O que é poema?

Afinal, o que é poema? O poema é uma estrutura textual composta de estrofes, versos e rimas. Ele pode ser narrativo, épico, dramático ou lírico. E não se confunde com a poesia, já que esta é um conteúdo poético marcado pela subjetividade, conotação, ambiguidade e estranheza. Assim, poetas utilizam a estrutura poema para expressar o conteúdo poético, isto é, a poesia.
Leia também: O que é o soneto?
Resumo sobre poema
- O poema é uma estrutura textual formada por estrofes, versos e rimas.
- A estrofe é composta por versos, os quais podem ou não apresentar rimas.
- O poema pode ser narrativo, épico, dramático ou lírico.
- Enquanto o poema é uma estrutura textual, a poesia é um conteúdo poético, ou seja, de caráter plurissignificativo. Uma poesia pode ser escrita na forma de um poema.
Quais as características do poema?
O poema é um texto composto por versos, estrofes e rimas. Os versos regulares apresentam métrica e rimas. Os versos brancos têm métrica, mas não têm rimas. Já os versos livres não apresentam nem métrica nem rimas. As estrofes são compostas de versos e podem ser classificadas como:
- monóstico: um verso;
- dístico: dois versos;
- terceto: três versos;
- quarteto: quatro versos;
- quinteto: cinco versos;
- sexteto: seis versos;
- sétima: sete versos;
- oitava: oito versos;
- novena: nove versos;
- décima: dez versos.
Principais tipos de poema
TIPOS |
||
ÉPICO OU NARRATIVO |
DRAMÁTICO |
LÍRICO |
Narrativa escrita em versos, a epopeia apresenta um personagem heroico (se não apresentar herói, o poema é apenas narrativo) e todos os elementos de textos narrativos, isto é, narrador, personagens, enredo, tempo e espaço. |
Peça teatral escrita em versos, o poema dramático apresenta todos os elementos de textos dramáticos, ou seja, atos, cenas, fala de personagens e rubricas. |
Texto escrito em versos, o poema lírico apresenta a voz de um eu lírico que expressa emoções, ideias, sentimentos ou sensações em prol da plurissignificação. Não tem caráter narrativo nem elementos de uma peça teatral. |
Estrutura do poema
ESTRUTURA DO POEMA |
||
ESTROFE |
VERSOS |
RIMAS |
Cada divisão do poema, composta por versos. |
As linhas do poema, que podem ou não rimar entre si.
|
Correspondência sonora entre dois ou mais versos, a qual ocorre, geralmente, no final dos versos; porém pode ocorrer também entre uma palavra no final de um verso e uma palavra no meio de outro verso. |
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Como fazer um poema?
O poema é uma estrutura textual formada por estrofes, versos e rimas. Portanto, para fazer um poema, é preciso decidir que tipo de estrofe (um ou mais versos) e de versos (regulares, brancos ou livres) você vai usar. Outra decisão importante antes de escrever um poema é determinar qual tipo de poema você vai fazer, isto é, épico, narrativo, dramático ou lírico.
Se for um poema apenas narrativo, você vai contar uma história. Se for épico, sua história precisa ter um herói. Se for dramático, você vai escrever uma peça teatral em versos, ou seja, um texto para ser encenado. Por fim, se for lírico, é preciso expressar emoções ou ideias, com uso de expressões conotativas.
Exemplos de poema
→ Exemplo de poema narrativo e épico
Como exemplo de poema narrativo e épico, vamos ler, a seguir, o canto IX da obra árcade brasileira Caramuru, de Santa Rita Durão:
Da nova Lusitânia o vasto espaço
Ia a povoar Diogo, a quem bisonho
Chama o Brasil, temendo o forte braço,
Horrível filho do trovão medonho:
Quando do abismo por cortar-lhe o passo
Essa fúria saiu, como suponho,
A quem do Inferno o Paganismo aluno,
Dando o império das águas, fez Netuno.
DURÃO, José de Santa Rita. Caramuru. Rio de Janeiro: Fundação Darcy Ribeiro, 2013.
→ Exemplo de poema dramático
Um exemplo de poema dramático é a obra Farsa de Inês Pereira, do dramaturgo português Gil Vicente:
[…]
Vem a Mãe, e não a achando lavrando, diz:
Logo eu adivinhei
Lá na missa onde eu estava,
Como a minha Inês lavrava
A tarefa que lhe eu dei...
Acaba esse travesseiro!
Hui! Nasceu-te algum unheiro?
Ou cuidas que é dia santo?
INÊS
Praza a Deus que algum quebranto
Me tire do cativeiro.
MÃE
Toda tu estás aquela!
Choram-te os filhos por pão?
[...]
VICENTE, Gil. Farsa de Inês Pereira. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000111.pdf.
→ Exemplo de poema lírico
Um exemplo de poema lírico é o texto Antes do nome, da poetisa mineira Adélia Prado:
Não me importa a palavra, esta corriqueira.
Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe,
os sítios escuros onde nasce o “do”, o “aliás”,
o “o”, o “porém” e o “que”, esta incompreensível
muleta que me apoia.
Quem entender a linguagem entende Deus
cujo filho é o Verbo. Morre quem entender.
A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda,
foi inventada para ser calada.
Em momentos de graça, infrequentíssimos,
se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão.
Puro susto e terror.
PRADO, Adélia. Bagagem. 31. ed. Rio de Janeiro: Record, 2011.
Diferenças entre poema e poesia
- Poema: é uma estrutura textual formada por estrofes, versos e rimas.
- Poesia: é o conteúdo literário marcado pela conotação, ambiguidade e estranheza.
Assim, a poesia (conteúdo lírico) pode ser escrita na forma de poema (estrutura textual) e, algumas vezes, em forma de prosa (estrutura textual).
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Exercícios resolvidos sobre poema
Questão 1
(Enem)
O bonde abre a viagem,
No banco ninguém,
Estou só, stou sem.
Depois sobe um homem,
No banco sentou,
Companheiro vou.
O bonde está cheio,
De novo porém
Não sou mais ninguém.
ANDRADE, M. Poesias completas. Belo Horizonte: Itatiaia, 2005.
Em um texto literário, é comum que os recursos poéticos e linguísticos participem do significado do texto, isto é, forma e conteúdo se relacionam significativamente. Com relação ao poema de Mário de Andrade, a correlação entre um recurso formal e um aspecto da significação do texto é
A) a sucessão de orações coordenadas, que remete à sucessão de cenas e emoções sentidas pelo eu lírico ao longo da viagem.
B) a elisão dos verbos, recurso estilístico constante no poema, que acentua o ritmo acelerado da modernidade.
C) o emprego de versos curtos e irregulares em sua métrica, que reproduzem uma viagem de bonde, com suas paradas e retomadas de movimento.
D) a sonoridade do poema, carregada de sons nasais, que representa a tristeza do eu lírico ao longo de toda a viagem.
E) a ausência de rima nos versos, recurso muito utilizado pelos modernistas, que aproxima a linguagem do poema da linguagem cotidiana.
Resolução:
Alternativa A.
O poema de Mário de Andrade é composto por uma sucessão de orações coordenadas. Desse modo, esse aspecto formal está relacionado ao sentido do texto, pois o poema apresenta caráter fragmentário, fazendo um recorte das cenas ocorridas em um bonde e destacando as emoções do eu lírico relacionadas à viagem.
Questão 2
(Enem)
Era uma vez
Um rei leão que não era rei.
Um pato que não fazia quá-quá.
Um cão que não latia.
Um peixe que não nadava.
Um pássaro que não voava.
Um tigre que não comia.
Um gato que não miava.
Um homem que não pensava...
E, enfim, era uma natureza sem nada.
Acabada. Depredada.
Pelo homem que não pensava.
CUNHA, Laura Araújo. In: KOCH, I. V.; ELIAS, V. M. Ler e escrever: estratégias de produção textual. São Paulo: Contexto, 2011.
São as relações entre os elementos e as partes do texto que promovem o desenvolvimento das ideias. No poema, a estratégia linguística que contribui para esse desenvolvimento, estabelecendo a continuidade do texto, é a
A) escolha de palavras de diferentes campos semânticos.
B) negação contundente das ações praticadas pelo homem.
C) intertextualidade com o gênero textual fábula infantil.
D) repetição de estrutura sintática com novas informações.
E) utilização de ponto final entre termos de uma mesma oração.
Resolução:
Alternativa D.
No poema, a continuidade de ideias é obtida pela repetição do artigo indefinido “um” nos oito primeiros versos. Esse recurso sintático consiste na figura de linguagem anáfora, a qual permite que, em cada verso do poema, nova informação seja exposta de forma coesa, coerente e sugestiva.
Fontes
GOLDSTEIN, Norma. Versos, sons, ritmos. 14. ed. São Paulo: Ática, 2006.
GOULART, Audemaro Taranto; SILVA, Oscar Vieira da. Introdução ao estudo da literatura. Belo Horizonte: Lê, 1994.
Ferramentas Brasil Escola




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