condição de pobreza ou exclusão, como se isso fosse resultado de uma inferioridade essencial e não de estruturas sociais desiguais. Quando ideais de competição irrestrita e meritocracia absoluta são tomados como “naturais”, perde-se de vista a importância de políticas de equidade, ações afirmativas e garantias de direitos básicos.
Embora as ciências biológicas modernas tenham desbancado as antigas teses de hierarquia racial e inferioridade genética de certos grupos, resquícios do darwinismo social ainda reaparecem em discursos ultraliberais ou conservadores, que defendem um laissez-faire total e retratam a desigualdade como algo inevitável ou mesmo desejável.
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Exercícios resolvidos sobre darwinismo social
1. No final do século XIX e início do século XX, a combinação entre as rápidas transformações tecnológicas da Revolução Industrial e o avanço do colonialismo europeu em diferentes partes do mundo criaram um ambiente favorável ao surgimento de teorias que legitimavam a exploração e a dominação de grupos considerados “inferiores”. Com base no exposto, identifique qual característica do darwinismo social contribuiu de maneira decisiva para justificar as ações imperialistas e racistas empreendidas por potências europeias no período mencionado.
A) A defesa de uma educação universal e inclusiva para desenvolver ao máximo as capacidades humanas.
B) A crença de que diferenças sociais são produto apenas das escolhas individuais de cada pessoa.
C) A ideia de que algumas raças e culturas seriam inerentemente mais aptas ao progresso, legitimando o domínio sobre outras.
D) A proposta de combinar métodos científicos com políticas igualitárias para reduzir desigualdades sociais.
E) A afirmação de que toda desigualdade resulta exclusivamente de políticas coloniais e não de fatores biológicos.
Resposta correta: C.
O cerne do darwinismo social é a interpretação de que certos povos, considerados “mais fortes” ou “mais evoluídos”, teriam o direito ou mesmo a obrigação de subjugar aqueles vistos como “atrasados”. Essa ideia sustenta tanto o imperialismo quanto práticas racistas, pois transforma a justificativa de dominação em algo “natural” e supostamente inquestionável, presente na alternativa C.
2. No início do século XX, influenciados pelas ideias de Francis Galton e por interpretações deturpadas da teoria da seleção natural, muitos países passaram a adotar políticas de eugenia, visando “purificar” ou “melhorar” a população por meio do controle reprodutivo. Considerando o contexto histórico da adoção de políticas eugênicas, qual fator foi primordial para que elas fossem apresentadas como soluções válidas, mesmo contendo graves implicações éticas e violando direitos fundamentais?
A) A neutralidade total dos cientistas da época, que se recusavam a influenciar as políticas públicas.
B) O consenso universal entre estudiosos sobre a ineficácia dos argumentos darwinistas na área social.
C) O questionamento constante por parte dos governantes, o que acabou por abolir rapidamente tais políticas.
D) O uso do discurso pseudocientífico para legitimar práticas de controle reprodutivo e exclusão de grupos considerados “inferiores”.
E) A forte regulação internacional, que impediu a difusão das ideias eugênicas no continente europeu.
Resposta correta: D.
O ponto-chave está no modo como teorias deturpadas da seleção natural foram usadas para dar aparência científica a políticas que claramente violavam direitos. A legitimação pseudocientífica e o uso político desses argumentos foram responsáveis por tornar as práticas eugênicas aceitáveis em diversos governos, o que reforça a alternativa D como a correta.
Fontes:
HAWKINS, Mike. Social Darwinism in European and American Thought, 1860–1945: Nature as Model and Nature as Threat. Cambridge: Cambridge University Press, 1997.
BOWLER, Peter J. Darwin Deleted: Imagining a World Without Darwin. Chicago: University of Chicago Press, 2013.
KEVLES, Daniel J. In the Name of Eugenics: Genetics and the Uses of Human Heredity. Cambridge: Harvard University Press, 1985.