A rima
Leia o poema abaixo atenciosamente:
Canção
Nunca eu tivera querido
dizer palavra tão louca:
bateu-me o vento na boca,
e depois no teu ouvido.
Levou somente palavra,
deixou ficar o sentido.
(…)
(Cecília Meireles)
É possível notar que os segmentos destacados no poema possuem uma correspondência de sons, ou seja, nos versos 2 e 3, observamos que as últimas vogais tônicas são semelhantes nesses dois versos (louca, boca). Já nos versos 4 e 6, observa-se que, a partir da vogal tônica, há uma igualdade de todos os fonemas (ouvido, sentido). Essa semelhança entre os sons – não de letras – é conhecida como rima.
Além disso, é importante sabermos que as rimas podem ser soantes ou toantes. Vamos analisar a diferença entre elas agora!
a) Rimas soantes – também conhecidas como consoantes ou, simplesmente, consonância, são aquelas que possuem uma completa correspondência de sons:
De longe te hei de amar
– da tranquila distância
em que o amor é saudade
e o desejo, constância.
(Cecília Meireles)
Veja que, nos 2º e 3º versos, a partir da vogal tônica, há uma semelhança completa entre os sons, formando a rima soante.
b) Rimas toantes – também conhecidas como assoantes ou, simplesmente, assonância, são aquelas em que há correspondência de sons apenas da vogal temática, ou das vogais a partir da tônica:
Leito de pedra abaixo
rio menino eu saltava
saltei até encontrar
as terras fêmeas da Mata.
(João Cabral de Melo Neto)
Note que o terceiro e o quarto versos repetem as mesmas vogais, fazendo a correspondência de sons que caracteriza a rima toante.