Segundo Triunvirato

O Segundo Triunvirato foi uma aliança estabelecida entre Marco Antônio, Otaviano e Lépido para restaurar a estabilidade em Roma após o assassinato de Júlio César.
“A morte de César”, de Jean Gérôme, evento que marcou o início do Segundo Triunvirato.

O Segundo Triunvirato romano foi uma aliança política formada em 43 a.C. por três líderes: Marco Antônio, Otaviano e Marco Emílio Lépido. Sua principal missão era restaurar a estabilidade após o assassinato de Júlio César e combater seus inimigos políticos.

Previsto na Lex Titia, que legalizou a aliança e concedeu amplos poderes aos membros, fracassou devido a rivalidades pessoais e disputas de poder, como as que levaram à queda de Lépido e a uma guerra civil entre Otaviano e Marco Antônio.

Após a derrota de Marco Antônio e Cleópatra na Batalha de Áccio, o Segundo Triunvirato chegou ao fim, e Otaviano se tornou o primeiro imperador romano, Augusto, marcando a transição da República Romana para o Império Romano.

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Resumo sobre o Segundo Triunvirato

  • O Segundo Triunvirato Romano foi formado em 43 a.C. por Marco Antônio, Otaviano e Lépido.
  • O contexto histórico do Segundo Triunvirato Romano é composto por uma série de eventos turbulentos na história da República Romana, que apontam para o seu declínio, como guerras civis e revoltas.
  • O objetivo principal do Segundo Triunvirato era restaurar a estabilidade do governo romano após o assassinato de Júlio César.
  • Uma das principais motivações para a formação do Segundo Triunvirato foi a busca pela estabilidade política após o assassinato de Júlio César e os anos de guerra civil que se seguiram.
  • Os triúnviros dividiram o controle das províncias romanas de acordo com seus interesses e esferas de influência pessoal.
  • O fim do Segundo Triunvirato Romano aconteceu devido a uma combinação de rivalidades pessoais e disputas de poder entre seus membros, bem como mudanças nas circunstâncias políticas em Roma.

Contexto histórico do Segundo Triunvirato

O contexto histórico do Segundo Triunvirato Romano é composto por uma série de eventos turbulentos na história da República Romana, que apontam para o seu declínio. Dentre os mais importantes, pode-se enumerar:

  • Guerras Civis: o período foi caracterizado por uma série de conflitos internos em Roma, conhecidos como Guerras Civis. Isso incluiu a Guerra Social (91-88 a.C.), que foi uma revolta de aliados italianos em busca de cidadania romana, e a Guerra de Spartacus (73-71 a.C.), liderada por um gladiador escravizado. Além disso, as rivalidades políticas entre facções senatoriais e populares levaram a conflitos como a Guerra Civil de Mário e Sula (88-87 a.C.) e a Revolta de Lépido (78-77 a.C.).
  • Ascensão de Júlio César: Júlio César, um general e político ambicioso, emergiu como uma figura proeminente durante esse período. Ele conquistou a Gália (58-50 a.C.) e usou seu sucesso militar para consolidar poder e apoio político em Roma.
  • Primeiro Triunvirato: para fortalecer sua posição política, Júlio César formou uma aliança informal — com Pompeu, um outro general de destaque, e Crasso, o homem mais rico de Roma —, conhecida como o Primeiro Triunvirato (60 a.C.). Eles trabalharam juntos para promover seus interesses políticos.
  • Ditadura de César: em 49 a.C., Júlio César cruzou o rio Rubicão com seu exército, um ato que violou a lei romana e desencadeou uma guerra civil contra Pompeu, dissolvendo o Primeiro Triunvirato. César emergiu vitorioso e foi nomeado ditador vitalício em 44 a.C.
  • Assassinato de César: a ascensão de César como ditador vitalício despertou a oposição de muitos senadores, que viam sua liderança como uma ameaça à República. Em 44 a.C., Júlio César foi assassinado por um grupo de senadores, desencadeando os eventos que levaram à formação do Segundo Triunvirato.

O que foi o Segundo triunvirato?

O Segundo Triunvirato foi um acordo político formado na Roma Antiga em 43 a.C. após o assassinato de Júlio César. Ele consistia em uma aliança entre três líderes políticos e militares poderosos, que compartilharam o poder para restaurar a estabilidade política e combater seus inimigos. Na prática, cada um dos triúnviros governaria uma região e área administrativa da República Romana.

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Como surgiu o Segundo Triunvirato?

O Segundo Triunvirato surgiu como consequência ao assassinato de César: vários de seus herdeiros e aliados militares reivindicaram suas tropas, terras e, principalmente, seus cargos públicos, sobretudo o de ditador.

Diante dessas tensões, o Senado romano promulgou uma lei chamada Lex Titia em 43 a.C. que autorizou a nomeação dos triúnviros como "três homens para a reorganização do Estado", concedendo-lhes o poder de nomear governadores provinciais, levantar exércitos e tomar medidas excepcionais para perseguir e punir os conspiradores do assassinato de César, bem como outros inimigos políticos. Além disso, a lei concedeu-lhes um período de cinco anos de poder supremo.

Embora a Lex Titia não tenha estabelecido formalmente o Segundo Triunvirato, ela forneceu a base legal para a aliança entre Marco Antônio, Otaviano e Lépido, permitindo-lhes exercer poderes extraordinários em um momento de instabilidade política em Roma. Essa aliança posteriormente levou à formação do Segundo Triunvirato e ao período de governo compartilhado pelos triúnviros.

Lépido representado em uma moeda romana da época.

Quem eram os membros do Segundo Triunvirato?

Os membros do Segundo Triunvirato eram:

  • Marco Antônio: um dos generais de Júlio César e seu amigo próximo. Ficou encarregado das províncias orientais de Roma, o que incluía regiões como o Egito, que era uma das regiões mais ricas e estratégicas do Império. O controle do Egito também lhe deu acesso aos recursos financeiros significativos e à sua competente frota naval.
  • Otaviano: sobrinho adotivo de Júlio César e seu herdeiro designado em testamento. Ficou encarregado de governar as províncias ocidentais de Roma, que incluía áreas como a Gália, Hispânia e partes da África do Norte. Otaviano tinha um forte apoio na Itália e em Roma, o que lhe deu uma base sólida de poder.
  • Marco Emílio Lépido: político e general romano que desempenhou um papel significativo na política romana da época. No entanto, ele era considerado menos influente e carismático em comparação com Marco Antônio e Otaviano. Ficou encarregado inicialmente da província da África, que compreendia partes do Norte da África, incluindo a atual Tunísia. No entanto, sua influência e importância diminuíram ao longo do tempo, e ele acabou sendo marginalizado pelos outros dois triúnviros.
 Otaviano Augusto se tornou o primeiro imperador romano.[1]

Principais características do Segundo Triunvirato

O Segundo Triunvirato Romano foi uma aliança política que se formou em 43 a.C., marcando um período turbulento na história da República Romana. Dentre suas principais características, destacam-se:

  • Triunviri: o Segundo Triunvirato era composto por três membros, conhecidos como triúnviros, que compartilhavam o poder de governar Roma. Os triúnviros eram Marco Antônio, Otaviano (futuro Augusto) e Marco Emílio Lépido. Eles foram nomeados para um mandato de cinco anos com amplos poderes para restaurar a ordem em Roma e perseguir os inimigos políticos.
  • Foco na estabilidade: uma das principais motivações para a formação do Segundo Triunvirato foi a busca pela estabilidade política após o assassinato de Júlio César e os anos de guerra civil que se seguiram. Os triúnviros pretendiam pacificar o Estado romano e reprimir os conspiradores responsáveis pela morte de César.
  • Divisão de poder: os triúnviros dividiram o controle das províncias romanas de acordo com seus interesses e esferas de influência pessoal. Marco Antônio ficou com as províncias orientais, Otaviano com as ocidentais e Lépido inicialmente governou a província africana.
  • Desintegração e ascensão de Augusto: as rivalidades pessoais e disputas de poder entre os triúnviros levaram à desintegração do Segundo Triunvirato. Otaviano emergiu como a figura mais poderosa e, eventualmente, se tornou o primeiro imperador de Roma, Augusto, marcando o fim da República Romana e o início do Império Romano.
  • Impacto histórico: o Segundo Triunvirato desempenhou um papel importante na transição da República Romana para o Império Romano. A ascensão de Augusto como imperador marcou o início do período imperial romano, que durou mais de quatro séculos. O triunvirato também demonstrou como a instabilidade política e as rivalidades pessoais entre líderes poderosos podiam afetar profundamente o curso da história romana.

Como terminou o Segundo Triunvirato?

O fim do Segundo Triunvirato Romano aconteceu devido a uma combinação de rivalidades pessoais e disputas de poder entre seus membros, bem como mudanças nas circunstâncias políticas em Roma. Desde o início, as relações entre Marco Antônio e Otaviano foram tensas: seus objetivos políticos e interesses divergiam, e essa rivalidade se aprofundou ao longo do tempo.

Marco Antônio estava envolvido em um relacionamento com Cleópatra do Egito, o que minou ainda mais sua reputação em Roma e aumentou a suspeita de que ele estava sendo influenciado por interesses estrangeiros. Marco Emílio Lépido, o terceiro membro do Triunvirato, foi efetivamente afastado do poder antes mesmo da guerra civil entre Otaviano e Marco Antônio, o que fez com que sua influência diminuísse rapidamente, e em 36 a.C. ele perdeu definitivamente o cargo de triúnviro.

Nesse contexto, Otaviano solidificou seu poder em Roma: como era sobrinho adotivo de Júlio César, conseguiu consolidar seu poder na Itália e em Roma, tornando-se uma figura dominante na cidade. Ele tinha forte apoio do Senado e de muitas partes da aristocracia romana. Inevitavelmente, ocorreu uma Guerra Civil entre Otaviano e Marco Antônio em 31 a.C.: as forças de Otaviano enfrentaram as de Marco Antônio e Cleópatra na Batalha Naval de Áccio, que resultou na derrota de Marco Antônio e Cleópatra.

Após a derrota em Áccio, Marco Antônio e Cleópatra fugiram para o Egito, onde, em 30 a.C., ambos cometeram suicídio, marcando o fim de sua influência política. Nesse contexto, Otaviano retornou a Roma como o líder supremo e, com o tempo, consolidou seu poder. Em 27 a.C., ele recebeu o título de "Augusto" e se tornou o primeiro imperador de Roma, marcando o início do período imperial romano.

Com a morte de Marco Antônio, a queda de Lépido e a ascensão de Augusto, o Segundo Triunvirato chegou ao fim, dando lugar ao início do Império Romano sob a liderança de Augusto. Isso marcou uma transformação fundamental no sistema político romano, encerrando a República Romana e estabelecendo um regime imperial que duraria por séculos.

Saiba mais: Pax romana — período de relativa estabilidade no Império Romano

Exercícios resolvidos sobre o Segundo Triunvirato

1. Durante o período que antecedeu a formação do Segundo Triunvirato Romano, Roma enfrentou uma série de desafios políticos e conflitos internos. Em meio a essa instabilidade, qual foi o principal objetivo do Segundo Triunvirato?

A) Expandir o Império Romano por meio de conquistas militares.

B) Restaurar a estabilidade política após o assassinato de Júlio César.

C) Impor um governo ditatorial sobre Roma.

D) Enfraquecer o Senado romano.

E) Promover a liberdade de expressão e igualdade.

Resposta: B)

O Segundo Triunvirato foi formado principalmente para restaurar a estabilidade política em Roma após o tumultuado período do assassinato de Júlio César e as guerras civis que se seguiram.

2. No contexto do Segundo Triunvirato Romano, Marco Emílio Lépido desempenhou um papel relevante. No entanto, sua influência declinou ao longo do tempo. O que aconteceu com Lépido durante esse período?

A) Ele se tornou o primeiro imperador romano.

B) Ele permaneceu como líder supremo do Segundo Triunvirato até o fim.

C) Ele liderou uma revolta bem-sucedida contra Otaviano.

D) Ele formou uma aliança com Brutus e Cássio.

E) Ele tentou tomar o controle da província africana, mas perdeu seu cargo.

Resposta: E)

Marco Emílio Lépido perdeu seu poder e influência durante o Segundo Triunvirato depois de tentar assumir o controle da província africana, mas suas ações foram frustradas por Otaviano. Ele foi posteriormente afastado da política romana.

Créditos da imagem

[1] Wikimedia Commons

Fontes

CORASSIM, Maria Luiza. Sociedade e Política na Roma Antiga. São Paulo: Atual, 2021.

FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto 2019.

Publicado por Tiago Soares Campos
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