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Partilha da África

A partilha da África foi o processo de colonização do continente africano liderado pelas potências europeias. Foi motivada por interesses econômicos, políticos e estratégicos.
Otto Von Bismarck cortando um bolo com o nome “África”, em alusão à partilha da África.
Na charge, Otto Von Bismarck, chanceler alemão, repartindo a África na Conferência de Berlim.[1]

A partilha da África foi um processo que ocorreu entre os séculos XIX e XX, no qual potências europeias colonizaram o continente africano, visando explorar seus recursos e consolidar influência global. Impulsionada por interesses econômicos, políticos e nacionalistas, essa partilha teve suas origens na competição entre as nações europeias por matérias-primas, mercados, prestígio e poder.

A Conferência de Berlim, realizada entre novembro de 1884 e fevereiro de 1885, formalizou esse processo, reunindo representantes de 14 nações europeias para negociar e delimitar áreas de influência na África. Durante essa conferência, fronteiras foram estabelecidas de maneira arbitrária, ignorando as dinâmicas locais e étnicas.

As consequências desse evento histórico incluíram divisões étnicas, exploração econômica desigual, impacto cultural, instabilidade política e uma persistente influência das potências colonizadoras na África pós-independência, gerando disparidades no desenvolvimento e desafios significativos para as nações africanas.

Leia também: Como a África se tornou livre da colonização?

Resumo sobre a partilha da África

  • A partilha da África foi o processo em que potências europeias dividiram e colonizaram o continente africano, entre os séculos XIX e XX, visando explorar recursos e ampliar influência global.
  • Foi motivada por interesses econômicos, políticos e nacionalistas europeus. A busca por matérias-primas, mercados, prestígio e poder levou as potências a competirem pela colonização da África.
  • Na Conferência de Berlim (1884-1885), as potências europeias negociaram e delimitaram áreas de influência no continente africano, ignorando fronteiras étnicas e impondo divisões arbitrárias.
  • A partilha gerou divisões arbitrárias, exploração econômica desigual, impacto cultural, instabilidade política, desenvolvimento desigual e uma persistente influência das potências colonizadoras na África pós-independência

O que foi a partilha da África?

A partilha da África foi um evento histórico no qual as potências europeias decidiram dividir e colonizar diferentes regiões do continente africano, muitas vezes sem levar em consideração as fronteiras étnicas, culturais ou históricas existentes. Esse processo foi motivado por uma combinação de interesses econômicos, políticos e estratégicos das potências europeias da época.

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Causas da partilha da África

Diversos fatores contribuíram para a partilha da África, sendo as causas econômicas, políticas e sociais as mais proeminentes: economicamente, as potências europeias buscavam novas fontes de matérias-primas e mercados para seus produtos manufaturados. O continente africano era rico em recursos naturais, como ouro, diamantes, marfim e borracha, despertando o interesse dessas potências em explorá-los.

Cartaz representado militar francês derrotando exército africano em texto sobre partilha da África.
A conquista do território africano simbolizava poder e superioridade para as nações europeias.[2]

Além disso, a competição entre as nações europeias por prestígio e poder desempenhou um papel crucial. A posse de vastos territórios na África era vista como um sinal de grandeza e influência global. O nacionalismo exacerbado também impulsionou a busca por terras africanas, uma vez que as conquistas coloniais eram vistas como símbolos de poder e superioridade.

Veja também: Guerra do Ópio — conflito motivado pelo imperialismo inglês na China

Como ocorreu a partilha da África?

A partilha efetiva do continente africano foi realizada principalmente durante a Conferência de Berlim, entre novembro de 1884 e fevereiro de 1885. Nessa conferência, as potências europeias se reuniram para negociar e delimitar as áreas de influência e o controle da África.

O método adotado foi o de dividir o continente em linhas imaginárias, muitas vezes ignorando as características étnicas, culturais e linguísticas dos povos africanos. As fronteiras resultantes frequentemente dividiam grupos étnicos, criando países artificiais que não levavam em consideração as dinâmicas sociais e históricas já existentes.

Mapa da África com fronteiras coloniais de 1913, em texto sobre partilha da África.
Mapa atual da África com as fronteiras coloniais existentes por volta de 1913.[3]

Partilha da África na Conferência de Berlim

A Conferência de Berlim foi realizada entre 15 de novembro de 1884 e 26 de fevereiro de 1885. Durante esse período, representantes de 14 potências europeias se reuniram na capital alemã para discutir e negociar as regras e os procedimentos para a colonização e a divisão de territórios na África.

Essa conferência desempenhou um papel crucial na formalização da partilha da África entre as potências colonizadoras da época. O objetivo declarado da conferência era resolver as disputas territoriais na África e estabelecer regras para a ocupação futura. No entanto, a conferência foi marcada por uma atmosfera de competição e conluio, com as potências europeias buscando garantir as melhores porções do continente para si.

Um dos princípios estabelecidos durante a conferência foi o da “ocupação efetiva”, que determinava que uma potência europeia só poderia reivindicar um território na África se estivesse efetivamente ocupando e administrando a região. Esse princípio foi usado para legitimar as reivindicações territoriais, mas, muitas vezes, as potências europeias não estavam interessadas em desenvolver essas áreas ou considerar as necessidades locais.

→ Videoaula sobre a partilha da África na Conferência de Berlim

Quais foram as consequências da partilha da África?

A partilha da África teve uma série de consequências que moldaram o destino do continente e deixaram um impacto duradouro:

  • Tensões e conflitos: as fronteiras estabelecidas durante a partilha da África frequentemente cortaram grupos étnicos, dividindo comunidades e causando tensões que persistem até hoje. Muitos dos conflitos atuais na África têm suas raízes nessas divisões artificiais.
  • Exploração econômica: as potências europeias exploraram os recursos naturais da África para sustentar suas economias em rápido crescimento. Isso resultou na exploração desenfreada e na extração de recursos sem benefícios significativos para as populações locais.
  • Impacto social e cultural: a colonização europeia teve um impacto profundo nas sociedades africanas, resultando na supressão de culturas locais, na imposição de línguas estrangeiras e na disseminação de práticas culturais europeias. Muitas comunidades africanas perderam suas tradições e identidades originais.
  • Instabilidade política: as fronteiras arbitrárias estabelecidas durante a partilha da África levaram a conflitos territoriais e étnicos. Muitos países africanos enfrentaram desafios na formação de identidades nacionais coesas devido à diversidade étnica e cultural forçada por essas fronteiras.
  • Desenvolvimento desigual: a exploração econômica desigual resultou em disparidades significativas de desenvolvimento entre as diferentes regiões da África. Algumas áreas foram mais beneficiadas pela exploração de recursos, enquanto outras foram deixadas em condições de pobreza e subdesenvolvimento.
  • Influência duradoura das potências colonizadoras: mesmo após a independência, muitas nações africanas continuaram a enfrentar a influência política e econômica das antigas potências colonizadoras. Acordos desfavoráveis, dívidas e relações desiguais persistiram, impactando o desenvolvimento sustentável dessas nações.

Saiba mais: Resistência africana e combate ao neocolonialismo

Exercícios resolvidos sobre a partilha da África

1. No final do século XIX, as potências europeias promoveram a partilha da África, um processo que teve repercussões duradouras no continente. Considerando as causas desse fenômeno, assinale a alternativa que melhor expressa a motivação principal que levou as potências europeias a colonizarem a África.

a) Busca por igualdade social.

b) Interesses científicos.

c) Competição por prestígio e poder.

d) Solidariedade internacional.

e) Necessidade de expansão religiosa.

Resposta: letra C

A competição por prestígio e poder entre as nações europeias foi uma das principais causas da partilha da África. A busca por territórios africanos era vista como um sinal de grandeza e influência global, impulsionando as potências a explorarem e colonizarem o continente.

2. A Conferência de Berlim, realizada entre 1884 e 1885, foi um marco na história da colonização africana. Qual foi o princípio estabelecido durante essa conferência que determinava que uma potência europeia só poderia reivindicar um território na África se estivesse efetivamente ocupando e administrando a região?

a) Princípio da igualdade territorial.

b) Princípio da autodeterminação.

c) Princípio da intervenção humanitária.

d) Princípio da ocupação efetiva.

e) Princípio da autonomia local.

Resposta: letra D  

Durante a Conferência de Berlim, foi estabelecido o princípio da “ocupação efetiva”, que determinava que uma potência só poderia reivindicar um território na África se estivesse efetivamente ocupando e administrando a região. Esse princípio foi utilizado para legitimar as reivindicações territoriais das potências europeias durante a partilha da África.

Créditos das imagens

[1] Wikimedia Commons

[2] Wikimedia Commons

[3] Eric Gaba/ Wikimedia Commons

Fontes

BOAHEN, Albert Adu. História geral da África: África sob dominação colonial, 1880-1935, vol. VII. São Paulo: Cortez Editora, 2020.

MACEDO, José Rivair. História da África. São Paulo: Contexto, 2014.

Publicado por Tiago Soares Campos

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