Primeiro Triunvirato
Primeiro Triunvirato foi um acordo informal feito pelos generais Crasso, Pompeu e Júlio César, em 60 a.C., em Roma, para assumirem o controle político. A combinação garantia a continuidade do expansionismo de cada um, com divisões das penínsulas entre eles.
A aliança começou a ser desfeita com a morte de Crasso, em 54 a.C., e, depois, de Júlia (esposa de Pompeu e filha de Júlio César), pois, com isso, a rivalidade entre os outros dois generais acirrou-se, ao ponto de, em 49 a.C., ocorrer uma guerra civil, da qual Júlio César saiu vitorioso. Na sequência, ele estipulou uma ditadura.
O pacto entre os três generais sempre foi malvisto pelo Senado, que perdeu força durante todo o período do triunvirato, e na ditadura mais ainda. Assim, senadores articularam o assassinato de Júlio César, em 44 a.C., e acabaram, oficialmente, com o Primeiro Triunvirato. Todavia, logo foi organizado, por generais de confiança do ditador, o Segundo Triunvirato.
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Resumo sobre o Primeiro Triunvirato
- O Primeiro Triunvirato foi idealizado por Júlio César e uma aliança informal entre três generais romanos para assumirem o controle político. Eram eles: Crasso, Pompeu e Júlio César.
- Roma estava passando por uma série de rebeliões, entre elas a de escravizados que foi contida por Crasso, um dos homens mais ricos da História.
- Pompeu tinha demonstrado poder no domínio da península Ibérica.
- Júlio César controlava a Gália e já era bastante conhecido e adorado pela população romana.
- Quando os três se uniram, garantiram não só a contenção de revoltas, mas benefícios próprios, principalmente nas expansões territoriais.
- Crasso morreu e, na sequência, Júlia, filha de Júlio César e casada com Pompeu. Essas duas mortes abalam o acordo.
- Júlio César e Pompeu, sem Crasso, deram origem a uma guerra civil, da qual o segundo sai derrotado.
- Júlio César tornou-se um ditador, mas logo foi assassinado pela oligarquia senatorial, dando fim ao Primeiro Triunvirato.
Contexto histórico do Primeiro Triunvirato
Durante a República Romana, os patrícios, que eram oligarcas, ou seja, de famílias ricas e poderosas, concretizaram seu domínio no Senado, o órgão máximo republicano. Lá eles decidiam, apenas entre eles, sobre finanças, administração, guerras e todos e quaisquer assuntos da república.
Nesse tipo de organização, os plebeus ficavam de fora das decisões, e isso foi gerando descontentamento. Ao reagirem, foram concedidos a eles cargos chamados tribunos da plebe, afinal, eram eles que movimentavam a economia romana e participavam do exército. Mesmo com essa conquista, os plebeus continuaram protestando e conseguiram uma série de leis que lhes garantiam, por exemplo, direitos sobre as terras conquistadas ou de se casarem com patrícios.
Enquanto tudo isso acontecia internamente, Roma continuava seu projeto expansionista, chegando à península Itálica e a outros lugares. Essa expansão visava à busca de gêneros alimentícios para consumo e proteção contra povos invasores. Era ela também que mantinha o alto número de escravizados, fundamentais para a economia.
As expansões territoriais romanas geraram consequências sociais, tal como o êxodo rural, pois pequenos camponeses não mais conseguiam permanecer na terra, já que estavam sendo cada vez mais comuns os latifúndios.
As riquezas acumuladas dos territórios conquistados não eram igualmente divididas, assim, surgiram outros grupos sociais, além dos patrícios e plebeus, já conhecidos: camada senatorial (aristocracia), classe equestre (banqueiros e marcadores), clientes (agregados que dependiam dos patrícios), proletários (plebeus miseráveis) e, claro, os escravizados.
A escravidão por dívida tinha sido abolida e, portanto, os escravizados das novas conquistas territoriais eram cada vez mais importantes nos latifúndios e demais serviços para ricos e poderosos. Assim, entre os anos de 73 a.C. e 71 a.C., várias revoltas deles aconteceram. Um de seus principais líderes foi Spartacus.
Era perceptível também a insatisfação de camponeses pobres, por isso, no Senado, por meio dos tribunos da plebe, algumas propostas de redistribuição de terras do Estado foram apresentadas. Entre elas, destacaram-se as dos irmãos Tibério e Caio Graco. O primeiro foi assassinado, dentro do próprio Senado, com mais de 300 apoiadores. Dez anos depois, seu irmão, Caio, foi eleito e propôs a Lei Frumentária, que também objetivava a reforma agrária de Tibério.
Roma estava polarizada. Essa polarização foi muito bem representada nos governos de Mário e Silas. Mário, que defendia a plebe, foi eleito por seis vezes (a partir de 107 a.C.) e fez algumas reformas, porém, com sua morte (86 a.C.), seu opositor, Silas, que defendia a aristocracia, estabeleceu uma breve ditadura, perseguindo os antigos apoiadores de Mário.
Quando Silas abdicou de seu poder, em 79 a.C., Pompeu e Crasso já se destacavam como generais que tinham conseguido reprimir diversas revoltas em territórios romanos. Paralelamente, Júlio César, também militar, ganhava destaque na política, cada vez mais instável. Foi dessa maneira que os três resolvem se unir, objetivando estabilização política.
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Quais eram os objetivos do Primeiro Triunvirato?
O Primeiro Triunvirato foi um acordo informal (porque não houve nenhum registro jurídico dele, mas acontecia na prática) firmado, em 60 a.C., entre Pompeu, Crasso e Júlio César, três generais que resolvem unir forças para conter revoltas e alcançarem estabilidade política em Roma, que vivia uma série de conflitos e revoltas de plebeus e escravizados desde, pelos menos, 73 a.C. com maior veemência. O acordo também os favorecia quanto à expansão de terras e riquezas.
Formação do Primeiro Triunvirato
Júlio César, que já vinha ganhando notoriedade, foi eleito cônsul; Pompeu e Crasso, idem. Apesar de o último não ter tanta influência política, havia reprimido a revolta de escravizados entre 73 a.C. e 71 a.C. Pompeu era conhecido e querido entre os romanos, principalmente por suas conquistas militares. Uniram-se para manter a ordem e dividiram territórios, ou seja, havia também interesses próprios envolvidos no acordo político.
Quem foram os fundadores do Primeiro Triunvirato?
Como vimos, os fundadores do Primeiro Triunvirato foram: Crasso, Pompeu e Júlio César. Vamos, agora, saber um pouco mais sobre cada um deles.
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Crasso
Crasso, como ficou conhecido, era Marco Licínio Crasso, filho de um político e herdeiro de uma das famílias mais ricas de toda Roma. Aliás, foi considerado detentor de uma das maiores fortunas da História, segundo os escritores Irving Wallace e David Wallechinsky, que organizaram a série de publicações Almanaque do Povo.|1| Na época, uma das formas de “medir” o quanto uma pessoa era rica era contando o número de escravos que possuía. Crasso chegou a ter 500! Houve um momento em que sua família chegou a perder toda a riqueza, mas foi ele mesmo quem a reconquistou e ainda a ampliou belicamente.
Ganhou notoriedade política por seus feitos militares quando derrotou Spartacus, líder dos escravos, nas revoltas de 73 a.C. a 71 a.C. Foi eleito, em 60 a.C., junto aos outros dois que formavam o Primeiro Triunvirato. Morreu aos 61 anos, em 54 a.C., durante uma batalha na Pérsia. Seu falecimento desencadeou uma crise na aliança.
Uma curiosidade: já repararam que, frequentemente, fala-se em “erro crasso” para designar um equívoco muito grande? A origem da expressão vem desse Crasso, de Roma, que conseguiu juntar mais de 50 mil homens no exército, mas perdeu batalhas, inclusive a que ocasionou sua morte, por não mais se apoiar nas táticas há muito tempo desenvolvidas pelos romanos. |
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Pompeu
Pompeu ou Cneu Pompeu Magno (seu nome completo) foi um general romano que colecionou vitórias em diversas batalhas, mas as que lhe deram fama e prestígio foram na península Ibérica, onde hoje é a Espanha, nos anos de 76 a.C. a 71 a.C., abafando insurgências populares. Em 60 a.C., com Crasso e Júlio César, formou o Primeiro Triunvirato, e, como parte do acordo, casou-se com a filha de Júlio César, Júlia, que morreu em 54 a.C., mesmo ano da morte de Crasso.
Suas relações com Júlio César sempre foram tensas, rodeadas por vaidades e disputas. Sem Crasso na aliança, essa rivalidade ganhou contornos maiores, e Pompeu chegou a ser proclamado cônsul único, destituindo César, que reagiu, cruzando as fronteiras da Gália para combatê-lo e dando origem a uma guerra civil (49 a.C. e 48 a.C.), da qual Pompeu saiu derrotado. Com isso, refugiou-se no Egito, onde, pouco tempo depois, foi assassinado.
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Júlio César
Júlio César foi o idealizador do Triunvirato. A proposta veio com base na sua percepção de que a população gostava dele, além de que ele tinha acumulado conquistas militares como general. No entanto, precisava de outros elementos para se tornar cônsul. Por isso, chamou Crasso, que era rico, e Pompeu, que tinha domínio bélico em outra região, diferente da que ele tinha maior prestígio: a Gália.
Observando o mapa inicial, percebemos os territórios de cada um e como essa aliança, apesar de curta, foi poderosa e trouxe benesses para os três. Porém ninguém ganhou mais com o Primeiro Triunvirato do que Júlio César.
Com a aliança desfeita, Crasso morto e Pompeu fugido e depois assassinado, César foi para o Egito e decidiu apoiar Cleópatra, que disputava o poder com seu irmão, o faraó Ptolomeu. Sua interferência garantiu o poder a ela, com quem ele teve um envolvimento amoroso. Depois, ainda derrotou inimigos sírios na Ásia Menor.
Quando retornou a Roma, virou um ditador vitalício. Esse seu poderio, no entanto, não durou muito, pois outros oligarcas do Senado, há muito tempo insatisfeitos, não concordaram e organizaram uma conspiração contra ele, assassinando-o em 44 a.C. Terminou, assim, o Primeiro Triunvirato.
Fim do Primeiro Triunvirato
As causas do fim do Primeiro Triunvirato foram:
1) A morte de Crasso, em 44. a.C., um dos generais componentes da aliança e que dominava regiões importantes do projeto expansionista romano, além de ser de uma das famílias mais ricas de Roma.
2) O falecimento, no mesmo ano, também de Júlia, filha de Júlio César e casada com Pompeu.
Essas duas mortes desestabilizam a relação dos dois generais que ficaram: Pompeu e Júlio César, que já tinham rivalidades anteriores, contornadas até então ou pelo terceiro membro do acordo ou pela esposa de um e filha do outro. O resultado disso, como vimos, foi a guerra civil em que se enfrentaram belicamente, com vitória de Júlio César, que, sem Crasso e Pompeu, virou um ditador autodeclarado.
Durante todo o período do acordo entre os três generais, o Senado, que tinha bastante importância antes, como órgão máximo de decisões da República Romana, foi perdendo força. Na ditadura, ainda mais, o que fez com que se iniciasse a conspiração que matou Júlio César. Seguidamente, Marco Antônio, Otávio e Lépido, três de seus generais de confiança, organizaram o Segundo Triunvirato.
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Exercícios resolvidos sobre Primeiro Triunvirato
Questão 1
(UEG) O primeiro Triunvirato foi um sinal inequívoco da crise vivida pela República Romana. Apenas três homens, Pompeu, César e Crasso, acumularam quase todos os títulos e cargos importantes. O fim dessa aliança, marcado pela morte de Crasso, em 53 a.C., representou imediatamente
A) o aumento da rivalidade entre os dois sobreviventes, César e Pompeu, que resultou em uma violenta guerra civil.
B) o enfraquecimento da influência de César, em virtude do fracasso de sua campanha militar na Gália.
C) o assassinato de César por membros da aristocracia romana dentro do próprio Senado.
D) a formação de um novo triunvirato, constituído por Otávio, Marco Antônio e Lépido.
Resolução:
Letra a. Como vimos no texto, o Primeiro Triunvirato teve curta duração, encerrando-se com a morte de Crasso e de Júlia, filha de Júlio César e esposa de Pompeu. Estabeleceu-se, então, uma verdadeira guerra civil entre os dois.
Questão 2
(Osec) Quanto à história de Roma, pode-se considerar que:
a) Roma conheceu apenas dois regimes políticos: a república e o império.
b) na passagem da república para o império, Roma deixou de ser uma democracia e transformou-se numa oligarquia.
c) os irmãos Tibério e Caio Graco foram dois tribunos da plebe que lutaram pela redistribuição das terras do Estado (ager publicus) entre todos os cidadãos romanos.
d) no Império Romano, todos os homens livres — os cidadãos — eram proprietários de terras.
e) no Império Romano, a base da economia era o comércio e a indústria.
Resolução:
Letra c. Tibério e Caio Graco, tribunos da plebe, queriam a redistribuição de terras. A letra “a” está errada, pois Roma também teve monarquia e até breves ditaduras. A letra “b” também se equivoca, pois a oligarquia sempre esteve presente, mesmo na república; eram os patrícios. A letra “d” está errada, pois nem todos os homens livres tinham terra. E a letra “e” também está errada por falar em indústria.
Nota
|1| WALLECHINSKY, David; WALLACE, Irving. Richest People in History. The People's Almanac. 1975.