Reino de Benin
Na costa oeste africana, na região onde atualmente se encontram países como Costa do Marfim, Benin, Gana, Togo e Nigéria, alguns reinos poderosos floresceram. Os exemplos mais notáveis são o Reino do Congo e o Reino de Benin. Esses dois reinos desenvolveram-se na região Sudoeste da cidade de Ifé – atual cidade de Lagos, na Nigéria. A cidade de Ifé é considerada a “matriz”, ou a “cidade-mãe”, das civilizações do oeste africano.
O Reino de Benin começou a ser formado entre os séculos XII e XIII. A história de sua formação é articulada por um misto de investigações arqueológicas e narrativas mitopoéticas, haja vista que os mitos fundadores da tradição oral de Benin estão associados aos mitos fundadores da cidade de Ifé. Conta-se que Ifé foi fundada por Odudua, um orixá da criação, a mando do deus supremo, Olorum. Benin, por sua vez, teria sido fundado por Oraniã, orixá das profundezas da Terra, filho de Odudua.
A lenda sobre Oraniã ainda faz referência a um suposto filho que ele teve, Eweka, que teria sido o primeiro rei, ou obá, de Benin. O fato é que o Reino de Benin contou, ao longo de sua trajetória, com poderosos obás. No século XV, um desses obás, Ewuare, promoveu intensas reformas no reino, transformando Benin em uma grandiosa potência subsaariana. Data dessa época o relato do contato de navegantes europeus, sobretudo ibéricos e holandeses, com o Reino de Benin.
Um desses navegantes foi o português João Afonso Aveiro, que partiu de Portugal em 1485 e deparou-se com a efervescência de Benin no ano seguinte. João Afonso, à época, regressou a Portugal acompanhado de um representante do obá de Benin. Esse representante, notavelmente culto, foi um dos promotores da articulação econômica, que se tornou intensa nos séculos seguintes, entre o reino de Benin e a monarquia portuguesa. Os principais produtos comercializados por Benin eram pimenta, marfim, tecidos, peças artísticas feitas em bronze e cobre e, principalmente, escravos.
Portugal foi um dos maiores compradores dos escravos vendidos em Benin, que, por sua vez, importava escravos de outras regiões da África, sobretudo do Norte, que era controlado por muçulmanos, para revendê-los aos europeus. Desse modo, o tráfico negreiro foi uma das atividades mais lucrativas para Benin. A estrutura desse reino só foi desmontada definitivamente no século XIX, quando o processo neocolonialista europeu e a Partilha da África tiveram início.
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