Cubismo
O cubismo é o primeiro movimento das vanguardas europeias e surgiu em 1907, com a obra As senhoritas de Avignon, de Pablo Picasso. Assim, esse movimento aconteceu em uma época marcada por inovações tecnológicas, quebra com o pensamento tradicional e tensão política que precedeu a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). É caracterizado pelo geometrismo, pelo antiacademicismo e pela fragmentação.
Na Europa, seus principais artistas são: Pablo Picasso e Georges Braque (na pintura), Pablo Gargallo e Raymond Duchamp-Villon (na escultura), e Ígor Stravinsky (na música). No Brasil, os principais pintores modernistas que aderiram ao cubismo são: Tarsila do Amaral, Ismael Nery, Candido Portinari e Anita Malfatti. Já a literatura conta com os seguintes escritores: o francês Guillaume Apollinaire, o português Mário de Sá-Carneiro, o russo Vladimir Maiakovski, e o brasileiro Oswald de Andrade.
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Contexto histórico do cubismo
O início do século XX foi marcado pela rivalidade entre os países imperialistas da Europa, que disputavam a supremacia e o controle dos territórios explorados, principalmente, na África e na Ásia. Essa disputa acabou desencadeando a Primeira Guerra Mundial. No entanto, foi também nesse século que a humanidade passou a conviver com grandes inovações tecnológicas, como o avião e o telégrafo sem fio. Era o início, portanto, de uma era tecnológica comandada pela velocidade nos meios de comunicação e transporte.
Além disso, o físico Albert Einstein (1879-1955) e o psiquiatra Sigmund Freud (1856-1939) trouxeram novas perspectivas para a ciência e mostraram que tudo pode ser questionado, que não existem certezas. Depois deles, o tempo, o espaço, e a mente humana passaram a ser vistos de outra maneira. Assim, nesse contexto de incertezas, renovação, questionamentos e inovação, surgiu, em 1907, o primeiro movimento de vanguarda, o cubismo, que trazia uma maneira diferente de fazer e ver a arte.
Características do cubismo
O cubismo é o primeiro movimento de vanguarda na Europa e surgiu em 1907, com a tela As senhoritas de Avignon, de Pablo Picasso. A origem do termo “cubismo” vem da figura geométrica cubo. Em 1908, no jornal Gil Blas, o crítico Louis Vauxcelles (1870-1943) referiu-se ao novo estilo como sendo uma realidade construída com cubos. Foi o que bastou para dar nome ao movimento.
São características do cubismo:
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Geometrismo: representação da realidade por meio de figuras geométricas.
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Antitradicionalismo: rompe com os conceitos de harmonia, proporção, beleza e perspectiva.
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Fragmentação das formas e distorção da realidade.
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Oposição à ideia de arte como imitação da natureza.
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Apresentação de relações e formas não acabadas.
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Apresentação de diferentes pontos de vista pelos quais um objeto pode ser observado.
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Quebra radical com a arte acadêmica.
O cubismo pode ser dividido em três fases:
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Cubismo primitivo: planos largos, simples e volumétricos.
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Cubismo analítico: decomposição dos objetos, condensação dos planos e monocromatismo.
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Cubismo sintético: cores e colagens.
Leia mais: Expressionismo – vanguarda que valorizava aspectos irracionais e instintivos
Principais artistas do cubismo
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Pintura
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Pablo Picasso (1881-1973)
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Georges Braque (1882-1963)
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Juan Gris (1887-1927)
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Fernand Léger (1881-1955)
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Robert Delaunay (1885-1941)
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Sonia Delaunay (1885-1979)
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Albert Gleizes (1881-1953)
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Jean Metzinger (1883-1956)
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Roger de la Fresnaye (1885-1925)
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Escultura
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Alexander Archipenko (1887-1964)
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Pablo Gargallo (1881-1934)
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Raymond Duchamp-Villon (1876-1918)
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Jacques Lipchitz (1891-1973)
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Constantin Brancusi (1876-1957)
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Música
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Ígor Stravinsky (1882-1971)
Cubismo na literatura
O poeta francês Guillaume Apollinaire (1880-1918), que, em 1913, lançou o seu manifesto da literatura cubista, é o principal idealizador desse tipo de literatura na Europa. Assim, a poesia cubista, considerada uma precursora do concretismo, é caracterizada pela fragmentação, pelo nonsense, pela instantaneidade, simultaneidade, desintegração do real, e pelo não descritivismo e antissentimentalismo.
Além de Apollinaire, aderiram ao cubismo os poetas europeus Max Jacob (1876-1944), André Salmon (1881-1969), Jean Cocteau (1889-1963) e Mário de Sá-Carneiro (1890-1916), além do russo Vladimir Maiakovski (1893-1930) e do brasileiro Oswald de Andrade (1890-1954), como podemos ver em seu poema “Hípica”:
Hípica
Saltos records
Cavalos da Penha
Correm jóqueis de Higienópolis
Os magnatas
As meninas
E a orquestra toca
Chá
Na sala de cocktails
Veja também: Dadaísmo – vanguarda que privilegiou o nonsense
Cubismo no Brasil
O cubismo, assim como os demais movimentos de vanguarda ocorridos na Europa de início do século XX, foi motivo de inspiração para vários artistas do modernismo brasileiro, que assimilaram as características cubistas em algumas de suas obras. São eles:
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Tarsila do Amaral (1886-1973)
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Ismael Nery (1900-1934)
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Candido Portinari (1903-1962)
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Anita Malfatti (1889-1964)
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Vicente do Rego Monteiro (1899-1970)
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Antonio Gomide (1895-1967)
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Clóvis Graciano (1907-1988)
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Milton Dacosta (1915-1988)
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José Pancetti (1902-1958)
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Antonio Bandeira (1922-1967)
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Luiz Sacilotto (1924-2003)
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Carlos Scliar (1920-2001)
Leia mais: Primeira fase do modernismo: período de muita influência das vanguardas
Exercícios resolvidos
Questão 1 - (Enem)
A obra Les desmoiselles d’Avignon, do pintor espanhol Pablo Picasso, é um dos marcos iniciais do movimento cubista. Essa obra filia-se também ao primitivismo, uma vez que sua composição recorre à manifestação cultural de um determinado grupo étnico, que se caracteriza por
a) produção de máscaras ritualísticas africanas.
b) rituais de fertilidade das comunidades celtas.
c) festas profanas dos povos mediterrâneos.
d) culto à nudez de populações aborígenes.
e) danças ciganas do sul da Espanha.
Resolução
Alternativa A. Nas duas figuras na lateral da pintura, é possível ver, em seus rostos, máscaras ritualísticas africanas — característica da pintura cubista de Pablo Picasso.
Questão 2 - (Enem)
O quadro Les demoiselles d’Avignon (1907), de Pablo Picasso, representa o rompimento com a estética clássica e a revolução da arte no início do século XX. Essa nova tendência caracteriza-se pela
a) pintura de modelos em planos irregulares.
b) mulher como temática central da obra.
c) cena representada por vários modelos.
d) oposição entre tons claros e escuros.
e) nudez explorada como objeto de arte.
Resolução
Alternativa A. É característica do cubismo, como se pode ver na pintura de Pablo Picasso, os planos irregulares, devido à geometrização.
Questão 3 – (Enem) A leitura do poema “Descrição da guerra em Guernica” traz à lembrança o famoso quadro de Picasso.
Entra pela janela
o anjo camponês;
com a terceira luz na mão;
minucioso, habituado
aos interiores de cereal,
aos utensílios que dormem na fuligem;
os seus olhos rurais
não compreendem bem os símbolos
desta colheita: hélices,
motores furiosos;
e estende mais o braço; planta
no ar, como uma árvore
a chama do candeeiro.
[...]
Carlos de Oliveira. In: ANDRADE, Eugénio. Antologia pessoal da poesia portuguesa. Porto: Campo das Letras, 1999.
Uma análise cuidadosa do quadro permite que se identifique as cenas referidas nos trechos do poema.
Podem ser relacionadas ao texto lido as partes:
a) a1, a2, a3
b) f1, e1, d1
c) e1, d1, c1
d) c1, c2, c3
e) e1, e2, e3
Resolução:
Alternativa C. Na parte “e1”, podemos ver uma janela, de onde sai um braço, que se estende pela parte “d1”. Na parte “c1”, vemos sua mão, que parece segurar uma vela, “a terceira luz na mão”. Nessa mesma parte, há uma lâmpada, que pode ser entendida, comparativamente, como “a chama do candeeiro”.
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[1] Bumble Dee / Shutterstock